A expectativa de que o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) confirme a desaceleração da inflação americana em maio eleva o apetite por risco nos mercados em Nova York nesta segunda-feira (24). A medida é utilizada como referência pelo Federal Reserve (Fed) para tomar as suas decisões de política monetária e um resultado mais fraco pode abrir caminho para que o banco central discuta um corte de juros no segundo semestre.
Por outro lado, algumas das ações mais beneficiadas pelo rali da inteligência artificial (IA) generativa continuam em correção e puxam o índice Nasdaq para baixo, o que impede um pregão uniformemente positivo em Wall Street.
Por volta de 13h05 (de Brasília), o Dow Jones avançava 0,84%, a 39.479,57 pontos; o S&P 500 tinha alta de 0,30%, a 5.480,94 pontos; e o Nasdaq caía 0,22%, a 17.650,87 pontos.
Já os rendimentos dos Treasuries oscilam próximos à estabilidade e, no começo da tarde, exibiam leve alta. A taxa da T-note de 2 anos subia a 4,751%, de 4,743% no fechamento passado; a da T-note de 10 anos avançava de 4,257% a 4,273%; e a do T-bond de 30 anos aumentava de 4,399% a 4,408%.
Em entrevista à CNBC na manhã de hoje, o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, reafirmou a sua postura mais acomodatícia ao afirmar que uma desaceleração dos dados da inflação americana abriria caminho para flexibilizar a política monetária. “Se for ficar muito restritiva por muito tempo, teremos de começar a nos preocupar com o que está acontecendo com a economia real”, disse ele.
Para Goolsbee, a economia dos Estados Unidos não está superaquecendo e, por isso, não precisa de uma política monetária tão apertada. Ele, no entanto, não esclareceu quantos cortes de juros espera para 2024 e adiante, reforçando que gostaria de ganhar “um pouco mais de confiança” de que a inflação está caminhando a 2% antes de iniciar um ciclo de flexibilização monetária.
Na semana passada, o índice de surpresas econômicas dos EUA calculado pelo Citi atingiu o seu nível mais baixo em 2024, sinalizando que a reaceleração da atividade e dos preços no primeiro trimestre já foi descontada pelo mercado. A percepção de que a economia americana está em desaceleração vem pouco depois do Fed indicar apenas um corte de juros em 2024 nas projeções divulgadas em 12 de junho.
“Nada muda a opinião dos dirigentes - e dos investidores - tão rápido quanto uma desaceleração sustentada do mercado de trabalho. Então, se os indicadores antecedentes estiverem corretos, o tom das mensagens do Fed estará bem diferente até setembro e os investidores estarão pressionando por cortes mais agressivos dos juros”, diz Ian Shepherdson, economista-chefe da Pantheon Macroeconomics. “Se o Fed não obedecer, os juros reais vão subir e impor uma pressão totalmente desnecessária sobre a economia real”, completa.
O maior otimismo do mercado com a política do Fed pressiona o dólar hoje. O índice DXY, que mede a moeda americana ante seis pares, exibia queda de 0,26%, a 105,520 pontos, no horário citado.
O dólar recua 0,15%, a 159,650 ienes, com a moeda japonesa ganhando algum alívio após a forte depreciação recente que a levou ao seu segundo menor patamar em 34 anos na semana passada. Sinalizações de uma possível intervenção cambial do Ministério das Finanças (MoF) impedem, por enquanto, perdas ainda maiores do iene.
“A ação do preço do iene mostrou um fortalecimento da moeda japonesa - seja em resposta aos comentários oficiais ou ao acompanhamento real da intervenção. Ainda não se sabe se o MoF esteve envolvido no mercado hoje, mas, independentemente disso, o apoio oficial ao iene se tornou uma faceta conhecida do mercado e continuará assim no futuro próximo”, dizem Ian Lyngen e Vail Hartman, estrategistas de renda fixa do BMO Capital Markets.