Cultura
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Por Laís Franklin


Sofrência POP (Foto: Gisele Dias) — Foto: Vogue

Foi depois de passar sete frustrados anos tentando cursar medicina e se apaixonando por músicos que não queriam nada com ela, que Eduarda Bittencourt decidiu abraçar suas dores e se reinventar por meio da música. Pernambucana de 31 anos, radicada no Rio, Duda Beat lançou em abril seu primeiro disco, Sinto Muito, com 11 faixas escritas por ela, que misturam tecnobrega, música latina, trap, dub e reggae.

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A estreia viralizou na internet (ela acumula mais de 5 milhões de streamings no Spotify) e foi tão bem recebida que, além de ter ganhado como artista revelação do ano e de o álbum ter sido listado como um dos 50 melhores de 2018 pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), logo depois do lançamento de seu primeiro hit, “Bédi Beat”, ela foi convidada para abrir o bloco de Carnaval Tarado Ni Você, que homenageia Caetano Veloso e é um dos mais fervidos da capital paulista. Nele, Duda testou cantar suas músicas com uma pegada carnavalesca. Funcionou. A proposta cativou o público e, neste mês, se prepara para uma turnê solo no mesmo estilo, começando por uma apresentação na Casa Natura Musical, em São Paulo, no próximo dia 24. No show, batizado de CarnaBeat, ela pretende remixar hits como “Bixinho” e “Bédi Beat”, em que canta: “E eu vivia à flor da pele, nem percebia que das vezes que eu ria era vontade de chorar/ Visto que você nunca me ligou, mas pergunta por aí como é que eu tô/ De que tipo é o seu amor?”.

Com letras ácidas cantadas com um sotaque carregado e delicioso de ouvir, Duda se mostra romântica, o que a fez ganhar o coração dos millennials, que, assim como ela, não têm se dado tão bem na era dos amores líquidos. Não à toa, ficou conhecida como rainha da sofrência pop – “daquelas que você chora dançando”, explica a cantora poucas horas antes de se apresentar no WME, premiação que destaca mulheres no meio fonográfico – e no qual foi indicada como artista revelação.

Sofrência POP (Foto: Divulgação) — Foto: Vogue

A relação com a música começou aos 12 anos, época em que cantava num coral de igreja e percebeu que tinha talento para a coisa. Mas o dom ficou adormecido até a idade adulta. “Passei muito tempo sendo desrespeitada. Entrei em depressão por isso, cheguei a pesar 45 quilos. Precisei tirar forças de mim mesma e transformar o que eu sentia em alguma coisa concreta”, conta Duda, cujo nome artístico faz referência ao apelido de infância e homenageia o manguebeat, movimento recifense criado por Chico Science, da Nação Zumbi.

A volta por cima veio depois de participar do retiro de silêncio budista Vipassana, em Miguel Pereira, no fim de 2015, em que ficou dez dias meditando, sem falar. Voltou de lá empoderada e decidida a se dedicar à música. Chamou, então, o amigo de infância e produtor musical Tomás Troia para criar os arranjos de suas canções. Feito de maneira totalmente independente, Duda teve que se dividir entre os trabalhos de hostess e ajudante de pintora artística para pagar a produção do álbum. O processo todo durou dois anos, foi também seu tempo de cura e período que começou a namorar Tomás, com quem mora no bairro de Laranjeiras, no Rio. “Brinco que vivi todos os clichês. Quando menos esperava, fui pedida em namoro pelo meu melhor amigo”, conta.

Recém-graduada em ciências políticas pela Unirio e sempre imersa em novos projetos, Duda já é atração confirmada no line-up do Lollapalooza de 2019 e planeja seu segundo álbum para 2020, que terá participação do incensado rapper Baco Exu do Blues. Até lá, vai lançar mais seis singles dançantes como “Chega”, com Mateus Carrilho e Jaloo, faixa que Vogue ouviu e que nos ganhou de cara. Olho nela!

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