Eletrobras (ELET3;ELET6) aprova recompra de até 10% das ações; veja recomendações

Noticiário recente sinaliza que um acordo entre a companhia e a União para encerrar a disputa sobre o poder de participação do governo na empresa pode estar se aproximando, e isso motivou analistas a revisarem preços-alvos para os papéis

Por Ana Beatriz Bartolo e Felipe Laurence, Valor Investe — São Paulo


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O conselho de administração da Eletrobras aprovou a criação de um programa de recompra de ações, com o objetivo de adquirir até 10% do total de ações em circulação, o equivalente a 197,7 milhões de ações ordinárias e 26,9 milhões de ações preferenciais do tipo B.

O programa terá um prazo de validade de 18 meses.

Análises para Eletrobras

Nesta sexta (5), analistas vêm indicando perspectivas otimistas para a companhia pelo possível fim da disputa travada entre a companhia e a União.

De acordo com o Bradesco BBI, o noticiário recente parece indicar que um acordo entre Eletrobras e União para encerrar a disputa sobre o poder de participação do governo na empresa pode estar próximo.

Os analistas Francisco Navarrete, João Fagundes e Andre Silveira, do Bradesco BBI, escrevem que o Ministério de Minas e Energia publicou regras para a securitização dos recebíveis da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).

Para eles, o pagamento dos CDEs pela Eletrobras seria parte importante do acordo e a publicação das regras indica que as negociações na mediação devem estar avançando de forma satisfatória.

A equipe de analistas do Itaú BBA aponta que as regras dão ao governo alternativas para avançar em um acordo com a Eletrobras de forma a ter o menor desconto possível.

Os analistas do Itaú BBA liderados por Marcelo Sá escrevem que a Eletrobras tem cerca de R$ 30 bilhões de CDEs e já deve ter oferecido ao governo um valor com desconto nas negociações, mas a União provavelmente irá a mercado ver se o valor é justo ou não.

Eles acreditam que a chance de um acordo entre Eletrobras e União é elevada, com a entrega de vagas no conselho e a securitização antecipada dos CDEs em troca da manutenção do limite de poder de voto de 10% por acionista.

Os analistas do Bradesco BBI ainda consideram que o fim dessa questão retira um ponto de pressão importante das ações da Eletrobras, embora ainda dependa dos termos do acordo, como se o governo ganhará assentos no conselho da companhia.

O Bradesco BBI e o Itaú BBA têm recomendação de compra para Eletrobras, com preços-alvos, respectivamente, em R$ 59 para as ações preferenciais classe B e em R$ 59,60 para as ações ordinárias.

Já para o Bank of America (BofA), a falta de atualizações concretas sobre os acordos entre o governo e a Eletrobras, especialmente sobre o fundo da CDE contribuem para a visão negativa sobre a empresa, apesar de representar uma redução do risco político.

Nesse embalo, o banco americano atualizou as recomendações para a Eletrobras, considerando a melhora nos fundamentos e redução do risco político. Mantendo a indicação de compra, o banco aumentou o preço-alvo das ações preferenciais da companhia, de R$ 66 para R$ 69, mas reduziu o das ações ordinárias, de R$ 59 para R$ 57.

As projeções de lucro por ação (LPA) também foram atualizadas, com a previsão para 2024 caindo de R$ 2,51 para R$ 1,75. Para 2025, a estimativa passou de R$ 2,04 para R$ 0,84, e, para 2026, diminuiu de R$ 2,82 para R$ 1,40.

Parte desse viés negativo é atribuído aos preços de energia registrados, que já subiram 25% desde o começo ano, mas ainda não estão se refletindo nas ações da Eletrobras, explica o BofA.

Outro fator que interfere no preço da companhia é a existência de potenciais compradores marginais, devido ao posicionamento elevado no início do ano.

Por outro lado, os fundamentos da Eletrobras se beneficiam da recente revisão regulatória para a transmissão de energia, assim como da venda de ativos por valor atrativos e que ajudam na redução de risco.

Para o BofA, a exposição no portfólio dos investidores à Eletrobras deve ser reavaliada à medida que houver mais evidências de que preços futuros mais elevados poderão se traduzir em geração de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e novos contratos, o que o banco espera que aconteça entre o segundo e o quarto trimestre de 2024.

Com informações do Valor PRO, serviço de tempo real do Valor Econômico.

Eletrobras — Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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