Fleury compra laboratório São Lucas, de SC, por R$ 69,8 milhões

O valor equivale a 5,4 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) do ativo. Trata-se de um múltiplo bem inferior ao patamar das aquisições realizadas na fase de bonança do setor, em 2020, quando esse indicador chegava a ser o dobro.

Questionada se essa transação pode ser um indicativo de retomada das aquisições e com valores menores na área da saúde, Jeane Tsutsui, presidente do Fleury, disse que o ativo foi realmente negociado em múltiplos interessantes, mas que a taxa de juros ainda está elevada.

A executiva lembrou que, apesar da alavancagem do Fleury ser baixa (1,2 vez o Ebitda), a prioridade da companhia é a disciplina financeira. Desde 2017, a empresa de medicina diagnóstica comprou 17 ativos entre laboratórios e clínicas médicas.

A aquisição do São Lucas, com cinco laboratórios distribuídos em Itajaí e Balneário Camburiú, marca a entrada do Fleury em Santa Catarina. Até então, a companhia de medicina diagnóstica estava presente na região por meio do Hermes Pardini, que processa exames para laboratórios locais.

Com faturamento de R$ 47 milhões nos últimos 12 meses, o São Lucas é um laboratório tradicional na região, fundado há 60 anos. Um dos pontos que chama atenção é que um terço de sua receita vem de procedimentos particulares. Em geral, no mercado, cerca de 90% dos exames são pagos pelos planos de saúde. Além disso, no sul do país, é comum o hospitais e laboratórios terem forte dependência das Unimeds como fontes pagadoras — o que, em geral, afugenta os investidores.

“O São Lucas reúne os três pilares que buscamos numa aquisição: entrada em nova praça, alinhamento cultural com marca de forte reputação e atende aos nossos parâmetros financeiros”, disse a presidente do Fleury. A marca São Lucas será mantida dentro da companhia, que é dona de 41 bandeiras de laboratórios de medicina diagnóstica.

Jeane lembrou ainda que, apesar da fusão com o Hermes Pardini — que fez a companhia dobrar de tamanho —, o Fleury continua interessado em aquisições na área de medicina diagnóstica. Atualmente, o grupo está presente em 14 Estados com unidades de atendimento. No negócio de prestação de serviços, a companhia processa exames para 7 mil laboratórios no país.

A operação não precisa ser submetida ao Conselho de Administração de Defesa Econômica (Cade) devido ao seu valor, cujos recursos estão saindo do caixa do Fleury.

No ano passado, a companhia encerrou com receita líquida pró-forma de R$ 7,2 bilhões, o que representa uma alta de 9,7% sobre 2022. O Ebitda subiu 10% para R$ 1,8 bilhão. A margem do respectivo indicador ficou estável em 25,2%. O lucro líquido (contábil) avançou 51,7% para R$ 467 milhões.