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Por Ju Ferraz (@juferraz)


Ju Ferraz (Foto: Leca Novo/Divulgação) — Foto: Vogue

Eu não sou uma superheroína, a dona da autoestima e nem a mulher mais positiva do planeta em relação ao meu corpo. Pelo menos não o tempo inteiro. Tenho altos e baixos, coragens e medos, sucessos e fracassos. Como toda mulher do planeta. E sei, por isso, que às vezes o body positive pode parecer opressor. Esse movimento tão especial e importante tem como objetivo fazer com que as mulheres (e homens também, claro!) se sintam bem com a forma que tem, com o cabelo que tem, com a cor que tem, com a cicatriz ou deficiência que tem. Mas muita gente acaba vendendo o Body Positive como uma obrigação de estar positivo o tempo inteiro. E não tem ninguém no mundo que consiga isso. E o que acontece? A gente se frusta por não conseguir se amar na diferença e aciona os gatilhos que nos levaram até o pedido de socorro.

Por isso que essa coluna é para dizer que está tudo bem não estar tudo bem o tempo inteiro. Nem sempre a gente está feliz e satisfeita com o que vê no espelho. E está tudo bem. Demi Lovato, que tem se tornado uma voz muito importante para as mulheres fora do padrão, recentemente falou sobre isso em uma entrevista de forma muito sincera. "Às vezes eu me olho no espelho penso: 'Não gosto do que vejo’. Eu costumava me olhar no espelho se estava tendo um dia ruim com minha imagem corporal e dizer 'eu amo meu corpo, você é linda e maravilhosa', mas nem sempre eu acreditava. E eu não preciso mentir para mim mesma. Entendi também que tudo o que tenho que dizer é 'sou saudável'. Nessa declaração, expresso gratidão. Sou grata pela minha força e pelas coisas que posso fazer com meu corpo. Estou dizendo que sou saudável e aceito a forma como meu corpo é hoje sem mudar nada", comentou.

Eu, por exemplo, não amo minha barriga flácida e cheia de estrias depois de uma gravidez, engordar, emagrecer e viver num eterno efeito sanfona. Mas aprendi a respeitá-la e ter orgulho do que ela representa. Minha barriga fora do padrão da capa de revista é assim pois gerei dentro dela o maior presente que tenho: o meu filho Matheus. E mais do que isso, cada linha de estria representa uma parte da minha história nessa batalha de aceitação com o que se vê no espelho e essa luta inglória por tanto tempo contra a balança.

Sempre me perguntam - e até me oferecem - sobre fazer plástica na barriga e eu sempre nego. Não quer dizer que eu nunca vou querer. Como disse, somos humanos, imperfeitos e estamos sempre aptos a mudar de ideia, mas hoje, com a consciência que eu tenho, eu não quero quero consertar o que não está estragado e muito menos apagar uma história da qual eu sempre me lembro com muito amor e respeito quando olho para a minha barriga no espelho.

E quero continuar assim. E está tudo bem.

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