As companhias emissoras de papéis de renda fixa como debêntures e certificados de recebíveis imobiliários e agrícolas (CRIs e CRAs) estão vivendo um momento difícil, que combina elevados juros e uma interrogação sobre o futuro das contas do governo, que está pressionando as projeções para a inflação. O risco de crédito aumentou e, ao mesmo tempo, as taxas dos papéis melhores estão mais baixas. Nesse ambiente, grandes gestores de fundos de crédito privado estão mais cautelosos para escolher os títulos.
O ambiente está menos tranquilo para as empresas emissoras de debêntures e outros papéis, afirmou Pierre Jadoul, diretor-executivo e gestor responsável pela estratégia de crédito privado da ARX Investimentos, em um evento da Icatu nesta quarta-feira (3). “A foto não está feia, mas o filme esperado para frente é muito incerto”, disse. “Não é tanto o juro alto que me preocupa, mas as pessoas receosas de investir e consumir dão mais medo quando olhamos para a saúde das empresas”, acrescentou.
A ARX e outras casas com fundos de crédito privado estão tentando se defender nesse ambiente de mais risco e com as taxas dos títulos mais baixas do que antes, com a demanda muito alta por crédito privado em meio aos juros altos. A ARX está evitando alongar muito o prazo dos títulos e está procurando papéis e Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) com menor liquidez para achar melhores remunerações. “Estamos buscamos ser mais criativos”, afirmou Jadoul.
O diretor executivo da gestora está com medo de papéis de setores como o varejo discricionário (ou seja, de produtos não essenciais), sobretudo papéis de empresas com margens muito baixas e endividadas. “O varejo pode ser uma oportunidade, mas vai depender do cenário econômico e, se for confirmado o que está nos preços dos juros e do câmbio, me parece que esse investimento não dará certo”, disse.
Antonio Correa, gestor da carteira de crédito da Icatu Vanguarda, está mais preocupado com as estruturas das dívidas e está enxergando menos oportunidades, com os papéis de melhor qualidade com taxas muito baixas. “Nosso foco está em empresas com menos probabilidade de trazerem problemas”, afirmou. “Temos que escolher as alocações caso a caso”, disse.
Ainda, Correa destacou a necessidade de os analistas de crédito privado serem mais parecidos com os analistas de ações, acompanhando os preços e a relação entre o retorno e o risco dos títulos todo o tempo.
O fluxo de recursos que está vindo para o crédito privado está contribuindo não apenas para diminuir os juros dos papéis, mas também para aumentar os prazos de vencimento e diminuir as garantias, afirmou André Fadul, gestor de fundos de crédito do Safra. “É sedutora uma remuneração adicional com maior prazo, mas com a volatilidade do mercado isso acaba afetando bastante a carteira e virando uma armadilha. Não gostamos dos prazos mais longos com os juros no nível em que estão devido a esse risco”, disse.
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