Numa semana de perdas, sobretudo humanas, sem precedentes no Rio Grande do Sul, o mercado também sentiu. Na bolsa, o Banrisul, estatal gaúcha do setor bancário, concentrou boa parte do efeito das incertezas econômicas trazidas pelas enchentes - embora não seja a única companhia do setor a ser exposta: ABC Brasil, Banco do Brasil, BTG Pactual, Santander Brasil, Nubank, XP e Itaú também entraram no radar de preocupações.
As ações do banco caíram 11,38% no acumulado da semana. Nesta sexta-feira (10), os papéis recuaram 0,45%, cotados a R$ 11,14. A queda semanal da ação é maior do que o esperado, na avaliação de Aislan Tito, economista e sócio da Ipê Avaliações.
"A empresa vinha apresentando resiliência com resultados financeiros sólidos e uma gestão eficiente. No entanto, as enchentes no RS apresentam um cenário de incerteza", diz.
Outras instituições financeiras também estão expostas à tragédia do Rio Grande do Sul: ABC Brasil, Banco do Brasil, BTG Pactual, Santander Brasil, Nubank, XP e Itaú. O Bradesco BBI prevê que o lucro do ABC pode ser reduzido em 3,8%; o do BB, em 2,6%; o do Santander, em 1,9%; o do Itaú, em 1,4%; e o do BTG, em 0,4%. Já a EQI Rearch pondera que nenhum dos principais bancos – Itaú, BB, Bradesco e Santander - deve ser materialmente impactado pela tragédia, uma vez que não tem exposição concentrada no estado, principalmente em termos de carteira de crédito para pessoas físicas e pequenas e médias empresas (PME).
É por isso que é sobre o Banrisul que se centram as atenções dos investidores, dada a grande atuação em diferentes frentes econômicas do Estado.
Com o agravamento da tragédia - 437 municípios gaúchos foram afetados até agora -, um dos fatores que entrou na conta dos investidores foi uma eventual desaceleração econômica na região. O Bradesco estima uma perda de 4 pontos percentuais, de acordo com estudos preliminares. O cenário leva em consideração as regiões atingidas, os pesos dos setores e a experiência em outras situações, como o ciclone de 2008 e a pandemia. A Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS) projetava crescimento do PIB gaúcho de 4,7% em 2024.
A potencial inadimplência, apontada em relatórios do Bank of America (BofA) e do Bradesco BBI, também pesou contra os papéis do banco estatal gaúcho.
O presidente do Banrisul, Fernando Lemos, afirmou ao Valor que a administração do banco passou três dias avaliando a carteira de crédito a fundo e que esse processo, já concluído, mostrou que não existem grandes riscos em função das chuvas que atingem o Estado.
Segundo ele, em pessoa física a carteira é muito vinculada ao funcionalismo público (municipal, estadual e federal), que não deve sofrer com perda de renda. Já no agronegócio, Lemos diz que 75% dos clientes já tinham colhido a safra de soja e que a de arroz já estava quase concluída. Assim, as perdas de safra devem ser pequenas e os preços estão bons para os produtores.
O estágio avançado da colheita da safra também pode ser considerado um ponto positivo para “proteger” as seguradoras com maiores exposição ao Estado.
O BofA estima que as BB Seguridade, Caixa Seguridade, Bradesco Seguros e Porto Seguro tem entre 5% a 9% dos prêmios emitidos no Rio Grande do Sul, diz o BofA. “A diversificação de produtos provavelmente reduz a exposição real aos desastres no Rio Grande do Sul para menos de 3% do total de prêmios, considerando apenas linhas com potencial impacto", acrescentam.
Neste cenário, as ações das seguradoras não foram tão penalizadas quanto os bancos. BB Seguridade fechou a semana com alta de 0,88%, e Caixa Seguridade em queda de 2,19% - ambas divulgaram seus resultados trimestrais na semana -; Bradesco (dono da Bradesco Seguros) e Porto (ex-Porto Seguro), com baixa semanal de 2,98% e 4,71%, respectivamente.
Outro “alento”, do ponto de vista do mercado, é a linha de crédito especial anunciada pelo Governo Federal para o RS. Até agora, foram confirmados aproximadamente R$ 50 bilhões em recursos. Essa medida deve ajudar a aliviar a pressão sobre as ações do Banrisul, na avaliação de Tito, da Ipê Avaliações.
“A situação pode representar uma oportunidade de investimento a longo prazo por conta da linha de crédito especial que pretende impulsionar a recuperação da região via R$ 2,5 bi para subvenção de crédito, sendo R$ 1 bi para garantias para Pronampe. O Banrisul é a oitava instituição financeira que mais emprestam via Pronampe”.
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