Carteira Valor: Veja as ações mais indicadas para comprar em janeiro

Na passagem de dezembro para a janeiro, houve apenas três novidades na seleção dos papéis mais indicados. Mas as mudanças foram significativas. Enquanto a última lista de 2023 contava com ações como Cyrela e Localiza (que se beneficiam de um ambiente econômico mais favorável, especialmente com a queda dos juros), e Sabesp (que por prestar um serviço recorrente tende a ter menos oscilações), a seleção de janeiro tem Lojas Renner e RaiaDrogasil. A outra novidade no mês é a WEG. A fabricante de máquinas e equipamentos também participa da cadeia produtiva de commodities e, portanto, tende a aderir um comportamento mais conservador.

É bem verdade que companhias ligadas ao consumo, como Renner e RaiaDrogasil, não são exatamente uma novidade na Carteira Valor, que recentemente tem contado com a participação frequente da marca de jóias e acessórios Vivara (que, inclusive, segue na seleção de janeiro). No entanto, a presença de companhias que são voltadas a um público de renda mais baixa, significa que os analistas estão assumindo um pouco mais de risco. Afinal, quando a companhia é voltada para consumidores mais ricos, subentende-se que ela tende a se sair melhor em períodos de crise ou turbulência.

No setor de commodities, a lista de janeiro segue com a participação de Vale, que lidera com 10 indicações, além de Petrobras e Prio, apontadas três vezes cada uma. A companhia de energia Eletrobras também segue na seleção, indicada por quatro casas.

Do setor financeiro, BTG Pactual e Itaú permanecem, com cinco e quatro indicações, respectivamente.

A Carteira Valor subiu 7,25% em dezembro, contra uma alta de 5,38% do Ibovespa. No ano passado, as variações foram de um avanço de 15,16% da Carteira e alta de 22,28% do Ibovespa.

A seleção da Carteira Valor ocorre por meio das 10 ações mais recomendadas pelas corretoras participantes. São sugeridos cinco papéis por instituição, de um total de 19, para a formação do ranking dos ativos mais indicados para o mês.

Se houver empate, prevalecem as ações com maior volume financeiro médio em bolsa nos últimos 90 dias úteis encerrados no fim de cada mês. O rendimento é calculado mensalmente com base na variação média simples dos papéis. Cabe destacar que as indicações não consideram pesos diferentes entre os ativos.

As corretoras que compõem a Carteira Valor são: Ativa, Ágora, BB Investimentos, Banco Inter, CM Capital, Genial, Guide, Mirae, Modalmais, MyCap, Nova Futura, Órama, Pagbank, Planner, Safra, Santander, Terra Investimentos, Warren e XP Investimentos.

Por meio da Carteira Valor, os leitores podem comparar o comportamento das corretoras participantes em diferentes períodos, comparar os resultados da carteira e do Ibovespa em tempo real, além de filtrar e classificar as instituições financeiras por desempenho.

A Órama destaca que a Vale é a maior produtora mundial de minério de ferro, com vendas acima dos 300 milhões de toneladas anuais. Segundo a corretora, a alta qualidade do minério, aliada às economias de escala que a empresa tem devido ao seu grande volume produzido, a tornam muito competitiva internacionalmente.

Embora destaquem que o preço do minério tem declinado, os analistas afirmam que a commodity vem se mantendo acima da média histórica e que a expectativa é de manutenção neste patamar.

“Isso assegura um preço ainda muito bom para a Vale, que terá ampla geração de caixa e capacidade de pagamento de proventos”, afirma a corretora em nota.

Por fim, a Órama também destacou o robusto pagamento de dividendos semestrais da empresa, que “é um grande atrativo e uma forma de balancear a carteira de investimentos com uma empresa bastante sólida”.

Segundo a Ágora, diferentemente de outros bancos que são mais expostos ao segmento bancário propriamente dito, o BTG Pactual reportou resultados fortes ao longo de todo o ano, especialmente após o “forte desempenho em termos de captação líquida, tanto para os negócios de gestão de ativos quanto de patrimônio”.

A Ágora ainda afirma acreditar que ainda há espaço para o BTG continuar aproveitando o atual cenário de juros menores, especialmente levando-se em consideração que o aperto monetário ainda não chegou ao fim. Os analistas também destacam a liderança do banco em atividades do mercado de capitais, que devem ser retomadas com a volta dos IPOs em 2024.

Os analistas da Ágora reforçam que a Vivara é “líder no varejo especializado em joias e relógios no Brasil”, e tem um posicionamento “democrático” por meio de seu portfólio de cinco marcas, “aliando alta qualidade e design moderno, que também permite captar oportunidades nos mais diversos momentos da vida dos consumidores”. A casa afirma, por exemplo, que as marcas “Vivara” (voltada a consumidores mais velhos e com maior poder de compra) e “Life” (criada como uma “porta de entrada”, visando um público mais jovem) permitem que a empresa capte públicos diferentes.

A corretora também destaca a rápida expansão da empresa, que abriu 150 unidades de lojas desde sua estreia na bolsa, em 2019.

Os analistas afirmam acreditar que “a boa dinâmica de curto prazo continuará a sustentar suas ações”. Já pensando no longo prazo, enquanto, os analistas apontam que o crescimento robusto da receita e as perspectivas de lucros mais fortes e “menos vulneráveis” tornam o papel atrativo.

Os analistas da Órama destacam que o Itaú é um dos maiores bancos do Brasil e da América Latina e tem objetivos bem delineados e audaciosos, como atuar em todas as atividades bancárias autorizadas e fidelizar clientes por meio não só do relacionamento com a companhia mas também com outras empresas.

A corretora também destaca os investimentos do banco em plataformas digitais, que o mantém ainda mais competitivo diante de seus pares.

Segundo o Pagbank, o banco “seguiu apresentando bons resultados no terceiro trimestre de 2023” e para os trimestres seguintes é esperado que o banco se aproveite do cenário de redução da Selic e a continuidade do processo de melhora dos níveis de inadimplência no sistema financeiro.

Os analistas da MyCap afirmam que as ações da companhia continuam “descontadas” (jargão do mercado para quando o preço do ativo está abaixo do que o que seria considerado justo e, por isso, tem potencial de valorização) e, por isso, ela é considerada uma boa escolha.

Os analistas ainda afirmam que a empresa se beneficia de sua atuação em diferentes frentes dentro do setor elétrico, como geração e transmissão de energia no país, o que a torna resiliente em momentos de elevada volatilidade no mercado.

“A companhia apresenta, ainda, elevada liquidez e previsibilidade na receita, com contratos de longo prazo e por oferecer serviços essenciais”, completa o time de análises da casa.

Segundo os analistas da Ágora, a Petrobras “vem de resultados consistentes nos últimos trimestres e as expectativas apontam para mais um ano de números sólidos em 2024”. Segundo a corretora, esse cenário pode fazer com que a empresa siga distribuindo dividendos elevados, o que deve continuar atraindo investidores.

“Recentemente, a Petrobras divulgou seu Plano Estratégico de 2024 a 2028, que acreditamos não ter trazido grandes surpresas, reforçando nossa visão de que há uma grande probabilidade de a empresa anunciar cerca de US$ 5 bilhões em dividendos complementares para 2023, a serem pagos em 2024”, afirma a casa em nota. A Ágora ainda afirma que “há muito espaço para fusões e aquisições e dividendos complementares em 2024”. 

Segundo os analistas da Pagbank, a Prio é “uma das maiores empresas privadas no segmento de exploração de petróleo listadas na bolsa”. A corretora afirma que a companhia tem baixo custo de extração, o que a ajuda a passar por momentos de grande volatilidade no preço do barril de petróleo de forma resiliente.

“Para os próximos trimestres, esperamos aumentos nos níveis de eficiência para o campo petrolífero de Albacora Leste, e boas notícias sobre o desenvolvimento do campo de Wahoo (como as licenças ambientais do Ibama). Ainda estamos bastante confiantes em que a empresa possa continuar reduzindo o seu custo de produção”, afirmam os analistas da corretora em nota.

Segundo os analistas da Ativa, a RaiaDrogasil se apresenta como uma empresa resiliente, que vem entrando bons resultados trimestrais e em linha com as expectativas dos analistas da casa.

O time da Ativa também destaca os investimentos em digitalização da companhia, que podem se refletir positivamente em seus resultados e, consequentemente, em suas ações.

Régis Chinchila, da Terra Investimentos, destaca que a empresa “vende peças de vestuário de qualidade sob mais de 10 diferentes marcas” e que cerca de 90% de suas lojas encontram-se em shoppings centers, o que faz com que a “companhia consiga atingir públicos de diferentes idades e famílias”. Para ele, os preços das ações da empresa estão atrativos e a empresa está bem posicionada para se aproveitar de uma recuperação econômica mais intensa.

“Acreditamos que a empresa opera em múltiplos financeiros atrativos e deve se beneficiar de um cenário de recuperação da economia com uma demanda reprimida”, afirma.

Caue Pinheiro, analista do Safra, ainda destaca que a esperada continuidade na queda de juros deve contribuir para uma melhora no ambiente de consumo, o que faz com que a Renner seja uma das beneficiadas.

“A expectativa é que os resultados do quarto trimestre podem mostrar alguma evolução positiva, trimestre que também deveria ser beneficiado por uma base de comparação mais fácil, uma vez que em 2023 a Copa afetou as vendas no setor”, conclui.

O time da MyCap destaca que além da companhia atender a uma grande gama de segmentos (como infraestrutura, siderurgia, papel e celulose, petróleo e gás e mineração) ela também desenvolve soluções para atender às necessidades voltadas à eficiência energética, energias renováveis e mobilidade elétrica. Os analistas afirmam que a empresa possui operações industriais em 12 países e presença comercial em mais de 135 países, o que eleva a atratividade de suas ações por diminuir riscos específicos regionais e de câmbio.

“Por fim, ressaltamos o crescimento da demanda dos produtos industriais, com destaque para os segmentos de mineração, óleo e gás, água e saneamento, setor agro, garantindo exposição cambial à carteira, uma vez que parte de sua receita é dolarizada”, afirmam os analistas.