Com emprego como prioridade, jovens buscam ter voz na agenda do G20

Transição energética ‘justa, coordenada e inclusiva’ e combate às mudanças climáticas também são temas importantes para grupo que reúne juventude

Por — De São Paulo


Marcus Barão, do Y20: “É aquela velha máxima: ‘nada para nós sem nós’” — Foto: Divulgação

Se os jovens são aqueles que amanhã vão encarar o mundo que está sendo construído hoje, nada mais justo que influenciem e pautem as discussões no âmbito do G20, defende Marcus Barão, presidente (chair) do Y20, o Youth20, grupo da juventude no G20.

O Y20 é um dos 13 grupos de engajamento do G20 Social, guarda-chuva que reúne grupos da sociedade civil, que tem sido priorizado pela presidência do Brasil no fórum. A ideia é que o grupo participe das trilhas de finanças e de sherpas (que supervisiona as negociações) e, por meio de um “communiqué”, coloque na ordem do dia prioridades e reivindicações das juventudes dos membros do G20.

“Essa é maior geração da história do planeta. As juventudes compõem uma camada da sociedade que tem sido muito afetada por alguns dilemas globais, desde a questão do subemprego, desemprego e desalento até as mudanças climáticas. Será a geração que terá de lidar com as consequências do que vivemos hoje”, afirma Barão.

“Então, é muito importante que a participação da juventude não seja acessória. Ela precisa ser parte da agenda principal das discussões do G20.”

Barão é presidente do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve), reintegrado em 2023 à Secretaria Geral da Presidência da República. O Conjuve tem caráter consultivo e deve prover pesquisas e subsídios para a elaboração de políticas públicas direcionadas a 50 milhões de brasileiros jovens.

Em Belém para a pré-cúpula do Y20, que vai de 17 a 19 de junho, Barão lembra que o G20 é um fórum que reúne grandes economias do planeta, representa 85% do PIB mundial, dois terços da população mundial, e 75% do comércio internacional.

“O que é discutido como agenda no G20 e aprovado como consenso, influencia todos os mecanismos internacionais, cooperação e concertação que afetam inevitavelmente a vida das pessoas. Se hoje temos a maior geração de jovens da história do planeta, é ela invariavelmente que será afetada por essas decisões”, argumenta.

“E, se ela vai ser afetada e pode ser parte da solução, precisa ser envolvida nesse processo. É aquela velha máxima: ‘nada para nós sem nós’.”

Barão afirma que a juventude tem reivindicado o fortalecimento dos mecanismos de participação direta nos espaços de tomada de decisão e que um dos temas mais relevantes da agenda do Y20 é a questão do trabalho e emprego.

Y20 ganhou impulso neste ano, com a inclusão no G20 por meio da presidência brasileira

“Estamos passando por um momento de profundas transformações na nossa sociedade, um momento também de grande transformação tecnológica, com inteligência artificial, e tudo isso impõe uma série de desafios, mas também uma série de oportunidades.”

Ele lembra que, apesar de a taxa de desemprego do país ter caído para 7,5%, dentre os jovens ela costuma ser mais que o dobro da média nacional.

“Tivemos progresso nesse último ano, mas os empregos entre a população jovem e a precarização da relação de trabalho ainda preocupam”, diz. “Então, como aliamos a transformações digitais com as políticas, sociais e culturais criando mecanismos para promover mais oportunidades de inclusão produtiva de jovens?”

Além do tema trabalho e emprego, o Y20 tem como prioridade trabalhar uma transição energética “justa, coordenada e inclusiva” e o combate às mudanças climáticas.

“Os desdobramentos da falta de coordenação e zelo com essa agenda já são perceptíveis, como o caso do Rio Grande do Sul, que se replicou no mesmo mês em vários países do mundo”, alerta.

Diálogos regionais

Apesar de existir desde 2010, o Y20 ganhou impulso neste ano, com a inclusão no G20, criado pela presidência brasileira. Para o processo de eleição das prioridades da agenda do grupo, conta Barão, foram organizados 30 diálogos regionais em todo o Brasil até julho, realizados em parcerias com governos estaduais, municipais, organizações da sociedade civil e organismos internacionais.

“No sábado retrasado, tivemos um evento com 700 jovens em São Paulo. Depois, um com 500 jovens em Fortaleza”, conta.

No Y20, cada país-membro apresenta uma delegação de cinco jovens líderes, cada um responsável por um dos cinco temas prioritários do grupo - combate à fome, à pobreza e à desigualdade, mudanças climáticas, transição energética e desenvolvimento sustentável, reforma do sistema de governança global, inclusão e diversidade, e inovação e futuro do mundo do trabalho.

Depois da pré-cúpula em Belém, o grupo terá um representante na terceira reunião da trilha de sherpas, em 4 de julho, e se prepara para a cúpula final do Y20, que ocorre entre 10 e 17 de agosto no Rio de Janeiro, onde o comunicado será finalizado.

“Em novembro [quando haverá a cúpula final, de chefes de Estado], participaremos da cúpula social do G20 com o nosso documento já consolidado”, diz.

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