Muitos bancos centrais ainda planejam comprar ouro nos próximos 12 meses, diante dos crescentes riscos geopolíticos e financeiros.
De acordo com um relatório do Conselho Mundial do Ouro (WGC, na sigla em inglês), cerca de 20 bancos centrais pretendem aumentar suas reservas. Esse é o número mais alto desde que o WGC iniciou sua pesquisa sobre reservas de ouro em 2018.
Compras de bancos centrais têm sustentado a alta recorde do metal precioso neste ano, mesmo com a valorização do dólar e mudança de cenário para as taxas de juros, que normalmente prejudicariam o ouro. Ao longo do próximo ano, o rebalanceamento de portfólios e a produção doméstica, somados aos riscos geopolíticos e inflação, impulsionarão novas compras, disse o WGC nesta terça-feira.
“O entusiasmo pelo ouro parece que não irá diminuir entre bancos centrais daqui para frente”, afirmou Shaokai Fan, chefe global de bancos centrais do WGC.
A pesquisa não revelou quais bancos centrais pretendem fazer compras nos próximos meses. A China encerrou uma onda de compras de 18 meses em maio, após liderar as aquisições entre bancos centrais, mas alguns analistas esperam que o país retorne ao mercado para diversificar suas reservas e se proteger da depreciação da moeda.
Os detalhes das compras dos bancos centrais se tornaram um foco e ponto de interrogação-chave para o mercado de ouro, já que os governos se tornaram uma fonte cada vez mais importante de demanda, embora a divulgação das compras possa ser incompleta ou atrasada.
Os números divulgados anteriormente pelo WGC e compilados pela consultoria Metals Focus mostraram que os bancos centrais compraram 1.037 toneladas de ouro no ano passado, mais do que o dobro dos dados oficiais publicados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Uma parte significativa desse total foi o que o WGC descreveu como compras não declaradas, que não são divulgadas por canais oficiais.
A pesquisa mais recente do WGC mostra que muitos bancos centrais, incluindo um número crescente de instituições ocidentais, esperam um papel reduzido do dólar dentro dos ativos de reserva.
O Banco da Inglaterra continua sendo a instituição mais procurada para os bancos centrais armazenarem ouro. Cerca de dez autoridades monetárias buscam mudar seus planos de armazenamento nos próximos 12 meses, de acordo com o levantamento do WGC.
“Pode ser que você sinta que seu país está sob uma maior ameaça militar e queira transferir o ouro para fora do seu território”, disse Fan. “Ou você pode simplesmente querer ter ouro em um centro de negociação mais líquido.”
A aquisição da produção nacional de ouro se tornou um elemento crescente na adição de reservas do metal precioso pelos bancos centrais, disse o WGC.