O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MP-TCU) propôs, por meio de representação assinada nesta quinta-feira (11), que seja determinado a rescisão dos contratos de energia de reserva celebrados com a empresa Âmbar Energia, do grupo J&F, na modalidade de Procedimento Competitivo Simplificado (PCS). Essa contratação se deu, em caráter emergencial, no momento em que o país enfrentava a crise hídrica de 2021, o que impôs um custo elevado de compra da energia.
No documento, o subprocurador-geral, Lucas Furtado, considera que a rescisão contratual deve ser imposta pelo tribunal caso as ações de fiscalização “concluam pela ocorrência do descumprimento das obrigações contratuais por parte da empresa e pela desnecessidade de manutenção desses contratos”. Essa alegação parte do fato de a empresa ter sofrido atraso na conclusão do empreendimento.
Para o MP-TCU, é preciso ainda avaliar supostas irregularidades relacionadas à manutenção dos contratos de energia de reserva celebrados entre o Ministério de Minas e Energia (MME) e a Âmbar Energia S.A. Isso porque o acordo celebrado para viabilizar o projeto seria “supostamente lesivo” ao interesse público, conforme diversas denúncias que surgiram nas últimas semanas sobre os procedimentos adotados por órgãos da administração pública federal para permitir a contratação.
O subprocurador-geral ainda menciona as suspeitas levantadas sobre a Medida Provisória (MP) 1.232/24, editada para garantir a recuperação da distribuidora Amazonas Energia. Na visão do procurador, a MP estaria novamente “beneficiando indevidamente” a Âmbar, “atentando contra a isonomia com outras empresas do setor e contra o princípio da moralidade”. Para ele, essa proposta legislativa pode “configurar desvio de finalidade e insegurança jurídica”, e ainda “acarretar prejuízos aos consumidores de energia elétrica”.
Resposta da Âmbar
Em nota, a Âmbar disse que o acordo firmado traz economia para os consumidores e destacou que a judicialização do caso "traria ônus para o erário e obrigaria os consumidores a arcar integralmente com o contrato original". A seguir, a íntegra do posicionamento da empresa.
"As concessões feitas pela Âmbar no acordo trazem uma economia de mais de R$ 9 bilhões para os consumidores de energia em relação ao contrato original ao qual a empresa tem direito. Além de reduzir a receita pela metade, a Âmbar se compromete a manter a energia disponível pelo dobro do prazo original e desobriga o consumidor de pagar pela geração de energia quando ela não for necessária.
O acordo ainda fortalece a segurança jurídica do setor elétrico brasileiro e a segurança de suprimento do sistema interligado, considerando que o Operador Nacional do Sistema projeta déficit de potência para 25/26.
As vantagens do acordo eram tantas que a Procuradora-geral do MP junto ao TCU, autoridade máxima do órgão, já afirmou no plenário do tribunal que não havia óbice à assinatura do acordo entre a empresa e o Ministério de Minas e Energia.
A Âmbar sempre buscou uma solução que evitasse a judicialização do caso, o que traria ônus para o erário e obrigaria os consumidores a arcar integralmente com o contrato original."
![Âmbar Energia — Foto: Divulgação](https://cdn.statically.io/img/s2-valor.glbimg.com/Do0fppKV0Os0DE5m4alOWgZaSJc=/0x0:1024x576/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2022/3/t/oT6Bt4TguEqkBjJOXo4Q/whatsapp-image-2022-07-12-at-17.29.49.jpeg)