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Por Movimento Mobilidade Sustentável


Etanol 2.0 é feito a partir do processamento do residual da cana, tratado, fermentado e transformado em novo combustível — Foto: Getty Images
Etanol 2.0 é feito a partir do processamento do residual da cana, tratado, fermentado e transformado em novo combustível — Foto: Getty Images

O avanço da agenda ESG fez com que o desafio da descarbonização no setor de transportes entrasse de vez na agenda das principais lideranças globais. Em meio às intensas discussões sobre as alternativas mais viáveis para a redução de emissões a curto prazo, os holofotes têm se voltado cada vez mais para o etanol, uma tecnologia de baixo carbono já testada, aprovada e amplamente disponível em várias partes do mundo.

No Brasil, o etanol já representa mais de 25% de toda a matriz energética utilizada para os transportes. São mais de 30 bilhões de litros produzidos anualmente, o que garante enormes ganhos econômicos, sociais e, sobretudo, ambientais ao país. E, graças aos avanços tecnológicos atualmente em curso, o etanol pode ganhar um papel ainda maior nessa corrida contra as mudanças climáticas.

O desafio, agora, é produzir de forma economicamente viável um biocombustível de segunda geração, popularmente conhecido como etanol 2.0, originado a partir de resíduos agroindustriais, como o bagaço e a palha da cana-de-açúcar, capaz de aumentar a produção em até 50% ao mesmo tempo que reduz em cerca de 30% as emissões de gases de efeito estufa emitidos ao longo do processo produtivo.

“Se o etanol convencional já é espetacular, o combustível de segunda geração traz um ganho ainda maior, já que transforma resíduos que seriam incinerados em materiais de grande valor agregado”, afirma Eduardo Couto, diretor do Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR) do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, instituição de pesquisa e desenvolvimento ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.

Couto explica que o etanol 2.0 é produzido a partir de açúcares residuais presentes na cana após o processamento para a produção do etanol convencional, que são mais difíceis de serem extraídos. Nesse caso, os açúcares avançados são obtidos por meio do uso de microrganismos e enzimas – após o tratamento da biomassa, o material passa por um processo de fermentação, é destilado e transformado em etanol de segunda geração.

“Vivemos um momento de transição do modelo de produção, com foco em matérias-primas renováveis, que contribuam para a preservação do ecossistema e reduzam a contaminação do solo e a poluição do ar. As mudanças climáticas estão exigindo que a gente mude rapidamente. Será que seremos capazes de transformar o modelo de produção e consumo de combustíveis por meio de soluções mais sustentáveis?”, questiona o pesquisador.

Essa mudança certamente virá. A dúvida que fica é quando isso vai acontecer no Brasil. Atualmente, apenas duas das cerca de 350 usinas processadoras de etanol instaladas no país estão aptas a produzir o biocombustível de segunda geração. O grande desafio ainda é o elevado investimento inicial para a adaptação das plantas e compra de maquinários especiais.

“A inda é um modelo inovador, restrito aos early adopters, mais abertos às apostas em novas tecnologias”, explica o diretor do LNBR. “O retorno pode não ser tão grande agora, mas, se der certo, eles terão vantagens no futuro, especialmente diante da demanda crescente por energias limpas em todo o mundo.”

“Se o etanol convencional já é espetacular, o combustível de segunda geração traz um ganho ainda maior, já que transforma resíduos que seriam incinerados em materiais de grande valor agregado”
— Eduardo Couto, diretor do Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR)

MICRORGANISMOS 100% NACIONAIS

Outro desafio enfrentado pelas usinas no Brasil é a dependência de microrganismos importados, o que impacta significativamente os custos da operação e ainda contribui para o aumento da pegada de carbono do produto final, já que precisam ser transportados de navio ou avião até o país. Esse problema, no entanto, deve ser resolvido em breve, graças ao trabalho do LNBR, que desenvolveu um “coquetel enzimático” 100% nacional e já vem discutindo o licenciamento dessa tecnologia com empresas do setor.

Amplamente testados nos últimos anos, os microrganismos desenvolvidos no Brasil possuem vantagens consideráveis em relação aos importados, especialmente por serem adaptados à realidade da produção brasileira. Isso porque a composição química da biomassa varia de acordo com a região onde foi produzida. O que funciona em um lote nem sempre será tão eficaz em outro. Dessa forma, um coquetel enzimático customizado para a biomassa brasileira pode trazer ganhos de produtividade ainda maiores.

 — Foto: Getty Images
— Foto: Getty Images

De acordo com os responsáveis pelo desenvolvimento das novas variedades, a tecnologia vai além da cana-de-açúcar, já que também pode ser usada para a fabricação de etanol 2.0 a partir do milho e de hidrocarbonetos, o que possibilitaria a produção de biocombustíveis de aviação, além de matérias-primas renováveis que permitiriam a substituição dos derivados do petróleo na fabricação de plásticos.

“O Brasil tem duas vantagens em relação aos outros países: uma biomassa abundante, diversificada e de baixo custo, além da biodiversidade mais rica do planeta. Mas tudo isso é commodity. No entanto, quando uso a biotecnologia, eu passo a agregar valor a esses produtos. O Brasil precisa ter um posicionamento forte globalmente nessa área. Esse é o objetivo do nosso trabalho no LNBR”, conclui Eduardo Couto.

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