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Por Leila Souza Lima — De São Paulo


Edu Lyra, fundador da Gerando Falcões: “Um mundo melhor para os mais pobres vai ser um mundo melhor para todos” — Foto: Alexandre Schneider/Divulgação
Edu Lyra, fundador da Gerando Falcões: “Um mundo melhor para os mais pobres vai ser um mundo melhor para todos” — Foto: Alexandre Schneider/Divulgação

É vestido com uma camisa 10 nas cores do Brasil, confeccionada especialmente para a ocasião, que Eduardo Lyra, fundador e CEO da ONG Gerando Falcões, vai começar a jornada de hoje. O primeiro compromisso no dia em que a organização não governamental completa uma década de fundação é uma live com todos os colaboradores para confraternização e agradecimentos. Mas ele tem outras razões para sextar feliz e comemorar, e uma delas é que a mais nova cria gestada pela GF, o projeto Favela 3D, chegou esta semana a R$ 42 milhões em captações e investimentos sociais patrocinados por parceiros públicos e privados.

Lyra é desses realizadores que, em vez de olhar no retrovisor, preferem mirar no horizonte, mas pelo prisma colaborativo, não sob a ótica de um projeto pessoal. Para o jovem de 33 anos, o que o futuro do país exige - seja dele, dos demais agentes sociais, empresários ou lideranças públicas - é um plano de reconstrução consistente e inquebrantável, que sobreviva a todo e qualquer governo.

“O que a gente precisa é de um grande pacto social para combater a pobreza. Mas esse projeto não pode se deter a um grupo de iluminados, e tem que ter fundações sólidas, contornos institucionais. Isso significa dizer que, independente de governos, continue a servir à população, sem risco de demolição. Digo até que sólido como um capítulo da Constituição”, descreve.

Criada por Edu Lyra, como ele é mais conhecido, junto com os parceiros Lemaestro, Amanda Boliarini e Mayara Lyra, em Poá, município da grande São Paulo, a Gerando Falcões tinha o objetivo inicial de combater os efeitos da desigualdade em favelas de municípios vizinhos. Mas uma década depois de seu lançamento - com a adesão de inúmeros voluntários, e o engajamento de organizações e empresas -, o projeto se expandiu para diversas cidades brasileiras, contando com o apoio de replicadores da tecnologia social.

Em 2019, atuava em 30 favelas, número que saltou para 691 este ano - crescimento de 2.200% em dois anos. Já o total de líderes engajados no país aumentou 955% nesse período - eram 18 em 2019 e hoje são 190. O número de unidades que fazem parte da rede subiu 180%, saindo de 10, há dois anos, para 24.

“Um dos nossos objetivos para os próximos dez anos é estar presentes em 100% das favelas do país. Estamos chegando a mil, mas queremos escalar para 14 mil”, planeja Lyra. E dentro de suas projeções, o jovem acalenta outro sonho audacioso: fechar as portas da ONG em cerca de cinco décadas após cumprir a missão à qual se propôs quando surgiu em 2011.

“A Gerando Falcões não foi feita para durar eternamente”, afirma Edu Lyra, que foi criado numa favela de Guarulhos em meio a todas as adversidades que essa condição impõe e financiou o início do projeto com a venda de seu primeiro livro, o ‘Jovens Falcões’. “Espero que nesse prazo a gente tenha concluído nossa meta de colocar a miséria e a pobreza no museu”, projeta.

O Favela 3D - que na concepção da entidade resume o conceito de favela digital, digna e desenvolvida - já começa a ganhar corpo na Vila Itália, em São José do Rio Preto, no Noroeste de São Paulo. Concebida para fazer intervenção social, urbanística e sistêmica no território, a iniciativa entra agora em fase 2, de implementação, e visa interromper o ciclo de pobreza de cerca de 250 famílias da região. Além disso, hoje ainda, Edu Lyra assina termo de cooperação com a prefeitura de Maceió (AL), criando um braço do projeto no Nordeste, na comunidade Vergel do Lago.

No caso do projeto-piloto no interior paulista, a monta de R$ 42 milhões refere-se a investimentos da prefeitura local, do governo do Estado de São Paulo, por meio do projeto ‘Cidadania para Todos’, e dos parceiros privados atraídos com ajuda da Fundação Lemann, que também é doadora.

Também para comemorar esses primeiros dez anos, a ONG divulga hoje pesquisa inédita feita pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis), com o fim de medir o impacto de suas ações em campo. Os resultados mostram que, para cada R$ 1 investido nas oficinas de esporte e cultura e no programa de qualificação profissional no ano passado - o primeiro da pandemia no país -, houve retorno social de R$ 3,50 aos beneficiários cobertos, o que a organização avalia um grande êxito.

O enfrentamento à covid-19 no país também trouxe novos desafios para a Gerando Falcões. O agravamento da fome levou a ONG a lançar a campanha ‘Corona no Paredão, Fome Não’, que entrega “cestas digitais” aos mais pobres - um tipo de voucher para compras básicas. Segundo Lyra, a ação já arrecadou mais de R$ 58 milhões neste ano, com quase 1 milhão de pessoas tendo acesso a alimentos.

“A pobreza e a fome não são boas para ninguém. Um mundo melhor para os mais pobres vai ser um mundo melhor para todos”, diz o realizador. Para ele, a década que começou com uma crise sanitária global só inferior, em número de mortes, à gripe espanhola do início do século 20, pode ser também a de uma redução importante das desigualdades. “Mas para isso, combater a pobreza deve ser parte do core business das organizações, do eixo central. Seja de governos, empresas, ONGS ou da mídia”.

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