Mesmo em meio ao cenário econômico incerto, com as dúvidas sobre a sustentabilidade da política fiscal e a interrupção no ciclo de cortes da Selic, os bancos revisaram novamente sua projeção para a expansão do crédito este ano. Segundo a Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a previsão passou para 10%, de 9,3% no levantamento anterior.
O destaque ficou para a revisão de alta na projeção da carteira direcionada, cuja expectativa subiu de 10,1% para 11,3%, com ênfase na linha destinada às empresas, que passou pela maior revisão para cima (de 8,7% para 11,7%). No crédito livre, a projeção avançou de 8,6% para 9,2%, mas nesse caso puxado pelas pessoas físicas (de 9,5% para 10,6%).
“A revisão para cima do crescimento do crédito total captada na pesquisa pode ser explicada por vários fatores. O segmento mostrou números positivos ao longo do 1º semestre, refletindo o ciclo de queda da taxa Selic e os índices de inadimplência. Além disso, o mercado de trabalho aquecido e o aumento da massa salarial devem continuar impulsionando as linhas voltadas ao consumo das famílias”, avalia em nota Rubens Sardenberg, diretor de economia, regulação prudencial e riscos da Febraban.
Ao mesmo tempo, ela aponta que os programas públicos aprovados para a reconstrução do Rio Grande do Sul após as enchentes devem dar um impulso importante no segundo semestre, conforme captado na projeção para a carteira direcionada destinada às empresas. “Na direção contrária, temos que acompanhar a evolução do cenário macro para ver se as turbulências recentes podem afetar o ritmo do mercado de crédito”, pondera.
Em relação à taxa de inadimplência da carteira livre, a pesquisa capturou estabilidade na projeção para 2024 (4,4%) e 2025 (4,2%). Já em relação ao desempenho do crédito em 2025, a projeção para a alta da carteira total também registrou estabilidade, em 8,9%.
De acordo com a pesquisa, a grande maioria dos participantes (85%) entendeu que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de interromper, de forma unânime, o ciclo de queda da taxa Selic foi adequada. Por outro lado, a expectativa para a taxa de câmbio migrou para um patamar bem superior às pesquisas anteriores, permanecendo acima de R$ 5,20 até o fim de 2024 (ante projeções próximas a R$ 5,00 no levantamento prévio).
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