Mestre em Arqueologia pela Universidade do Minho (UM) e Bacharel e Licenciada em História pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), tem como especialização a área de Epigrafia latina.
This article will present two inscriptions dedicated by fullones, whom lived in the
Conuentus Bra... more This article will present two inscriptions dedicated by fullones, whom lived in the Conuentus Bracaraugustanus around the II century A.D. Both votive dedications are to gods diferent from those imagined that would relate to their activity. They belived in the protection of the Genius Laquiniensis and the Mars Tarbuceli, deities that were, possibly, a result of interpretatio, a phenomenon triggered by the contact of Roman cultural practices with the diversity of indigenous culture in a bidirectional negociation, in a process called romanization.
Fundada em finais do século I a.C., Bracara Augusta, capital do conuentus Bracaraugustanus foi um... more Fundada em finais do século I a.C., Bracara Augusta, capital do conuentus Bracaraugustanus foi uma cidade dinâmica, com importantes funções jurídicas, religiosas e administrativas. Sua população constituída por membros dos mais diversos povoados fortificados envolventes, vivenciou uma cidade estruturada a partir dos padrões romanos e adotou alguns dos hábitos destes, como o impulso cultural para produzir inscrições. Os produtos de hábito epigráfico são aqui analisados para entendermos um pouco mais das mulheres bracaraugustanas, procurando com que frequência estavam representadas e em quais tipos de tituli, como eram referidas, se sozinhas ou associadas a homens, qual o seu estatuto jurídico, quais suas funções na comunidade e como foram lembradas por seus entes queridos quando faleceram.
Founded at the end of the 1st century BC, Bracara Augusta, capital of the conuentus Bracaraugustanus was a dynamic city, with important administrative, juridical and religious functions. Its population formed by the various members of the hillforts that surrounded it, lived in an urban space, designed to follow Roman patterns, and adopted some of the Roman habits, like their cultural impulse to produce inscriptions. The products of this Roman custom are analyzed in this article, in search of a better understanding of the women that lived there, observing data that mentioned how they were presented, what was their social status and their activities in this community and also how they were remembered by their loved ones.
Esta monografia de graduação visa identificar e analisar os vestígios epigráficos de práticas de ... more Esta monografia de graduação visa identificar e analisar os vestígios epigráficos de práticas de interpretatio entre deuses indígenas e romanos nas evoluções do Fórum de Conimbriga. Este monumento era o coração da cidade e abrigava os cultos públicos que refletiam o momento que a cidade vivia e a intensidade da influência romana nesta localidade. Por isso, analisamos as epígrafes encontradas ou relacionadas a esta área que se preocupavam principalmente com a proteção do território e dos habitantes de Conimbriga e com a Casa Imperial. Nelas, observamos deidades criadas a partir de interpretationes e adoradas durante os séculos I, II e III d.C, períodos de intenso contato desta cidade com a cultura romana.
Em um mundo que vive uma intensificação do processo de ‘globalização’ e um aumento nos fenômenos ... more Em um mundo que vive uma intensificação do processo de ‘globalização’ e um aumento nos fenômenos de intolerância religiosa, um estudo sobre interações culturais parece imperativo. Nesta dissertação de mestrado, nos voltamos para o período romano, quando um processo chamado ‘romanização’, uma transformação econômica, social e cultural, comparada muitas vezes ao termo ‘globalização’, produziu novas e diferentes identidades, que mesclavam as diversas culturas que viveram sob o domínio romano. Este é um dos conceitos principais que regem uma pesquisa que analisa um aspeto da interação e tolerância religiosa, a ‘interpretatio’, uma prática comum na religião romana que consistia em um complexo fenómeno de assimilação de um deus romano a outro indígena, visível, principalmente em sua teoníma. Os resultados desta prática podem ser vistos na fachada ocidental do conuentus Bracaraugustanus, através dos monumentos epigráficos, o objeto e a área de estudo aqui analisados.
Este trabalho faz uma discussão sobre os conceitos de ‘romanização’ e ‘interpretatio’, apresentando não só a historiografia associada a estes, mas também os termos alternativos que vêm sendo utilizados pelos autores que trabalham esta temática e os diferentes estudos que utilizaram a epigrafia desta região. E ainda, observa e analisa os elementos apresentados pelos monumentos epigráficos escolhidos, como: a identificação de cada deidade, o estatuto dos cultores, a fórmula votiva utilizada, seus suportes e sua eventual decoração, comparando resultados dos deuses romano-indígenas com aqueles de seus equivalentes romanos. Além de também, relacionar estes tituli a rede de povoamento da região, tentando perceber se estes deuses poderiam ser associados a espaços rurais ou urbanos e com regiões de maior ou menor ocupação romana e pré-romana, também fazendo aqui comparações entre as informações acerca das manifestações a divindades romanas e romano-indígenas.
Neste estudo mostramos, então, que apesar das sutis diferenças entre ambas as manifestações, é possível ver algumas divergências, principalmente ao se olhar para a formação dos nomes divinos e possivelmente, para o estatuto dos dedicantes e para o período em que as epígrafes foram erigidas. Sendo possível perceber também que quase todos os vestígios consagrados aquelas deidades romano-indígenas estão relacionados a povoados de raiz romana, concentrados em áreas como: a região do vale do Lima; as áreas de montanha ao longo da via XVIII, na bacia do Cávado; nas bacias dos cursos médios do Ave e do Vizela; e nas bacias do curso médio e final dos rios Sousa e Tâmega.
This article will present two inscriptions dedicated by fullones, whom lived in the
Conuentus Bra... more This article will present two inscriptions dedicated by fullones, whom lived in the Conuentus Bracaraugustanus around the II century A.D. Both votive dedications are to gods diferent from those imagined that would relate to their activity. They belived in the protection of the Genius Laquiniensis and the Mars Tarbuceli, deities that were, possibly, a result of interpretatio, a phenomenon triggered by the contact of Roman cultural practices with the diversity of indigenous culture in a bidirectional negociation, in a process called romanization.
Fundada em finais do século I a.C., Bracara Augusta, capital do conuentus Bracaraugustanus foi um... more Fundada em finais do século I a.C., Bracara Augusta, capital do conuentus Bracaraugustanus foi uma cidade dinâmica, com importantes funções jurídicas, religiosas e administrativas. Sua população constituída por membros dos mais diversos povoados fortificados envolventes, vivenciou uma cidade estruturada a partir dos padrões romanos e adotou alguns dos hábitos destes, como o impulso cultural para produzir inscrições. Os produtos de hábito epigráfico são aqui analisados para entendermos um pouco mais das mulheres bracaraugustanas, procurando com que frequência estavam representadas e em quais tipos de tituli, como eram referidas, se sozinhas ou associadas a homens, qual o seu estatuto jurídico, quais suas funções na comunidade e como foram lembradas por seus entes queridos quando faleceram.
Founded at the end of the 1st century BC, Bracara Augusta, capital of the conuentus Bracaraugustanus was a dynamic city, with important administrative, juridical and religious functions. Its population formed by the various members of the hillforts that surrounded it, lived in an urban space, designed to follow Roman patterns, and adopted some of the Roman habits, like their cultural impulse to produce inscriptions. The products of this Roman custom are analyzed in this article, in search of a better understanding of the women that lived there, observing data that mentioned how they were presented, what was their social status and their activities in this community and also how they were remembered by their loved ones.
Esta monografia de graduação visa identificar e analisar os vestígios epigráficos de práticas de ... more Esta monografia de graduação visa identificar e analisar os vestígios epigráficos de práticas de interpretatio entre deuses indígenas e romanos nas evoluções do Fórum de Conimbriga. Este monumento era o coração da cidade e abrigava os cultos públicos que refletiam o momento que a cidade vivia e a intensidade da influência romana nesta localidade. Por isso, analisamos as epígrafes encontradas ou relacionadas a esta área que se preocupavam principalmente com a proteção do território e dos habitantes de Conimbriga e com a Casa Imperial. Nelas, observamos deidades criadas a partir de interpretationes e adoradas durante os séculos I, II e III d.C, períodos de intenso contato desta cidade com a cultura romana.
Em um mundo que vive uma intensificação do processo de ‘globalização’ e um aumento nos fenômenos ... more Em um mundo que vive uma intensificação do processo de ‘globalização’ e um aumento nos fenômenos de intolerância religiosa, um estudo sobre interações culturais parece imperativo. Nesta dissertação de mestrado, nos voltamos para o período romano, quando um processo chamado ‘romanização’, uma transformação econômica, social e cultural, comparada muitas vezes ao termo ‘globalização’, produziu novas e diferentes identidades, que mesclavam as diversas culturas que viveram sob o domínio romano. Este é um dos conceitos principais que regem uma pesquisa que analisa um aspeto da interação e tolerância religiosa, a ‘interpretatio’, uma prática comum na religião romana que consistia em um complexo fenómeno de assimilação de um deus romano a outro indígena, visível, principalmente em sua teoníma. Os resultados desta prática podem ser vistos na fachada ocidental do conuentus Bracaraugustanus, através dos monumentos epigráficos, o objeto e a área de estudo aqui analisados.
Este trabalho faz uma discussão sobre os conceitos de ‘romanização’ e ‘interpretatio’, apresentando não só a historiografia associada a estes, mas também os termos alternativos que vêm sendo utilizados pelos autores que trabalham esta temática e os diferentes estudos que utilizaram a epigrafia desta região. E ainda, observa e analisa os elementos apresentados pelos monumentos epigráficos escolhidos, como: a identificação de cada deidade, o estatuto dos cultores, a fórmula votiva utilizada, seus suportes e sua eventual decoração, comparando resultados dos deuses romano-indígenas com aqueles de seus equivalentes romanos. Além de também, relacionar estes tituli a rede de povoamento da região, tentando perceber se estes deuses poderiam ser associados a espaços rurais ou urbanos e com regiões de maior ou menor ocupação romana e pré-romana, também fazendo aqui comparações entre as informações acerca das manifestações a divindades romanas e romano-indígenas.
Neste estudo mostramos, então, que apesar das sutis diferenças entre ambas as manifestações, é possível ver algumas divergências, principalmente ao se olhar para a formação dos nomes divinos e possivelmente, para o estatuto dos dedicantes e para o período em que as epígrafes foram erigidas. Sendo possível perceber também que quase todos os vestígios consagrados aquelas deidades romano-indígenas estão relacionados a povoados de raiz romana, concentrados em áreas como: a região do vale do Lima; as áreas de montanha ao longo da via XVIII, na bacia do Cávado; nas bacias dos cursos médios do Ave e do Vizela; e nas bacias do curso médio e final dos rios Sousa e Tâmega.
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Conuentus Bracaraugustanus around the II century A.D. Both votive dedications are to gods
diferent from those imagined that would relate to their activity. They belived in the protection
of the Genius Laquiniensis and the Mars Tarbuceli, deities that were, possibly, a result of
interpretatio, a phenomenon triggered by the contact of Roman cultural practices with the
diversity of indigenous culture in a bidirectional negociation, in a process called romanization.
Founded at the end of the 1st century BC, Bracara Augusta, capital of the conuentus Bracaraugustanus was a dynamic city, with important administrative, juridical and religious functions. Its population formed by the various members of the hillforts that surrounded it, lived in an urban space, designed to follow Roman patterns, and adopted some of the Roman habits, like their cultural impulse to produce inscriptions. The products of this Roman custom are analyzed in this article, in search of a better understanding of the women that lived there, observing data that mentioned how they were presented, what was their social status and their activities in this community and also how they were remembered by their loved ones.
Este trabalho faz uma discussão sobre os conceitos de ‘romanização’ e ‘interpretatio’, apresentando não só a historiografia associada a estes, mas também os termos alternativos que vêm sendo utilizados pelos autores que trabalham esta temática e os diferentes estudos que utilizaram a epigrafia desta região. E ainda, observa e analisa os elementos apresentados pelos monumentos epigráficos escolhidos, como: a identificação de cada deidade, o estatuto dos cultores, a fórmula votiva utilizada, seus suportes e sua eventual decoração, comparando resultados dos deuses romano-indígenas com aqueles de seus equivalentes romanos. Além de também, relacionar estes tituli a rede de povoamento da região, tentando perceber se estes deuses poderiam ser associados a espaços rurais ou urbanos e com regiões de maior ou menor ocupação romana e pré-romana, também fazendo aqui comparações entre as informações acerca das manifestações a divindades romanas e romano-indígenas.
Neste estudo mostramos, então, que apesar das sutis diferenças entre ambas as manifestações, é possível ver algumas divergências, principalmente ao se olhar para a formação dos nomes divinos e possivelmente, para o estatuto dos dedicantes e para o período em que as epígrafes foram erigidas. Sendo possível perceber também que quase todos os vestígios consagrados aquelas deidades romano-indígenas estão relacionados a povoados de raiz romana, concentrados em áreas como: a região do vale do Lima; as áreas de montanha ao longo da via XVIII, na bacia do Cávado; nas bacias dos cursos médios do Ave e do Vizela; e nas bacias do curso médio e final dos rios Sousa e Tâmega.
Conuentus Bracaraugustanus around the II century A.D. Both votive dedications are to gods
diferent from those imagined that would relate to their activity. They belived in the protection
of the Genius Laquiniensis and the Mars Tarbuceli, deities that were, possibly, a result of
interpretatio, a phenomenon triggered by the contact of Roman cultural practices with the
diversity of indigenous culture in a bidirectional negociation, in a process called romanization.
Founded at the end of the 1st century BC, Bracara Augusta, capital of the conuentus Bracaraugustanus was a dynamic city, with important administrative, juridical and religious functions. Its population formed by the various members of the hillforts that surrounded it, lived in an urban space, designed to follow Roman patterns, and adopted some of the Roman habits, like their cultural impulse to produce inscriptions. The products of this Roman custom are analyzed in this article, in search of a better understanding of the women that lived there, observing data that mentioned how they were presented, what was their social status and their activities in this community and also how they were remembered by their loved ones.
Este trabalho faz uma discussão sobre os conceitos de ‘romanização’ e ‘interpretatio’, apresentando não só a historiografia associada a estes, mas também os termos alternativos que vêm sendo utilizados pelos autores que trabalham esta temática e os diferentes estudos que utilizaram a epigrafia desta região. E ainda, observa e analisa os elementos apresentados pelos monumentos epigráficos escolhidos, como: a identificação de cada deidade, o estatuto dos cultores, a fórmula votiva utilizada, seus suportes e sua eventual decoração, comparando resultados dos deuses romano-indígenas com aqueles de seus equivalentes romanos. Além de também, relacionar estes tituli a rede de povoamento da região, tentando perceber se estes deuses poderiam ser associados a espaços rurais ou urbanos e com regiões de maior ou menor ocupação romana e pré-romana, também fazendo aqui comparações entre as informações acerca das manifestações a divindades romanas e romano-indígenas.
Neste estudo mostramos, então, que apesar das sutis diferenças entre ambas as manifestações, é possível ver algumas divergências, principalmente ao se olhar para a formação dos nomes divinos e possivelmente, para o estatuto dos dedicantes e para o período em que as epígrafes foram erigidas. Sendo possível perceber também que quase todos os vestígios consagrados aquelas deidades romano-indígenas estão relacionados a povoados de raiz romana, concentrados em áreas como: a região do vale do Lima; as áreas de montanha ao longo da via XVIII, na bacia do Cávado; nas bacias dos cursos médios do Ave e do Vizela; e nas bacias do curso médio e final dos rios Sousa e Tâmega.