Já falei sobre mashup – a mixagem / fusão de duas ou mais músicas sobrepondo ou alternando elementos delas – aqui, mas confesso que conheço bem pouco sobre o assunto. Mas o Edu Corrêa, que tem o blog Diálogo Externo, me indicou este sensacional mashup do site Wax Audio de Stayin’ Alive, dos Bee Gees, e Another Brick in the Wall Part II, do Pink Floyd.
Stayin’ alive in the wall (Pink Floyd vs Bee Gees Mashup) – Wax Audio
Meu interesse por um mashup diminui na medida em que ele é apenas uma piada e aumenta quanto mais ele consegue realmente fazer com que as duas ou mais músicas que o formam se tornem uma terceira coisa. Já vi vários mashups que não passam de colocar a voz de uma canção sobre o arranjo de outro, o que na verdade é o que convencionou-se chamar música incidental. Mashup bom é quando se consegue ouvir elementos soando ao mesmo tempo e contracenando um com o outro, e quando as idéias e os climas das músicas interferem uns nos outros a ponto de gerar outras idéias e climas. É quando se pode dizer que criou-se algo.
E o que me deixou impressionado neste aqui foi justamente que o que poderia parecer uma bobagem pela diferença absurda entre as duas músicas, que soam absolutamente opostas, digamos, ideologicamente, uma espécie de celebração individualista e convite à dança de uma lado do ringue, e uma crítica feroz ao autoritarismo e à alienação com o fogo centrado na sala de aula, do outro.
Pois o resultado me surpreendeu. Primeiro pelo fato de a harmonia das duas se encaixar perfeitamente. A passagem para a segunda parte com o efeito de estúdio de Stayin’ Alive somado à guitarra de David Gilmour ficou perfeita, e a frase “life goin’ nowere, somebody help me” tem seu sentido totalmente alterado ao anteceder o grito de Gilmour: “Hey! Teacher! Leave us kids alone!” Isso sem contar a sobreposição perfeita entre a linha de baixo de Roger Waters, e o desenho da guitarra de Barry Gibb, marcas registradas das duas canções. O que poderia ser uma briga (os mashups costumam ser apresentados com a fórmula “artista ‘A’ versus artista ‘B'”) se transforma em uma conjunção, o resultado final, se não maior, é bem diferente da soma das partes. Valeu, Edu.