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Vogue Gente

Um papo com a modelo-ativista Arizona Muse sobre sustentabilidade e vegan beauty no mercado da beleza

Nossa colunista Renata Kalil conta sobre a transição da marca, que acaba de se tornar 100% plant based, e conversa com exclusividade com a top, recém-nomeada Global Advocate for Sustainability da Aveda

audima
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Renata Kalil (@renatakalil)
audima
Acervo Vogue (Foto: Vogue Turquia)

Tive que guardar segredo por um tempinho, mas já posso vir aqui dar essa boa notícia, contar em detalhes sobre a “veganização” da Aveda, marca americana de hair care conhecida por suas fórmulas naturais com performance e engajamento em causas importantes (e muito caras a mim) como a da beleza cruelty-free e da sustentabilidade.

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No fim do ano passado, no evento internacional (100% digital) armado para celebrar a novidade, me animou ver como a Aveda comunicou essa transição. Com a condução da Barbara De Laere, presidente global da marca (e minha companheira de veganismo) e a presença da modelo-ativista Arizona Muse, nomeada Global Advocate for Sustainability da Aveda, mais do que sobre novos produtos ou coleções, se discutiu dieta plant based, ingredientes de origem animal na indústria da beleza e o impacto ambiental das escolhas individuais. Um papo rico, que me fez querer conversar ainda mais com a Barbara e a Arizona e escrever essa coluna.

“Nós sabemos que nos próximos anos e até nos próximos meses, acompanharemos um crescimento exponencial do veganismo”, me disse Barbara. “Aqui nos Estados Unidos, só em 2020, as buscas pelo termo ‘vegan beauty’ cresceram mais de 300% no Google. Não é impressionante?”

“Acredito que da perspectiva da beleza, há uma série de motivos pelos quais as pessoas optam por produtos plant-based. A questão ética pode ser uma delas, os benefícios das fórmulas veganas à saúde e, claro, a sustentabilidade. Mas independentemente disso, quando você escolhe um produto vegan a uma alternativa de origem animal, você está automaticamente dizendo ‘não’ a ingredientes que, na maioria das vezes, vêm de uma indústria como a da carne, que têm um impacto ambiental enorme. 45% da superfície do planeta é usada para a prática da pecuária extensiva, que, hoje também sabemos, é a principal fonte de desmatamento do mundo... os dados são estarrecedores!”

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“Entendo que escolher por produtos veganos é praticamente a maneira mais fácil de contribuir para o meio ambiente”, disse Barbara. “Como marca e como uma comunidade engajada, foi nosso desejo fazer essa escolha e eliminar os, mesmo que poucos, ingredientes de origem animal que usávamos na Aveda, mel, cera de abelha e cera concentrada. Além do impacto ambiental e de poder oferecer alternativas ainda mais sustentáveis ao consumidor, vemos muito valor em jogar luz sobre esse tema!”

Como Embaixadora Global para a Sustentabilidade, Arizona Muse deve atuar justamente nessa frente educando sobre escolhas de consumo consciente e promovendo conversas sobre a questão ambiental em nome da Aveda. “Eu me considero uma vegana dos oceanos”, me contou a modelo e ativista, num papo que tivemos sobre sustentabilidade. “Não acredito em nenhuma forma de pescaria sustentável e infelizmente há consequências seríssimas para vida marinha quando aumentamos o consumo de peixe ao tentarmos parar de comer carne. Eu sou muito sensível às comunidades de pescadores que vivem dessa prática, mas temos que ser conscientes sobre como tratamos os nossos oceanos de maneira geral. Os mares estão subpovoados em 90% em relação a cem anos atrás e isso está diretamente relacionado à atividade humana. É assustador!”, alertou.

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Entre suas práticas de consumo consciente, comprar menos e de marcas verdadeiramente sustentáveis e éticas, especialmente quando se pensa beleza, está entre as principais. “A cultura de usar uma série de produtos e testar diversas fórmulas em vez de pesquisar e trocar informação com quem conhece é muito nociva”, opinou. “Além de comprar menos e conhecer a fundo as marcas que estou consumindo, também sempre leio atentamente os rótulos e composição das fórmulas. Geralmente, listas de ingredientes mais curtas e mais ‘compreensíveis’ são melhores!”

Arizona me contou que começou sua jornada de educação e reflexão em torno da questão ambiental há seis anos, mas foi em 2019, depois de participar de uma manifestação do movimento Extinction Rebellion, em Londres, que passou a se considerar uma ativista, a se chamar assim. “Essa experiência foi transformadora, ali eu entendi como é poderoso nos unirmos a outras pessoas que compartilham de um mesmo valor, nós damos ainda mais voz a uma causa e é importante lembrar que todos nós podemos ser ativistas. Aliás, vivemos um momento em que o mundo precisa que todos nós sejamos ativistas, que a gente se envolva, troque informações, se manifeste!” Eu não poderia concordar mais!

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