Beleza
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Por Vitória Moura Guimarães


Pele simples (Foto: Divulgação) — Foto: Vogue

Houve um tempo em que uma rotina normal de skincare era composta por apenas três passos: limpar, tonificar e hidratar. Mas na última década, graças aos hábitos das sul-coreanas e suas peles de porcelana que viralizaram online, nossos costumes mudaram – o protocolo básico se transformou numa sobreposição sem-fim de produtos, como óleos e espumas de limpeza, máscaras, essências e gadgets.

Antes que bata um leve FOMO (sigla para fear of missing out) por ainda não ter dominado todas as etapas do ritual asiático, relaxe: a nova mania tem a ver com o atual momento do mundo que pede atitudes mais sustentáveis e conscientes. Cresce agora nas redes sociais o movimento #NoBuy, que propõe uma redução do consumo em prol da diminuição do lixo.

Sorte das startups de beleza que andam incomodando grandes conglomerados por colocarem verdade em seus produtos cada vez mais enxutos. É o caso da vegana The Ordinary, cujos best-sellers têm somente um ou dois ingredientes ativos. Assim que a marca canadense passou a fazer parte do catálogo da Sephora americana, no fim de 2017, os cremes (alguns custam menos de US$ 10) sumiram do e-commerce em uma semana.

A Drunk Elephant, outra label cult da vez, também é símbolo deste momento minimalista do skincare. Com a filosofia less is more, a americana baniu das fórmulas óleos essenciais, silicones, filtros químicos, fragrâncias, corantes... Enfim, tudo o que pudesse ser associado às reações adversas mais comuns na pele. “Quanto mais ingredientes incluímos nos nossos rituais, maiores são as chances de sofrermos com alergias”, lembra Tiffany Masterson, fundadora da Drunk Elephant. “A pele tem um limite de absorção e muitas vezes não consegue digerir sobreposições de produtos muito complexas”, completa a empresária e ex-dona de casa, que aos 40 anos começou a fazer seus próprios cosméticos.

Para Tiffany, não interessa o quão extenso é um rótulo, mas sim se todos os compostos escritos ali são diretamente benéficos. “Ingredientes marqueteiros”, aqueles com nomes gigantes e difíceis de serem compreendidos na embalagem, como corantes, aromatizantes, matificantes e silicones devem ser evitados. “Um rosto saudável, que não apresenta doença ou problema particular, pode se manter assim com uma rotina de apenas três passos”, afirma Alessandra Romiti, dermatologista e coordenadora da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

E não são apenas as novas marcas que estão surfando na recente onda minimal da beleza. A Chanel foi pioneira ao lançar, em 2016, o La Solution 10, creme facial com apenas dez ingredientes, desenvolvido em parceria com a top dermatologista nova-iorquina Amy Wechsler.

Se a vontade de simplificar a vida é cada vez maior, tem quem ande radicalizando e eliminando toda e qualquer etapa de cremes e afins. O movimento “skipcare” equivale a um “ jejum na pele”: a prática propõe suspender todos os cosméticos da rotina uma ou mais vezes por semana. “É um modismo que pode até funcionar para algumas pessoas, mas ainda não existem estudos que comprovem o benefício dessa pausa”, diz Alessandra. “Se for para ser minimalista, use apenas filtro solar todos os dias”, finaliza.

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