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Por , Valor — São Paulo


Começou a corrida das empresas que querem arrematar os lotes do primeiro leilão de transmissão de 2024. Empresas, fabricantes de equipamentos e construtoras já estão na fase final de montar propostas e orçamentos em um certame que volta aos moldes tradicionais de bastante concorrência e expectativa de grandes deságios.

O leilão de transmissão de 2024 acontecerá no dia 28 de março na sede da B3, em São Paulo, e prevê investimentos da ordem de R$ 18,2 bilhões e se destina à construção e manutenção de quase 6.500 quilômetros em linhas de transmissão distribuídos em 15 lotes que passam por 14 Estados. O objetivo é viabilizar o escoamento da energia renovável solar e eólica para os centros de consumo e aumentar a segurança operacional do Sistema Interligado Nacional (SIN).

Eletrobras, Alupar e Engie confirmaram que estarão no evento. A Taesa desistiu por questões relacionadas com discussões de nível de endividamento. A colombiana Isa Cteep tem R$ 15 bilhões a executar nos próximos anos e também não participará. São esperados também CPFL, Energisa e Neoenergia.

A grande expectativa é sobre a Eletrobras. Desde os princípios da nova empresa privatizada, os leilões se tornaram uma atividade contínua no grupo. Dos 12 lotes ofertados em 2023, a empresa deu lances em nove, foi competitiva em cinco, mas levou só um. Fontes dizem que a empresa vem forte. Por isso, estaria em negociações com construtoras na fase de pré-leilão. Obviamente, o foco será em lotes que já possuem ativos por perto ou tenham interconexão com lotes já existentes, reduzindo os custos da fase pós-operacional.

Outra expectativa está sobre a Alupar. Após cinco anos sem arrematar nenhum lote em leilões de linhas de transmissão, a empresa foi uma das vencedoras do certame que ocorreu em dezembro de 2023. A companhia também ganhou projetos no Peru, Colômbia e Chile. Ao Valor, o superintendente de relações com investidores, Luiz Coimbra, acredita que este leilão volta para uma dinâmica de concorrência e perspectiva de deságios. Como os tradicionais players estiveram fora do último leilão, ele entende que a maioria está se preparando para o certame de agora.

Além disso, gestoras, fundos de infraestrutura e bancos, com a Vinci, XP, Pátria, Perfin e BTG Pactual, podem aparecer no evento por meio de consórcio com empresas, já que o setor de transmissão é totalmente regulado e o vencedor ganha um contrato de 30 anos indexado ao IPCA sem risco de inadimplência.

“Pela quantidade de lotes, as dificuldades se concentram na execução e atendimento da demanda pelas empresas de construção/montagem e fornecimento de equipamentos, bem como na oferta de profissionais com experiência para a gestão dos projetos pelas concessionárias”, diz o consultor na área de transmissão Rogério Pereira de Camargo.

O leilão de dezembro de 2023 estava muito concentrado na tecnologia chinesa, por isso afastou os tradicionais fornecedores de equipamentos e limitou a competitividade. Mesmo assim, a demanda segue alta, mas as empresas dizem que podem atender a demanda. O diretor financeiro da WEG, André Rodrigues, lembra que recentemente houve um investimento de R$ 1,2 bilhão para expansão da capacidade de produção de transformadores.

“Estamos preparados para atender o mercado, tanto que estamos investindo no Brasil para aumentar a capacidade de produção da fábrica de Betim (MG), uma fábrica da antiga Toshiba, que compramos da Fram Capital em 2020. A WEG está pronta, sim, para entregar as necessidades dos clientes”, diz o executivo.

Da mesma forma, a Siemens Energy diz investir no aumento da capacidade de atendimento a essa demanda. O vice-presidente de Grid Technologies da Siemens Energy para as Américas, Danilo Bezerra, diz que a indústria vem equilibrando as pressões de custos relativas à inflação, commodities e estresses da cadeia produtiva, cada vez mais influenciadas por um cenário global ainda turbulento.

“Em certa medida, os cenários e contextos que marcaram os certames da Aneel no ano passado se mantêm para 2024, com quase um terço do capex estimado sendo disputado pelos fabricantes.”

Outro ponto que joga tensão sobre o certame é a greve de servidores de campo do Ibama ao ponto que gera uma certa falta de previsibilidade. Dos 15 lotes oferecidos, sete precisam de licenciamento ambiental do órgão federal. Os outros são licenciados pelos Estados.

O presidente da empresa de consultoria ambiental Ambientare, Felipe Lavorato, explica que o Ibama não está analisando de forma prioritária os novos licenciamentos, apenas aqueles outros licenciamentos que já estavam acumulados dentro da estrutura do órgão.

“Eventuais atrasos no licenciamento dos lotes do leilão podem comprometer o cronograma construtivo das empresas, que ainda precisam ser adequados em razão dos períodos chuvosos, e eventualmente poderá comprometer o prazo de entrada em operação das linhas de transmissão previstas nos contratos de concessão. Isso tudo, resulta em riscos de aplicação de penalidades pela Aneel, discussões contratuais e até possível judicialização”, diz Lavorato.

 — Foto: Miguel Á. Padriñán/Pexels
— Foto: Miguel Á. Padriñán/Pexels
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