Os juros futuros operam em queda no pregão desta segunda-feira, em comportamento alinhado ao do dólar. Participantes do mercado relatam que o movimento ocorre em meio a uma retirada parcial dos prêmios de risco embutidos nos ativos locais nos últimos dias, que já operam em níveis bastante depreciados. Além disso, agentes aguardam, entre outros eventos importantes nesta semana, a divulgação da ata da última reunião de política monetária do Banco Central amanhã.
Perto das 13h05, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 recuava de 10,605% do ajuste anterior para 10,55%; a do DI para janeiro de 2026 regredia de 11,155% para 11,09%; a do DI para janeiro de 2027 passava de 11,52% para 11,445%; e a do DI para janeiro de 2029 caía de 11,93% para 11,86%.
A retirada de prêmios no mercado local ocorre mesmo em meio a um dia de elevação nos rendimentos dos títulos públicos globais. Nos EUA, o juro da T-note de 10 anos subia de 4,257% para 4,273%.
A piora na percepção de risco doméstico nas últimas semanas tem impedido uma recuperação dos ativos brasileiros, mesmo apesar de alguma melhora observada nos Estados Unidos, a partir do recuo dos rendimentos dos Treasuries. Participantes do mercado esperavam algum alívio após a decisão unânime do Copom na quarta-feira passada, mas, novamente, o crescimento das incertezas sobre a contenção de despesas do governo e ruídos políticos pressionaram os ativos.
Hoje, operadores apontam que não há gatilhos claros para a melhora dos ativos locais. "Não tem nada muito específico acontecendo hoje no mercado. Apenas uma retirada de prêmios de risco, já que os níveis estavam muito altos", aponta o trader de renda fixa de um banco local.
"É possível inferir que a ausência de surpresas na decisão do Copom foi o suficiente apenas para evitar deterioração adicional dos ativos domésticos. No entanto, é notável o avanço no discurso do Banco Central, mostrando unidade, e mais recentemente na discussão fiscal, que passou a abordar o controle de despesas", afirma o estrategista de renda fixa do Itaú BBA, Lucas Queiroz.
Deste modo, segundo ele, há um avanço gradual em temas sensíveis aos investidores, mas que, dada a alta frequência dos mercados, a alta volatilidade nos ativos deve permanecer. "Assim, continuamos entendendo como atrativas as taxas atreladas à inflação de médio e longo prazo, além de ver oportunidade tática em vértices prefixados de prazo intermediário", revela.
Na visão do profissional de tesouraria de um grande banco local, é possível que os ruídos descritos acima tenham afetado de forma permanente o nível de preços. "Um nível residual de prêmio agora é permanente. Por outro lado, o Brasil está agora extremamente barato por qualquer métrica e a possível reação da administração à "crise" abre a porta para a continuação desse alívio", afirma.
Segundo esta fonte, a decisão do Copom foi completamente ignorada pelos mercados e isso é um grande erro. "Mais uma vez, os players locais estão se concentrando nos ruídos. Dessa vez, a situação também foi afetada negativamente pela saída de recursos do exterior. É possível que este seja o mercado mais limpo e barato de todos os tempos, especialmente se as condições do mercado global continuarem favoráveis", aponta.
Mesmo assim, o profissional não espera um "super rali" ou que o Brasil se torne uma nova história de sucesso nos mercados globais. "Mas há espaço para melhorias adicionais", conclui.