A PaGol, fintech dos sócios majoritários do grupo Gol Smiles, está entrando no mercado de consignado privado. Desde sua fundação, no fim de 2022, a empresa vinha oferecendo essa linha somente para funcionários do conglomerado da Gol e da Comporte, holding de transporte rodoviário da família Constantino, mas, agora que o produto está maduro, busca novos convênios fora do seu ecossistema original.
Segundo o CEO da fintech, Ravel Lage, o plano é atingir uma carteira de R$ 1 bilhão em cinco anos, considerando também os outros produtos de crédito que a fintech pretende implementar. A PaGol quer lançar um financiamento para viagens e, mais para frente, cartão de crédito. Ele não abre a base de clientes, mas diz que já passa de “centenas de milhares”.
“Nós somos a conta digital para quem ama viajar, e obviamente vamos crescer primeiro em cima de clientes do conglomerado da Gol, que nós já conhecemos. Ficamos 20 meses testando o consignado dentro de casa e agora estamos maduros”, conta.
A companhia tem licença de sociedade de crédito direto (SCD), por meio da qual origina os créditos, e estruturou um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) com patrimônio líquido atual de R$ 53,3 milhões.
Consignado com milhas
O diferencial do consignado da PaGol é que, como quase tudo que se faz dentro da plataforma, o cliente ganha milhas da Smiles. Lage conta que, a depender do convênio com a empresa parceira e de outras variáveis, ao tomar crédito, o usuário poderá ganhar até 1 milha por R$ 1. Ou seja, se pegar um empréstimo de R$ 10 mil, poderia ganhar até 10 mil milhas, o que, pela cotação, seria suficiente para fazer uma viagem curta de ida e volta dentro do Brasil.
“A questão da fidelidade por trás é um atrativo muito grande. A gente sabe que as viagens geram até um bem-estar mental”.
Cartão de crédito e financiamento para viagens
Sobre o financiamento para viagens, ele diz que a PaGol não tem pressa em lançar o produto, que, por não ter garantias, é naturalmente mais arriscado. “É um produto que faz todo sentido para nós, mas o crédito não deixa espaço para distrações. Nesse sentido, somos conservadores. Vamos avaliar o melhor momento, como entrar, com qual nível de investimento”.
O lançamento de um cartão de crédito, inicialmente previsto para entre este ano e o próximo, deve ser adiado. O CEO diz que o investimento necessário é grande e, mesmo quando dá tudo certo, a operação leva cerca de três anos para se tornar lucrativa. “Vamos lançar primeiro outros produtos e quem sabe, já com o resultado gerado por eles, conseguimos financiar o lançamento do cartão. Mas não seremos aventureiros”.
Caso 123 Milhas e recuperação judicial nos EUA
A PaGol tinha uma meta de atingir R$ 200 milhões em faturamento no seu primeiro ano de funcionamento, e Lage diz que o objetivo foi cumprido. Ainda assim, aponta que o mercado de milhas mudou bastante na segunda metade ano passado, com os desdobramentos do caso 123 Milhas, e que algumas projeções da fintech foram recalculadas. Anteriormente, a fintech falava em chegar a 5 milhões de clientes e R$ 500 milhões em faturamento em 2025.
“Sofremos pequenos impactos [com os acontecimentos no mercado de milhas], mas não alterou nossa trajetória. Devemos atingir o breakeven nos próximos 12 meses e estamos felizes com nossos resultados”, diz Ravel. Já o pedido de recuperação judicial (chapter eleven) da Gol nos EUA, em janeiro deste ano, não afetou a PaGol, segundo ele.
Sem abrir os números absolutos, o executivo aponta que a base de clientes cresceu 75 vezes desde o primeiro mês de operação, no fim de 2022. O saldo em conta aumentou sete vezes e o volume de transações, 28,7 vezes.
![Ravel Lage, CEO da PaGol: “ A gente sabe que as viagens geram até um bem-estar mental” — Foto: Divulgação](https://cdn.statically.io/img/s2-valor.glbimg.com/F7UQwv4oBYXaZ-cKoPxV8oIyrs4=/0x0:4437x6656/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2024/I/9/zTUWhpRaCuvBK4UylmHg/ravel-lage-ceo-da-pagol-credito-divulgacao-1-.jpg)