Projeto Especial - ESG
PUBLICIDADE

Por Projeto Especial - ESG


Institutos de pesquisa como a Embrapa têm recebido um número maior de consultas de empresas privadas sobre insumos mais sustentáveis — Foto: Getty Images
Institutos de pesquisa como a Embrapa têm recebido um número maior de consultas de empresas privadas sobre insumos mais sustentáveis — Foto: Getty Images

O Brasil abriga nada menos do que 20% das espécies vegetais conhecidas em todo o mundo. Aos olhos da ciência, essa biodiversidade única é vista como um "banco de dados" praticamente inesgotável, capaz de produzir inovações de alto valor agregado, como medicamentos, suplementos alimentares, corantes, cosméticos, biopesticidas, entre outros.

Mas de nada adianta todo esse potencial sem pessoas dedicadas ao estudo dessas espécies, seja para fins de conhecimento acadêmico ou para o desenvolvimento de produtos que melhorem a qualidade de vida. É justamente neste ponto que as universidades e instituições de pesquisas têm sido decisivas para o avanço da bioeconomia no Brasil.

"Garimpar biodiversidade é difícil. Uma única planta pode produzir mais de cem substâncias diferentes e nenhuma delas dar em nada. Isso é válido em termos de conhecimento. Mas algumas descobertas também têm potencial de negócios. E elas não existiriam se não fossem as pesquisas iniciais", afirma Vanderlan Bolzani, professora titular do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (IQ-Unesp) e presidente da Academia de Ciências do Estado de São Paulo.

De acordo com a pesquisadora, a flora brasileira é uma fonte inesgotável de substratos úteis para o homem, mas ainda pouco estudada diante da sua magnitude. "A natureza é um corpo biologicamente ativo, que não faz nada para os humanos, mas sim para se autorregular. Ela produz repelentes para insetos, substâncias para auxiliar o seu crescimento, para filtrar radiação ultravioleta. Ao longo da nossa evolução, aprendemos a selecionar as substâncias úteis para a alimentação, beleza e saúde."

Trabalhando com pesquisas relacionadas aos bioinsumos há mais de 40 anos, Vanderlan Bolzani hoje se dedica à organização de um banco de dados com informações detalhadas sobre mais de 54 mil compostos oriundos da biodiversidade brasileira, o que, segundo ela, contribuirá para a eficiência das futuras pesquisas realizadas no país.

O papel da iniciativa privada

Diante da escassez de recursos públicos para a ciência no Brasil, as parcerias entre instituições de pesquisa e empresas privadas têm se mostrado cada vez mais importantes para o avanço da bioeconomia no país. Trata-se de um modelo de sucesso no exterior e que vem ganhando cada vez mais força em um contexto de sustentabilidade nos negócios.

As parcerias são positivas para ambas as partes. Com mais recursos disponíveis, as instituições podem manter as suas pesquisas ativas, enquanto as empresas têm a oportunidade de acessar uma base riquíssima de conhecimento sem precisar investir em estruturas físicas ou na contratação de especialistas altamente qualificados. Outra consequência benéfica dessa cooperação é a possibilidade de aplicação prática de tecnologias antes restritas aos laboratórios.

"Estamos recebendo muitas consultas de organizações em busca de insumos mais sustentáveis, como aromas, resinas e fibras", afirma Bruno Giovany De Maria, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Amazônia Oriental. "São empresas preocupadas na adoção de matérias-primas renováveis e economicamente viáveis que tenham aplicabilidade prática em seus produtos."

Com um histórico de mais de 80 anos de pesquisas na região - anteriormente por meio do Instituto de Pesquisas da Amazônia -, o laboratório da Embrapa tem apostado nas parcerias público-privadas como alternativa para se tornar menos dependente do erário público. Atualmente, conta com inúmeros acordos com indústrias privadas para pesquisas nas mais diferentes áreas.

"A demanda por produtos de baixo impacto ambiental vem crescendo. Isso tem estimulado as pesquisas relacionadas à bioeconomia e trazido benefícios sociais e ambientais para a região", completa De Maria, destacando que os contratos firmados atualmente preveem o registro conjunto das patentes, com potencial retorno financeiro tanto para a Embrapa quanto para o parceiro privado. É a sustentabilidade, cada vez mais, inserida nas estratégias de negócios das empresas e instituições de pesquisa.

Gostou deste conteúdo? Responda o chat abaixo e nos ajude na missão de produzir conteúdo sempre útil para você. Leva 30 segundos.

Mais recente Próxima Como cooperativas e pequenos produtores estão sobrevivendo à crise sanitária
Projeto Especial - ESG

Agora o Valor Econômico está no WhatsApp!

Siga nosso canal e receba as notícias mais importantes do dia!

Mais do Valor Econômico

Vídeo utiliza diferentes ferramentas de inteligência artificial para a criação da voz no mesmo timbre do ator e sincronia dos movimentos labiais no idioma

Com IA, Will Smith fala português em campanha da fintech Nomad

Tempo de lançamento cai de um ano para dias, enquanto os trabalhadores, de pintor a CEO, terão de se atualizar, dizem especialistas na Febraban Tech

Inteligência artificial reduz prazo para desenvolver e lançar produtos

Pesquisa da Mobiauto calculou a variação de cotações de preços de dez dos modelos mais vendidos ano/modelo 2021

Carro seminovo com baixa quilometragem vale mais?

Raquel Lyra é adversária de João Campos, prefeito de Recife, e vem fazendo gestos para se aproximar de Lula

Em meio a impasse com PSB em Pernambuco, Lula participa de evento ao lado da governadora