Enfim as varejistas alcançaram seu dia de glória. Não foi em 2023, quando a Selic começou a cair, também não tiveram folga no começo de 2024 até aqui, por conta de incertezas que puseram em xeque nível a descida da taxa básica de juros aos 9% ao ano. Mas a sexta (19) se provou um novo dia, e os papéis do setor encontram espaço para subir diante do viés baixista na curva de futuros de juros (DI).
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Petz avançou colossais 37%, entre idas e vindas de leilões, e fechou a R$ 4,80. Mas esta é uma outra história. Sob o efeito puramente da melhora no ambiente macroeconômico, com o alívio na curva de juros, os destaques do varejo no pregão de hoje foram:
- Alpargatas, que subiu 5,88% e fechou cotada a R$ 9;
- Grupo Pão de Açúcar (GPA) subiu 4,66%, a R$ 2,47;
- Magazine Luiza, que teve alta de 2,67%, a R$ 1,54;
- Lojas Renner em seguida entre os papéis do varejo, avançou 1,56%, a R$ 15,65;
- Carrefour Brasil perdeu tração durante a tarde e encerrou o dia em alta módica de 0,71%, a R$ 11,35; e
- Por fim, Grupo Casas Bahia desacelerou durante o dia e fechou com ganho tímido de 0,32%, a R$ 6,22.
CVC fechou à frente, com alta de 6,67%, a R$ 1,92, mas pelos mesmos motivos que as varejistas. Uma perspectiva de juros não tão onerosos ao consumo no mercado doméstico favorece essas empresas, cujos negócios (e receitas) estão intrinsicamente ligados à capacidade do brasileiro de consumir.
Além disso, muitas varejistas têm financeiras, operação por meio da qual financiam compras de seus clientes. Com juros mais baixos, os empréstimos voltam a se tornar atraentes para "carrinhos" maiores, quer dizer, de tíquete mais elevado.
Então as varejistas ganham duplamente: no serviço das dívidas e com a margem de lucro maior nesses itens mais caros, casos de eletrônicos e eletrodomésticos.
Os juros futuros tiveram queda expressiva no dia, apoiando esses papéis sensíveis às taxas. Toda a estrutura a termo da curva (quer dizer, futuros de curto, médio e longo prazo) devolveu parcialmente os ajustes altistas acumulados ao longo da semana, que foi marcada pelo anúncio do governo sobre a mudança da meta fiscal para 2025, trocando a projeção de superávit nas contas públicas por déficit zero.
A notícia não agradou o mercado, que aumentou a percepção de risco de um "governo gastão", o que desancorou as expectativas para os juros. Nos últimos dois dias, declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre a queda da Selic mexeu com a curva de juros.
Nesta sexta-feira, os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos também operaram em queda, enquanto agentes locais reavaliaram a trajetória da política monetária no Brasil.
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