Mudanças climáticas
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Por — Para o Valor, de São Paulo


A Biolements tem parceria com laboratório da UFRJ para o desenvolvimento de bioprodutos, diz Adriana Giacomin — Foto: Divulgação
A Biolements tem parceria com laboratório da UFRJ para o desenvolvimento de bioprodutos, diz Adriana Giacomin — Foto: Divulgação

De florestas a bioprodutos, energia limpa e saneamento, startups estão entre os atores que desenvolvem soluções para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, e o Brasil ganha destaque com empresas nativas, atração de estrangeiras e presença no mercado internacional.

Entre as energytechs (startups de energia), um exemplo é a Nextron, que criou um marketplace para conectar geradores de energia renovável com consumidores. A empresa atraiu mais de cem usinas, com simplificações como o modelo de conta única, diz o CEO Ivo Pitanguy. A companhia captou R$ 11 milhões em 2022, outros R$ 26 milhões em 2023 e mais igual valor em 2024, com meta de alcançar 50 mil clientes até dezembro.

No ramo de florestas, a Umgrauemeio nasceu em 2017 para detectar incêndios florestais por meio de câmeras inteligentes em torres de monitoramento. A empresa é capaz de localizar um sinal de fumaça em um raio de 20 km em 3 segundos. Hoje sua plataforma Pantera atua desde a prevenção de focos até a gestão de brigadas e mensuração dos resultados, descreve o cofundador Rogério Cavalcanti. O sistema conta com cerca de 140 câmeras, monitora 17,5 milhões de hectares em 20 Estados e tem clientes como Suzano e Bunge. Em março, comemorou sua primeira captação, R$ 18,7 milhões de investidores como a Baraúna Investimentos.

Já a Agroforestry, fundada em 2021, atua com agroflorestas e mercado de carbono. “A meta é conectar empresas que desejam compensar emissões com pequenos agricultores”, afirma o fundador Gabriel Neto. Em 2021 a Regenera investiu R$ 300 mil na iniciativa, em troca de 15% de participação na startup, que só no ano passado plantou mais de 350 mil árvores - a maior parte delas na Amazônia.

A francesa Morfo trouxe ao Brasil em 2023 sua tecnologia de restauração de florestas tropicais baseada em uso de drones, inteligência artificial e encapsulamento de sementes, capaz de distribuir até 180 sementes por minuto e plantar até 50 hectares por dia, inclusive em áreas de difícil acesso, explica o CEO, Adrian Pages. As iniciativas incluem restauro de terras esgotadas em propriedades privadas visando a entrada no mercado de crédito de carbono e reabilitação ambiental em mineração no Pará.

Outra francesa em atuação no país, a NetZero produz o condicionador de solo Biochar derivado de resíduos da cafeicultura. A startup chegou aqui em 2023, tem uma planta em operação, inaugura a segunda em maio e iniciou a terceira em parceria com a Eisa, empresa do grupo global de trading Ecom, conta o cofundador e diretor geral da NetZero, Olivier Reinaud. Em 2021 a NetZero recebeu € 12 milhões de empresas como Stellantis e L’Oreal e, este ano, captou € 18 milhões com o fundo francês de impacto STOA.

A substituição do plástico também atrai startups de fora. Uma delas é a argentina GrowPack, cuja tecnologia baseada nos polímeros naturais lignina e celulose permite que agricultores transformem biomassa (casca de milho) excedente em embalagens sustentáveis, explica o CEO e cofundador, Exequiel Bunge. A empresa, criada em 2018, chegou ao Brasil em 2021, atende marcas como IFood e Ambev e recebeu este ano aporte de US$ 2,2 milhões de fundos como os corporativos Oxygea (Braskem) e Irani Ventures (Irani).

A chilena Bioelements, por sua vez, produz bioprodutos biodegradáveis e no Brasil, segundo a country manager, Adriana Giacomin, mantém parceria com o Laboratório BioInovar, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, para teste, aprimoramento e desenvolvimento de soluções. A empresa recebeu em 2023 investimento de private equity do BTG Pactual de US$ 30 milhões.

A pecuária também está em foco. A Danone do Brasil criou o programa de inovação aberta Fermenta Impacto+ e selecionou cinco startups, entre elas a HY Sustentável, cujo biodigestor baseado em esterco pode ajudar a companhia a atingir meta de reduzir em 30% as emissões de metano do leite fresco até 2030, segundo a gerente de sustentabilidade, Taísa Costa.

É do setor que vem a startup brasileira mais globalizada, a BovControl , com sede nos Estados Unidos. Seu primeiro produto para o agro foi o monitoramento de gado para pecuaristas. Depois do monitoramento de cadeia de suprimentos para grandes indústrias, criou um meio para valorizar a capacidade de sequestro de carbono pelo capim. “Das 150 mil fazendas ativas, 27% já estão envolvidas em serviços ambientais, com receita extra de até 30%”, diz o CEO, Danilo Leão. A iniciativa gerou a empresa irmã BovChain, com plataforma baseada em tecnologia blockchain.

A americana Brimstone, selecionada em março para receber US$ 189 milhões do Departamento de Energia do governo dos Estados Unidos para seu sistema de descarbonização de cimento, colocou indiretamente o Brasil em destaque global graças a seu vice-presidente de ciência de materiais e tecnologia, o brasileiro Marcelo de Olliveira, apontado como um dos cem líderes mais influentes do clima em empresas pela revista “Time”.

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