N�o h� como falar sobre artes em Minas sem pensar, de imediato, no legado hist�rico do ciclo do ouro, vis�vel sobretudo na arquitetura religiosa. Visitar as cidades hist�ricas mineiras � encantar-se com a profus�o de igrejas do per�odo colonial, cuja quantidade de detalhes de ornamenta��o, por si s�, enche os olhos e, num passe de m�gica, parece nos transportar no tempo.
Para bem aproveitar uma viagem a Ouro Preto, Mariana, S�o Jo�o del-Rei, Tiradentes ou Sabar�, por exemplo, � importante cercar-se de algumas informa��es que ajudem a distinguir os elementos constituintes das edifica��es.
Embora se tenha tornado frequente, a express�o "barroco mineiro" oculta o fato de que a arte sacra do per�odo colonial brasileiro tem marcas tanto do barroco como do rococ�. Este, durante muito tempo, n�o foi considerado um estilo propriamente dito.
� prov�vel que esse desapre�o tenha origem no fato de ser o rococ� um estilo nascido nas artes ornamentais e decorativas. Seu nome alude � rocalha (em franc�s, "rocaille"), termo que designa um motivo decorativo inspirado em conchas assim�tricas, e tudo leva a crer que seja uma deriva��o jocosa dessa palavra, em analogia a "barroco".
Por muito tempo associado a mau gosto, afeta��o ou excesso de rebuscamento (com sentido pejorativo registrado em dicion�rios), o rococ�, gra�as � pesquisa hist�rica, j� � reconhecido como estilo aut�nomo.
Na arte sacra de Minas Gerais, elementos do barroco e do rococ� mesclam-se com tra�os aut�ctones, resultando em uma produ��o singular, cuja investiga��o atrai estudiosos do mundo todo.
Certas circunst�ncias favoreceram a originalidade dessa arte. A dist�ncia de portos e a geografia montanhosa da regi�o dificultavam a importa��o de materiais de Lisboa. Assim, os artistas substitu�ram a pedra de lioz e a azulejaria da arquitetura portuguesa pela pedra-sab�o e pela madeira pintada, que imitava o ladrilho lusitano.
O momento hist�rico produziu outra circunst�ncia igualmente importante. Como a coroa portuguesa proibiu o estabelecimento de ordens religiosas na col�nia, temerosa de que as riquezas pudessem ser desviadas, tornaram-se presen�a importante em Minas as ordens terceiras e irmandades, que eram compostas de leigos, a quem coube n�o s� a promo��o de cultos religiosos como tamb�m a constru��o de novas igrejas. A influ�ncia europeia cederia espa�o � criatividade local.
Quem quiser aprofundar-se na compreens�o da arte sacra de Minas Gerais poder� procurar as publica��es da pesquisadora Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira, especialista no tema.
Os que preferirem uma leitura n�o acad�mica, por�m precisa, poder�o deleitar-se com o "Guia de Ouro Preto", de Manuel Bandeira, em que o poeta leva pela m�o o viajante, ora descrevendo casarios e igrejas, ora contando hist�rias do per�odo colonial.
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Ouro Preto
IGREJA DE S�O FRANCISCO DE ASSIS
� dentro da igreja de Nossa Senhora da Concei��o que est�o os restos mortais de Ant�nio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e os de seu pai, Manuel Francisco Lisboa. � l� tamb�m que fica o Museu Aleijadinho, onde est�o preservados trabalhos do escultor.
Como o edif�cio est� passando por obras de restaura��o, as pe�as foram transferidas para a igreja de S�o Francisco de Assis, que re�ne elementos do barroco e do rococ�. Em sua portada, considerada uma das principais manifesta��es do rococ� mineiro, est�o os anjos adultos esculpidos por Aleijadinho.
- Onde largo de Coimbra, s/n�
- Quando ter. a dom., das 8h30 �s 12h e das 13h30 �s 17h
- Quanto a partir de R$ 4
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IGREJA NOSSA SENHORA DO ROS�RIO
Como a igreja de S�o Pedro dos Cl�rigos, em Mariana, esse edif�cio tem planta curvil�nea. O autor de ambos os projetos foi o portugu�s Ant�nio Pereira de Souza Calheiros, que se teria inspirado no Pante�o de Roma.
O frontisp�cio arredondado � ladeado por torres circulares, que depois foram reproduzidas em outros lugares. No seu interior, quase todas as imagens s�o de santos negros.
- Onde largo do Ros�rio, s/n�
- Quando ter. a s�b., das 12h �s 16h45; dom., das 13h �s 15h30
- Quanto gr�tis
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MUSEU DA INCONFID�NCIA
Na d�cada de 1930, o ent�o presidente Get�lio Vargas determinou que os restos mortais dos participantes da Inconfid�ncia Mineira fossem exumados e repatriados –em 1789, ap�s o insucesso da conjura��o e a condena��o de Tiradentes � forca, os demais foram exilados para a �frica.
Com a volta desses restos mortais, alocados no Pante�o dos Inconfidentes, surgiu o museu, que conserva um acervo de mais de 4.000 pe�as dos s�culos 18 e 19.
- Onde p�a. Tiradentes, 139
- Quando ter. a dom., 12h �s 18h
- Quanto R$ 10
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Tiradentes
IGREJA MATRIZ DE SANTO ANT�NIO
Um dos principais exemplares da arquitetura religiosa do per�odo colonial de Minas. As esculturas da fachada e da portada t�m autoria atribu�da a Aleijadinho.
Exemplar do estilo barroco, a constru��o � marcada pelo ambiente escuro e pelo abundante revestimento de talha dourada. � tida como uma das igrejas que t�m maior quantidade de ouro no Brasil.
- Onde r. Padre Toledo, s/n�
- Quando das 9h �s 17h
- Quanto R$ 5
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MUSEU DA LITURGIA E MUSEU SANT'ANA
A cidade viu dois museus serem abertos nos �ltimos anos. O Museu da Liturgia, inaugurado em 2012, � o �nico dedicado ao tema na Am�rica Latina. Tem um acervo de mais de 420 pe�as sacras, como urnas do Sant�ssimo, lanternas processionais, crucifixos e outros itens de decora��o de altar, que datam dos s�culos 18 a 20.
O Museu Sant'Ana, inaugurado em 2014, � dedicado � santa protetora dos lares, da fam�lia e dos mineradores. Seu acervo re�ne 291 imagens da santa feitas por artistas de todo o Brasil entre os s�culos 17 e 20.
- Onde r. Jogo de Bola, 15 (Liturgia) e r. Direita, 93 (Sant'Ana)
- Quando qui. a seg., das 12h �s 17h; dom., das 10h �s 14h (Liturgia); qua. a seg., das 10h �s 19h (Sant'Ana)
- Quanto R$ 10 (Liturgia) e R$ 5 (Sant'Ana)
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ATELI�S
Nem s� de arte barroca e rococ� vive a cidade. Tiradentes tem ateli�s de arte contempor�nea que abrem suas portas aos visitantes.
Um grupo de 15 pintores e escultores, entre os quais S�rgio Ramos e a ceramista Beth Cavalcanti, criou uma rota para ajudar o turista a encontrar os locais. As visitas s�o gratuitas e podem ser feitas a p� em at� dois dias. Mais informa��es podem ser vistas no site do projeto.
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S�o Jo�o del-Rei
IGREJA DE S�O FRANCISCO DE ASSIS
O risco da fachada � de autoria de Aleijadinho. Foi, por�m, modificado pelo construtor da igreja, que manteve do desenho original o motivo do �culo central e a estrutura b�sica das linhas do front�o.
No interior, sobre o altar principal, est� um belo lustre de cristais Baccarat. O t�mulo de Tancredo Neves, natural de S�o Jo�o del-Rei, encontra-se no cemit�rio da igreja.
- Onde p�a. Frei Orlando, s/n�
- Quando seg., das 8h �s 16h; ter. a s�b., das 8h �s 17h; dom., das 8h �s 14h
- Quanto R$ 4
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Congonhas
BAS�LICA DO SENHOR BOM JESUS DE MATOSINHOS
� no adro da igreja que est�o os 12 profetas esculpidos em pedra-sab�o por Aleijadinho no fim de sua vida. O viajante pode come�ar a visita do complexo pelas seis capelas, em que o escultor representou, em imagens de tamanho natural, os Passos da Paix�o de Cristo, e seguir at� o alto da colina, onde est� o santu�rio, que foi constru�do entre 1757 e 1790 e declarado patrim�nio cultural pela Unesco em 1985.
- Onde p�a. da Bas�lica, s/n�
- Quando ter. a dom., 7h �s 18h
- Quanto gr�tis
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Mariana
IGREJAS 'IRM�S'
Constru�das lado a lado, as igrejas de S�o Francisco de Assis (1763) e Nossa Senhora do Carmo (1784) s�o o lugar certo para quem quer ver mais obras de Aleijadinho e do mestre Ata�de.
Este, autor da pintura do centro do teto da igreja de S�o Francisco, que representa o dil�vio e a Arca de No�, foi sepultado no interior dessa igreja. O medalh�o da portada e os dois altares principais t�m autoria atribu�da a Aleijadinho.
- Onde p�a. Minas Gerais, s/n�
- Quando ter. a dom., das 9h �s 17h30 (Carmo); S�o Francisco fechada para restauro
- Quanto R$ 2
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C�MARA MUNICIPAL
No s�culo 18, a pra�a Minas Gerais era o s�mbolo dos poderes religioso, civil e da Justi�a. Junto �s duas igrejas, fica tamb�m a antiga Casa de C�mara e Cadeia de Mariana, onde at� hoje funciona o Legislativo do munic�pio para reuni�es ordin�rias.
Al�m dos detalhes do edif�cio, que tem arquitetura colonial mineira preservada, o turista pode ver uma s�rie de quadros da fam�lia real portuguesa e imperial brasileira, como retratos de dona Maria e d. Pedro 2�.
- Onde p�a. Minas Gerais, s/n�
- Quando seg. a sex., das 8h �s 18h
- Quanto gr�tis
Colaboraram BRUNO MOLINERO e MATEUS LUIZ DE SOUZA