Carro elétrico x carro a combustão: qual é mais econômico?

O preço de um carro elétrico é consideravelmente maior do que o de um carro a combustão popular. De acordo com a tabela Fipe, o Renault Zoe novo, veículo 100% elétrico, está saindo por cerca de R$ 235 mil e com autonomia de bateria de 385 quilômetros. Para saber se vale o investimento no veículo e o quanto a economia com abastecimento, o Valor Investe levantou pontos e valores para ajudar o comprador na tomada de decisão.

O levantamento feito pela startup GreenV, criada em 2021 e focada em soluções em recargas e mobilidade elétrica, aponta que hoje, no Brasil, existem aproximadamente 1.500 pontos de recargas para carros elétricos em locais privados mas com acesso público, como shoppings, hotéis, restaurantes e empresas.

Com o aplicativo da startup, é possível mapear onde estão estes pontos de recargas para que se planeje uma viagem ou um percurso mais longo que seja necessário recarregar a bateria do veículo.

Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), em 2021 existiam 42.401 postos de combustíveis espalhados pelo Brasil. Quando comparado com o número de pontos de recarga para carros elétricos, a diferença é grande. Mas os valores gastos com abastecimento também devem ser levados em consideração. De acordo com relatório da ANP, em setembro, o valor médio de revenda da gasolina comum em São Paulo (SP) foi de R$ 4,90.

Se o cenário analisado for de um carro a combustão que pode percorrer 9 quilômetros por litro de gasolina comum, e a distância percorrida por mês for de 500 quilômetros, o proprietário deste veículo gastaria mensalmente R$272, 00 com abastecimento para 56 litros - sem levar em consideração os reajustes no valor do combustível. Em um ano, o gasto final chegaria a R$ 3.267,00, apenas com gasolina, sem levar em conta a manutenção, gasto com impostos e com seguro.

Quando o cenário muda para um carro elétrico, nas mesmas condições, onde o veículo consegue percorrer 9 quilômetros por kWh (Quilowatt-hora, unidade que mede potência e consumo de energia elétrica), e o valor da tarifa do kWh em São Paulo por R$ 0,80/kW - segundo Paulo Maisonnave, responsável pela Enel X Way -, o gasto mensal com o carregamento do veículo elétrico é R$ 44. Anualmente, o veículo elétrico em questão, gastaria R$ 533,00.

O tempo que se gasta para abastecer os veículos também é um ponto importante. Enquanto um carro a combustão pode ser abastecido em 5 minutos ou menos, um carro elétrico pode levar, no mínimo, 1 hora para ter a bateria carregada – dependendo do tipo e potência do carregador.

Existe também a possibilidade de instalar um carregador de carro elétrico em residências. Para isso, Junior Miranda, CEO da Green V, explica que é preciso preparar o ambiente para receber a carga, que tem uma série de normas elétricas e de segurança que devem ser consideradas para proteger a casa e o veículo.

“O primeiro passo para fazer essa instalação, é entender a estrutura existente e a estrutura elétrica que falta para começar a instalação. Depois de ajustar os pontos necessários, já é possível implementar um posto de recarga na residência ou condomínio solicitante”, afirma o CEO.

Miranda conta que com R$ 7.900,00 é possível comprar o equipamento de carregamento e fazer a instalação do carregador, deixando o ambiente pronto para recarregar o veículo.

Em alguns estados, como em Pernambuco, os carros elétricos são isentos de IPVA (Imposto sobre a propriedade de veículos automotores). Já no Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe, Distrito Federal, Paraná e Rio Grande do Sul, os carros elétricos e híbridos têm isenção parcial no IPVA. Ainda sem tributação diferenciada para elétricos e híbridos estão: Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, Tocantins, Paraíba, Alagoas, Santa Catarina, Pará, Rondônia, Mato Grosso, Goiás, Bahia e Espírito Santo.

Na opinião de Miranda, a isenção no IPVA acontece justamente para incentivar o uso de carros elétricos e estímulo para a questão da sustentabilidade. “No fim das contas estamos falando de algo que influencia o público e afeta uma cadeia”, pontua.

Quanto ao seguro do veículo, o valor não muda muito. Como exemplo, utilizamos o Renault Zoe, veículo 100% elétrico que custa, em média, R$ 235.812,0, segundo a tabela Fipe.

As cotações de seguro feitas pela Minuto Seguros, uma empresa Creditas, mostram que a média para um homem, morador de São Paulo, com mais de 30 anos, que usa o veículo apenas para trabalho e lazer, fica por volta de R$ 8 mil. Para as mulheres, com as mesmas condições, o seguro sai por R$ 7 mil.

Em comparação a um veículo a combustão, a Minuto Seguros fez a cotação com o Jeep Commander, com o valor médio de R$ 215.697,00. Os valores do seguro giram em torno de R$ 9 mil e R$ 7 mil para homens e mulheres, respectivamente.

Além de pensar nos pontos positivos de veículo elétrico, como autonomia de bateria, economia e sustentabilidade, deve-se pensar na localização dos pontos de recarga e na manutenção desses veículos, relativamente novos, pois as oficinas de manutenção desses automóveis não são tão comuns quanto os consertos em carros a combustão, afinal, o mercado dos elétricos ainda é muito recente no Brasil.