O Ibovespa ronda a estabilidade nesta segunda-feira, mesmo em dia de desvalorização do minério de ferro e alta do dólar e juros futuros. A recuperação veio após a Petrobras anunciar reajuste nos preços da gasolina e do GLP. Após avançar nas últimas cinco sessões, investidores ponderam ganhos e analisam o possível anúncio de Gabriel Galípolo na presidência do Banco Central, além de notícias sobre corte de gastos do governo federal. A divulgação de dados de inflação nos Estados Unidos também segue no radar.
Por volta das 13h20, o Ibovespa tinha queda de 0,02%, aos 126.237 pontos. A mínima intradiária era de 125.614 pontos, enquanto a máxima alcançou os 126.395 pontos. O volume financeiro projetado para o índice no dia era de R$ 17,806 bilhões. Em Nova York, S&P 500 caía 0,04%, aos 5.565 pontos, Dow Jones recuava 0,17%, para 39.308 pontos, e Nasdaq ganhava 0,11%, aos 18.373 pontos.
Os futuros do minério de ferro negociados na Bolsa de Dalian fecharam em queda de 2,55% na primeira sessão da semana. Neste sentido, as empresas de commodities metálicas com peso importante no índice, como Vale ON e CSN Mineração ON apresentam queda de 1,08% e 2,58%, respectivamente.
Em dia avanço dos juros futuros e alta do dólar, empresas sensíveis às taxas e ao câmbio também caem, como é caso de Magazine Luiza ON (-2,41%) e CVC ON (-2,91%).
O impulso positivo, por outro lado, vem da Petrobras, que anunciou um aumento nos preços da gasolina e do gás de cozinha para as distribuidoras hoje, que passa a valer nesta terça-feira (9). O litro da gasolina terá uma alta de R$ 0,20, chegando a R$ 3,01. O último reajuste havia sido feito em outubro do ano passado, com uma redução de R$ 0,12 no litro da gasolina. Com a notícia, as ações da companhia Petrobras ON e Petrobras PN apagaram as perdas do início do pregão e agora sobem 1,64% e 1,79%
O estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, avalia que o anúncio é positivo para a empresa, porque mostra que a nova presidente da estatal, Magda Chambriard, “tem independência suficiente para fazer uma medida impopular, uma medida que a gente sabe que o presidente Lula não gosta, não concorda muito, mas que é correta”.
Nesta semana, agentes aguardam ainda a divulgação dos dados de inflação dos Estados Unidos medidos pelo índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), na quinta-feira, que devem ajudar a sinalizar se há maior chance de que o Fed (Federal Reserve) antecipe o corte de juros no país.
Nesta perspectiva, Cruz afirma que o cenário externo pode ter um peso maior nos ativos locais nas próximas semanas, já que os sinais dados pelo governo federal para concretizar os cortes de gastos são ainda muito tímidos e o cenário interno não tem muitos gatilhos. “Entendo que, por enquanto, somos dependentes da parte externa, com a chance de o primeiro corte de juros em setembro. Esses indicadores de inflação americanos podem determinar se o Ibovespa termina julho em alta ou em queda”, afirma.
Por isso, o apetite ao risco fica com o investidor estrangeiro, diz Cruz, já que a pessoa física e os fundos de pensão dificilmente vão investir no bolsa ao longo desse ano.
Outro fator que deve ser decisivo para os ativos locais é a sucessão da presidência do Banco Central. Há grande expectativa de que o atual diretor de política monetária, Gabriel Galípolo, seja o nome que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolha para comandar o BC, a partir de agosto. “Se ele baixar os juros para sinalizar apoio ao governo, pode desvalorizar o câmbio", comenta, o que pode acentuar as incertezas internas.
O Boletim Focus, divulgado hoje, apontou para um leve aumento das expectativas de inflação para 2025, mas nada que tenha surpreendido, diz Cruz, já que não foi um salto, mas um avanço pequeno. “Parece que todo mundo está confortável com esse patamar. Agora, se o câmbio ficar muito tempo desvalorizado, pode aumentar a inflação”, completa.