Agronegócio
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Por — Para o Valor, de São Paulo


Selos estimulam boas práticas, conformidade socioambiental, rastreabilidade e carne de melhor qualidade — Foto: Junior Silgueiro/GComMT
Selos estimulam boas práticas, conformidade socioambiental, rastreabilidade e carne de melhor qualidade — Foto: Junior Silgueiro/GComMT

Com posições de maior rebanho do mundo e maior produtor de carne, o Brasil precisa avançar na sustentabilidade da pecuária. Um estudo da Embrapa revela que dos 177 milhões de hectares de pastagens do país, 40% têm médio vigor vegetativo e sinais de degradação e 20% possuem degradação severa. Somado a isso, há pressão global para a redução de gases do efeito estufa - e o metano liberado pelos bovinos é a principal fonte de emissões da pecuária. Por outro lado, já são 17,5 milhões de hectares com sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), lavoura-pecuária (ILP) ou pecuária-floresta (IPF), promovendo recuperação de pastagens e produtividade, pois melhora o bem-estar animal em decorrência do conforto térmico.

O país tem reunido iniciativas e tecnologias para aumentar a eficiência e reduzir impacto ambiental. Entre suas ações, a Embrapa disponibiliza, desde 2015, o selo Carne Carbono Neutro (CCN), que visa atestar, via certificadora independente, carne bovina com emissões neutralizadas por sistemas silvipastoril (pecuária-floresta) ou agrossilvipastoril (lavoura-pecuária-floresta). Até o momento, na indústria, somente a Marfrig tem o selo, na linha Viva de produtos com atributos sustentáveis.

Além disso, a Embrapa desenvolveu o protocolo do selo Carne Baixo Carbono (CBC), que será oferecido ao mercado no segundo semestre. A diferença é que esse não inclui o componente florestal. “Acreditamos que a adesão será mais rápida e maior à carne baixo carbono, pois há dificuldade para os produtores entrarem com árvores no sistema”, diz Roberto Giolo, pesquisador da Embrapa Gado de Corte. Por conta de uma parceria de desenvolvimento, a Marfrig já possui essa certificação na linha Viva.

Por sua vez, a Rede ILPF, cofinanciada por Bradesco, Cocamar, John Deere, Minerva Foods, Soesp, Suzano, Syngenta, Timac Agro e Embrapa, tem apoiado pesquisas e transferência de tecnologia. “A tecnologia é muito importante porque precisamos coletar dados, que se transformam em informações e geram mapas agronômicos para adubação e correção de solo”, diz Francisco Matturro, diretor executivo da associação. Segundo ele, estão disponíveis linhas de financiamento específicas como os planos ABC (2010-2020) e ABC+ (2020-2030) do governo federal - de fomento à redução de emissões no campo - para aquisição de equipamentos e tecnologias.

Para estimular os produtores a avançarem em conformidade socioambiental e boas práticas, o Instituto Mato-Grossense de Carne (Imac), que atua desde 2016 no fortalecimento da cadeia, está desenvolvendo o Passaporte Verde. A iniciativa será baseada em rastreabilidade inclusiva, que contempla pequenos negócios, qualidade da carne, baixo carbono e criação de valor na biodiversidade, ao fomentar, por exemplo, o mercado de crédito de carbono. “Ao aderirem ao programa, os empresários do setor terão acesso a linhas de crédito especiais e descontos tributários”, antecipa Caio Penido, presidente da entidade. O lançamento deve acontecer próximo da conferência climática COP29, que será em novembro no Arzeibaijão.

Outra rede de apoio é a Plataforma -S, lançada em 2020 pela Corteva Agriscience, por meio da linha de produtos de qualidade do pasto. Entre as ações, está a possibilidade de seus clientes medirem a pegada de carbono em fazendas utilizando a ferramenta GHG Protocol, o apoio aos pequenos pecuaristas no manejo das pastagens e a recuperação de nascentes e matas ciliares. Até o final de 2023, 17 propriedades de clientes da Corteva sequestraram mais de 131 mil toneladas de CO2. No total, a Plataforma-S já investiu mais de R$ 5 milhões em mais de cem projetos.

Na onda inovações, a dsm-firmenich registrou no Brasil, no final de 2021 o Bovaer, aditivo para rações de ruminantes que contribui para a redução de emissões entéricas de metano, em média, de 30% para gado leiteiro e de 45% para gado de corte. “O Bovaer inativa uma enzima na última etapa da formação do metano”, explica Fernanda Marcantonatos, líder do negócio de Bovaer para América Latina. No país, o aditivo é utilizado por produtores de linhas premium como a Carapreta Carnes Nobres e a No Carbon, marca de leite carbono neutro. E a JBS tem um projeto piloto com mais de 20 mil animais para avaliar a tecnologia.

A dsm-firmenich oferece ainda a plataforma Sustell, na qual os produtores de bovinos, ao preencherem dados operacionais e financeiros, conseguem gerar um indicador da pegada de CO2 equivalente por quilo dos produtos produzidos.

Há também startups desenvolvedoras de tecnologias. A JetBov é uma plataforma de gestão para produtores de gado de corte, que já teve R$ 8,7 milhões em aportes de fundos de venture capital e, hoje, atende mais de 3 mil fazendas em todos os Estados. O sistema auxilia na gestão dos animais e do pastejo rotacionado e no gerenciamento financeiro. Conforme Xisto Alves de Souza Jr, fundador e CEO da JetBov, a plataforma proporciona compreensão dos custos e a busca por maior lucratividade com otimização do uso da terra. “Assim, não há necessidade de abrir novas áreas para multiplicar algumas vezes a produção de carne”, afirma.

Para diversificar a atuação, a Belgo Arames já investiu R$ 2,5 milhões na Instabov e prevê injetar mais R$ 500 mil. A empresa criou uma coleira com GPS que gera localização e evolução do rebanho e mapas de calor, além de identificar sinais de doenças e prenhez. “Ao identificar padrões de movimento e comportamento, é possível definir investimentos em pastagens, o que potencializa o ganho de peso dos animais”, diz André Ghion diretor de marketing, inovação e estratégia da Belgo Arames.

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