Folha de S. Paulo


Conhe�a as mulheres que se destacam no mercado publicit�rio

Fa�a o teste. Tente enumerar os grandes destaques do mercado publicit�rio brasileiro. Qual � o primeiro nome que lhe vem � cabe�a? Washington Olivetto? Nizan Guanaes? Duda Mendon�a? Marcello Serpa?

Alguma mulher? A reportagem foi atr�s de alguns dos destaques pedindo para profissionais influentes no mercado apontarem as colegas not�veis no of�cio da propaganda. Confira o que quatro delas t�m a dizer sobre como administram suas carreiras e vidas.

CELINA ESTEVES

Quando trabalhava na W/Brasil, Celina Esteves, 52, se deu conta que estava perambulando na ag�ncia cal�ando pantufas, de t�o inchados que estavam seus p�s. Foi o limite. "Pedi um ano de licen�a para colocar minha vida nos eixos, e o Olivetto me deu na hora."

H� 30 anos no mercado, a publicit�ria formada pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) –que quase se tornou advogada– � um dos nomes mais respeitados da �rea de atendimento. J� passou por ag�ncias como McCann-Erickson, Loducca, DM9 e hoje � vice-presidente de atendimento da Africa.

Para ela, o fato de ser mulher nunca atrapalhou na profiss�o, mas o excesso de trabalho acabou sendo um problema nos tr�s casamentos. "As mulheres t�m mais responsabilidades, sim. Acho que fiz o m�ximo que pude como m�e, mas meus ex-maridos diziam que eu priorizava a carreira."

Quando fala dos dois filhos, os olhos marejam. "As crian�as j� reclamaram que s� elas iam de motorista para o col�gio, mas, quando fiquei um tempo sem trabalhar, foram eles que me incentivaram a voltar ao mercado."

Ela diz que nunca precisou deixar de ser feminina para ter sucesso na carreira. "Sei como � ser m�e e trabalhar e acho que minha equipe sente isso. Quando algu�m aqui engravida, sou a primeira a saber."

O tom de voz, por�m, fica mais firme quando ela lembra de situa��es menos agrad�veis. "Nizan [Guanaes] s� berrou comigo uma vez. Nos damos muito bem, mas desde o in�cio deixei claro que comigo n�o existe essa cultura do berro. Hoje ele est� um amor."

FERNANDA ROMANO

A uma semana de completar 39 anos, Fernanda Romano, a Fefa, estava empolgada com o presente que ganhou de um colega: a caixa com o "Book of Sith", livro sobre o lado negro da for�a, do filme "Guerra nas Estrelas". O mimo nerd � a cara dela.

Fefa � conhecida por ter comandado novas empresas de tecnologia de sucesso e entrado de cabe�a no mundo da cria��o digital na �poca em que a bolha da internet estourou.

Quando a s�cia e diretora de cria��o da ag�ncia Naked Brasil descobriu o que queria fazer da vida, j� havia cursado administra��o p�blica na FGV (Funda��o Getulio Vargas) e trabalhado na ind�stria farmac�utica.

Por�m, foi o vizinho, o publicit�rio Cl�udio Carillo, que a inspirou a tentar a propaganda. Come�ou na �rea de atendimento da Carillo Pastore, mas n�o gostou. "Ao contr�rio de outras colegas da �rea, n�o comprava roupa na Daslu nem fazia escova no cabelo." Chegou a escutar que jamais hegaria a algum lugar trabalhando de t�nis.

Hoje, de cabelos muito bem ajeitados e t�nis de oncinha nos p�s, ela acumula 15 Le�es de Cannes, trabalhou na Euro RSCG de Madri e na JWT de Londres. Hoje passa parte do tempo em Nova York, parte em S�o Paulo. Quando entrou na DM9, ag�ncia na qual ficou por cinco anos, pilotando a cria��o digital sozinha, saiu de l� com uma equipe de 43 pessoas.

"Confesso que no in�cio da carreira achei que precisava ser durona e esconder minha feminilidade. O mercado � machista, mas ao longo dos �ltimos tr�s anos, agora com mais experi�ncia, descobri que n�o preciso ser um homem para ter sucesso. Fa�o quest�o de passar isso para as garotas que trabalham comigo."

POLIKA TEIXEIRA

A carioca Anna Paola Teixeira, a Polika, 42, s�cia e presidente da DM9Rio, aprendeu desde cedo que ser mulher n�o a levaria –nem a impediria– de chegar a algum lugar na carreira. "Sabia que o importante era o quanto estava disposta a me dedicar, aprender, aturar frustra��es e construir sonhos", diz.

Na academia, foi professora dos MBAs de marketing e executivo da Coppead/UFRJ durante nove anos.

Quando entrou para a faculdade de comunica��o, queria ser jornalista. Mudou de ideia no meio do caminho. "A publicidade me seduziu." Come�ou a carreira na Contempor�nea, trabalhou por sete anos na VS/Young & Rubicam e na Fischer Am�rica.

Al�m de ag�ncias, Polika tamb�m foi cliente, com destaque para o cargo de diretora na Telef�nica Celular. "Fui uma das respons�veis por todo o processo de 'rebranding' da marca Telef�nica para a marca Vivo", conta.

Antes de ingressar na DM9, trabalhou na Africa Propaganda e na Dream Factory.

Casada e m�e de duas meninas, ela conta que as filhas sabem que ela � mais feliz quando consegue se realizar profissionalmente. "N�o diria que a carreira atrapalha a maternidade. N�o � simples, mas � tudo uma quest�o de como a gente equilibra as coisas. Conciliar fam�lia e uma carreira de sucesso s� � poss�vel se voc� souber viver da forma mais intensa poss�vel."

GAL BARRADAS

Baiana radicada em S�o Paulo, Gal Barradas, 44, chegou � cidade h� 21 anos. Nos anos 1990, j� tinha experi�ncia ao lado de Duda Mendon�a. N�o demorou para ela emplacar uma produtora multim�dia na primeira onda digital do Brasil, a Manga Rosa. Depois, foi diretora da W/Brasil, da Ag�nciaClick e da F/Nazca, al�m de vice-presidente da MPM.

"Desde pequena eu sabia que trabalharia com comunica��o. Sempre tive interesse nas marcas, nos discursos, no que prometiam e em como se manifestavam." Foi na faculdade, no entanto, que ela come�ou a enxergar a comunica��o como um neg�cio.

Neste m�s, Gal deixou o cargo de CEO da F.biz. A publicit�ria diz que n�o abandonar� o mercado e que, em breve, vai anunciar novidades. Em paralelo, � empreendedora em duas "start-ups" especializadas em servi�os de solu��es digitais.

Casada h� 12 anos e m�e de g�meos, ela afirma que ainda hoje as mulheres ainda ganham menos nesse mercado. "Acho que as coisas est�o mudando, mas existe um mito de que a mulher poder� reduzir seu desempenho por conta da maternidade. Trabalhei com mulheres de alto desempenho e que t�m uma vida pessoal bastante saud�vel. Para enfrentar isso, � preciso exigir reconhecimento na medida do seu desempenho."


Endere�o da p�gina:

Links no texto: