Em meio a um clima excepcionalmente quente, mais um turista morreu na Grécia. Dessa vez, foi um norte-americano de 55 anos que passeava pela ilha de Mathraki. As outras mortes foram do apresentador de TV britânico Michael Mosley, cujo corpo foi encontrado na ilha de Symi em 9 de junho, após uma operação de busca de quatro dias, e de um turista holandês de 74 anos, encontrado sem vida na Ilha de Samos.
Mais duas pessoas, de nacionalidades e idades não divulgadas, foram achadas sem vida em Creta em 5 de junho. As equipes de resgate ainda procuram duas francesas, de 73 e 64 anos, na ilha de Sikinos, e um americano de 59 anos, em Amorgos.
“Há um padrão comum: todos fizeram caminhadas em meio a altas temperaturas”, disse Petros Vassilakis, porta-voz da polícia para o sul do Egeu, à Reuters. “Há duas operações de busca em andamento em outras ilhas. Polícia, bombeiros e voluntários foram mobilizados com a ajuda de um drone e de um cão de resgate.”
A causa das mortes ainda não foi confirmada, o que será feito somente após autópsia, mas as autoridades alertam os indivíduos para não subestimarem os impactos do calor.
Efeitos do calor no cérebro
As temperaturas na Grécia têm passado dos 40ºC. O calor pode ter impactos negativos em qualquer pessoa, mas os mais vulneráveis costumam ser idosos, crianças pequenas, grávidas e portadores de doenças pré-existentes e transtornos mentais.
À rede CNN, cientistas disseram que o que está acontecendo na Grécia é um sinal de alerta sobre os impactos do clima excessivamente quente no corpo, e em particular no cérebro, podendo causar confusão, afetando a capacidade de tomada de decisão das pessoas e até a sua percepção de risco.
“O calor extremo pode perturbar a atividade cerebral típica”, salientou Kim Meidenbauer, neurocientista da Universidade Estadual de Washington, dos Estados Unidos. “As redes cerebrais que normalmente permitem às pessoas pensar com clareza, raciocinar, lembrar e construir e formular ideias podem ficar ‘desequilibradas’”.
Damian Bailey, professor de fisiologia e bioquímica da Universidade de Gales do Sul, da Austrália, acrescentou que a pesquisa tradicionalmente se concentra no impacto do calor extremo nos músculos, na pele, nos pulmões e no coração, mas o cérebro é a chave de tudo.
Isso porque é neste órgão que a temperatura corporal é regulada, e ele funciona bem dentro de uma faixa estreita de temperaturas, porém, mesmo pequenas mudanças podem afetá-lo. “À medida que o calor aumenta, pode ter efeitos graves, incluindo a redução dos fluidos no corpo e a diminuição do fluxo sanguíneo para o cérebro”, explicou.
Em locais quentes, algumas dicas para se proteger são evitar a exposição ao sol nos períodos de maior calor, ficar na sombra, usar roupas leves, manter a hidratação e aplicar bolsas de gelo na cabeça e no pescoço.