Fundos de Investimento
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Por Marcelo D’Agosto — De São Paulo


Cenário foi mais difícil para os fundos de ações, com poucos dessa categoria conseguindo superar a inflação — Foto: Gerd Altmann/Pixabay
Cenário foi mais difícil para os fundos de ações, com poucos dessa categoria conseguindo superar a inflação — Foto: Gerd Altmann/Pixabay

No período entre abril de 2021 e março de 2024 os investidores e gestores de fundos de investimento tiveram que enfrentar o maior ciclo de alta das taxas de juros no Brasil dos últimos 20 anos. O Banco Central elevou a taxa básica de 2% ao ano em março de 2021 para 13,75% ao ano em junho de 2022. No total, o aperto monetário foi de 11,75 pontos percentuais. A Selic só começou a ser reduzida a partir de agosto de 2023.

Nesse cenário adverso, poucas carteiras conseguiram superar a rentabilidade do Certificado de Depósitos Interfinanceiros (CDI), principal indicador de referência para aplicações financeiras no Brasil. A variação do CDI no período foi de 10,64% ao ano. A mediana da rentabilidade dos 1.849 fundos analisados nesta edição do “Guia Valor de Fundos de Investimento” foi de 8,36%. Apenas 25% dos fundos superaram o indicador.

O ambiente de juros altos teve impacto negativo para as ações negociadas em bolsa e o Ibovespa rendeu apenas 3,18% ao ano.

A inflação média no período, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 6,57% ao ano e o dólar teve variação negativa, de 4,28% ao ano. O mercado internacional manteve o desempenho positivo e o S&P 500, importante indicador para a variação das ações nos Estados Unidos, subiu 11,49% ao ano.

O cenário foi particularmente ruim para os gestores de fundos multimercado, conforme demonstra o desempenho do índice de Hedge Funds da Anbima (IHFA), que registrou rendimento de 8,49% ao ano. O desempenho ficou acima da inflação, mas significativamente abaixo do CDI. O destaque foi para os títulos de crédito privado emitidos por empresas no mercado local e atrelados ao CDI. O indicador IDA-DI, que mede o desempenho desse mercado, registrou ganhos de 12,39% ao ano.

Os fundos da categoria renda fixa DI tiveram rentabilidade mediana de 10,29% ao ano. Mas os que ficaram no grupo dos 10% mais rentáveis tiveram ganhos de mais de 10,85% ao ano, acima do CDI.

As carteiras da categoria renda fixa ativo prefixado renderam 10% ao ano e os melhores fundos tiveram ganharam mais de 11,06% ao ano. Isso apesar do rendimento do indicador de referência, o IRF-M, que mede o desempenho de uma carteira composta por títulos públicos prefixados, ter ficado em 9,14% ao ano. Sinal que muitos gestores usaram estratégias mais ativas para buscar rentabilidade.

A mediana da rentabilidade dos fundos da categoria juro real foi de 7,64% ao ano. Os melhores renderam acima de 9,34% ao ano e superaram a variação do IMA-B, que rendeu 7,90% ao ano. O indicador segue o desempenho dos títulos públicos atrelados ao IPCA. Também nesse segmento, a gestão ativa de alguns fundos conseguiu proporcionar retornos maiores.

Os fundos de crédito privado com prazo de resgate em até 15 dias renderam, em média, 11,38% ao ano. Para aquelas carteiras com resgate a partir de 16 dias, a rentabilidade foi de 12,33% ao ano. Os melhores fundos de crédito privado com resgate em até 15 dias tiveram ganhos acima de 12,06% ao ano. E os melhores com resgate a partir de 16 dias renderam mais de 13,91% ao ano.

Os fundos de debênture incentivada tiveram variação de 10,80% ao ano. As carteiras mais rentáveis renderam mais de 12,64% ao ano e o IDA-IPCA Infraestrutura, uma das referências para o setor, rendeu 10,17% ao ano.

A mediana da rentabilidade dos fundos multimercado baixa volatilidade foi de 9,36% ao ano. Os melhores renderam mais de 11,51% ao ano. Já os fundos multimercado ganharam 7,55% ao ano em média. No entanto, os melhores fundos renderam mais do que 12,48% ao ano. Essa categoria, tradicionalmente, tem uma grande diferença entre os melhores e piores fundos.

Entre os fundos long & short, a mediana da rentabilidade foi de 9,38% ao ano e para os fundos long biased foi de apenas 2,48% ao ano. Também nessas duas categorias há muita dispersão entre o desempenho dos fundos mais e menos rentáveis.

Os fundos ações índice renderam 2,14% ao ano. Já os fundos de ações, que adotam políticas mais amplas para atingir seus objetivos de rentabilidade, tiveram desempenho negativo de 0,53% ao ano. Poucos fundos dessa categoria conseguiram superar o CDI ou mesmo a inflação no período.

A rentabilidade mediana dos fundos de ações no exterior foi de 5,42% ao ano e os fundos de investimentos no exterior renderam 2,59% ao ano. Os melhores renderam mais de 17% ao ano e mais de 9% ao ano, respectivamente.

Por fim, na categoria alocação multimercado o rendimento ficou em 8,51% ao ano e a rentabilidade mediana da categoria Alocação ações foi negativa, 2,49% ao ano.

Mais recente Próxima Análise envolve 16 categorias

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