O Banco Central revisou sua projeção para o déficit em conta corrente do Brasil de US$ 48 bilhões para US$ 53 bilhões em 2024 (ou 2,3% do PIB), de acordo com as informações do Relatório de Inflação (RI) de junho, divulgado nesta quinta-feira (27).
"O cenário segue favorável, caracterizado por déficit moderado na conta de transações correntes, ainda que superior ao esperado no relatório anterior; superávit elevado na balança comercial; e investimento direto no país (IDP) em valor superior ao déficit em transações correntes", diz o BC.
A revisão na conta corrente reflete, segundo o BC, gastos líquidos maiores nas contas de serviços (de -US$ 40 bilhões para -US$ 43 bilhões) e renda primária (de -US$ 68 bilhões para US$ -71 bilhões).
Para a conta de serviços, o maior déficit projetado reflete aumento dos gastos com serviços de tecnologia e propriedade intelectual, diz o BC. Já a projeção de déficit maior na conta de renda primária resulta de queda nos rendimentos de investimentos diretos no exterior.
A projeção para o superávit da balança comercial permaneceu inalterada em US$ 59 bilhões, com aumentos de igual magnitude das exportações, refletindo maior volume embarcado de petróleo, e das importações, incorporando aumento disseminado nas compras internacionais de bens de capital.
O BC observa que, em 2024, o petróleo deve superar a soja como principal item da pauta de exportação, tendência que pode perdurar caso projeções de produção da commodity se concretizem.
Na conta financeira, o fluxo líquido de IDP foi revisado para baixo, de US$ 70 bilhões para US$ 65 bilhões, equivalente a 2,9% do PIB. "A revisão incorpora tendência recente de queda nesses fluxos, em particular nos fluxos de participação no capital, que tiveram começo de ano promissor", afirma o BC.
Para os investimentos em carteira, agora o BC espera neutralidade, ante expectativa, no relatório anterior, de que haveria entrada líquida positiva concentrada em títulos. "Além de incorporar as fortes saídas de estrangeiros em abril, a projeção leva em conta o aumento da incerteza nos cenários externo e doméstico", diz o relatório de junho.