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Por , Valor — São Paulo


A entrada excessiva de aço importado, sobretudo na China, no mercado brasileiro foi a maior fonte de pressão sobre os resultados da Gerdau no primeiro trimestre e segue como principal fator de impacto nos mercados em seus mercados de atuação, disse nesta sexta-feira (03) o presidente da siderúrgica, Gustavo Werneck, em videconferência com jornalistas para comentar o desempenho nos três primeiros meses do ano.

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Conforme o executivo, a Gerdau seguiu apostando em forte disciplina de custos para garantir resultados sólidos e segue buscando oportunidades de adequação de suas operações frente ao cenário atual.

Werneck parabenizou a iniciativa do governo de adotar um sistema de proteção comercial misto, que combina a fixação de cotas de importação para 11 produtos e aplicação de tarifa de 25% sobre o volume excedente por 12 meses.

“É um avanço importante nas condições de isonomia de competição e contempla 25% do mix de produtos comercializados pela Gerdau no país”, comentou.

Embora sejam importantes, seguiu o executivo, as medidas representam um primeiro passo e não resolvem integralmente os desafios enfrentados pela indústria siderúrgica instalada no país.

“A medida não resolve totalmente os problemas, mas a gente acredita que, se acontecerem novas exportações ou crescimento da penetração dos importados [que chegou a quase 20% no primeiro trimestre], novas medidas podem ser adotadas”, comentou.

A expectativa é reativar as capacidades produtivas que foram retiradas do mercado à medida que a taxa de penetração do aço importado seja reduzida.

Segundo o executivo, o caminho para uma solução estrutural para o problema de competitividade enfrentado pela indústria brasileira passa por debates mais amplos, como o de redução dos preços do gás.

“A gente gostaria que, junto com essas medidas de curto prazo, viessem outras olhando as condições de competitividade no médio e longo prazos”, observou.

Em relação a um potencial aumento de preços na esteira da menor oferta de determinados tipos de aço, como reflexo da medida de proteção comercial, Werneck afirmou houve essa preocupação, mas uma iniciativa nesse sentido “nunca foi colocada”.

“O grande benefício que teremos é aumentar nossa capacidade produtiva, diluir custos e manter empregos. Não tem ambiente de negócios hoje, no Brasil, para usar medidas de proteção comercial para subir preço”, afirmou.

De acordo com Werneck, o governo federal e Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) se comprometeram a monitorar os impactos da adoção de cotas de importação para determinados produtos de aço, com aplicação de tarifa de 25% sobre os volumes excedentes, e reavaliar a lista de NCMs caso as importações predatórias cresçam.

“Um primeiro passo foi dado e, a partir daí, esse mecanismo vai sendo ajustado para de fato haver condições mais justas de competição”, explicou.

Inicialmente, houve algum questionamento sobre o estabelecimento de um adicional de 30% sobre os volumes importados entre 2020 e 2022 na definição do tamanho das cotas. Na avaliação de Werneck, essa definição foi feita “dentro da plataforma adequada, mais focada em [aços] planos do que longos”.

“Existe compromisso claro do governo federal, inclusive em longos, que se houver crescimento das importações, novas NCMs podem ser adicionadas”, comentou.

O executivo voltou a afirmar que a adoção da medida não deve se traduzir em aumento significativo de preços ou rentabilidade no curto prazo. “Os preços parecem estar, no curto prazo, mais relacionados a buscar competividade via matérias-primas”, afirmou.

Gustavo Werneck, presidente da Gerdau — Foto: Foto: Carol Carquejeiro/Valor
Gustavo Werneck, presidente da Gerdau — Foto: Foto: Carol Carquejeiro/Valor

Nova usina no México

A Gerdau pretende tomar uma decisão sobre a construção de uma nova usina de aços especiais no México até o fim do ano, em um investimento que pode chegar a US$ 600 milhões, levando em conta as estimativas de mercado para um projeto com o porte pretendido pela companhia.

A siderúrgica deu início a estudos de viabilidade para o potencial investimento em uma unidade com capacidade produtiva de cerca de 600 mil toneladas anuais naquele país. Se a decisão for por seguir em frente, a construção será iniciada já em 2025, de acordo com Werneck.

A Gerdau produz aços longos no México, por meio de uma joint venture, e tem duas unidades nos Estados Unidos, uma operação de negócios (ON) que tem se destacado por margens elevadas e demanda aquecida.

A siderúrgica já havia indicado que os recursos com a venda da fatia em outras duas joint ventures, na Colômbia e na República Dominicana, poderiam ser direcionados a novos investimentos no México ou nos Estados Unidos.

Conforme Werneck, a decisão de ampliar presença no México leva em conta a previsão de ampliação de capacidade de montadoras e clientes instalados naquele país, além do fato de 70% da demanda mexicana de aços especiais ser atendida por importações atualmente.

“O México será uma grande plataforma de exportação de carros para os Estados Unidos e importa aço especiais para essa indústria”, comentou.

O valor exato do projeto pretendido pela Gerdau será conhecido ao fim dos estudos de viabilidade, mas segundo estimativas de mercado, pode variar entre US$ 500 milhões e US$ 600 milhões. “A gente só terá condições de dar visibilidade do tamanho do nosso investimento no fim do ano”, disse.

Segundo o vice-presidente de finanças da Gerdau, Rafael Japur, hoje o mercado de aços especiais no México gira em torno de 1,2 milhão de toneladas por ano e o investimento na nova usina, se for executado, seria realizado 100% pela companhia brasileira.

Até o momento, indicou Japur, a companhia já desembolsou 41% dos R$ 11,9 bilhões previstos no plano de investimentos para o período de 2021 a 2026, com aportes de R$ 858 milhões em suas operações no primeiro trimestre. Metade deste valor foi direcionada para manutenção.

O executivo explicou ainda que a proposta de emitir R$ 1,5 bilhão em debêntures tem como objetivo aproveitar as condições favoráveis no mercado e refinanciar parte das dívidas da Gerdau, com custo mais elevado.

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