Folha de S. Paulo


'N�o levei uma caneta do governo', diz ex-ministro sobre den�ncia

Pedro Ladeira - 3.fev.2016/Folhapress
Gilberto Carvalho, ex-ministro de Lula e de Dilma Rousseff
Gilberto Carvalho, ex-ministro de Lula e de Dilma Rousseff

O ex-ministro Gilberto Carvalho negou, nesta segunda-feira (11), as acusa��es de que � alvo no �mbito do Opera��o Zelotes. Junto ao ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, ele foi denunciado sob acusa��o de corrup��o passiva em edi��o de medida provis�ria que, segundo o Minist�rio P�blico Federal, beneficiou montadoras de ve�culos.

Carvalho disse ter recebido com um misto de tranquilidade e indigna��o a decis�o da Procuradoria do Distrito Federal de denunci�-lo.

"O que posso dizer sobre isso � que acabo de vender meu apartamento. Porque n�o consegui pagar o financiamento, estou vivendo de aluguel. N�o roubei. N�o tenho uma caneta esferogr�fica ou um clipe levados do governo", disse o ex-ministro.

O petista chama de absurda a den�ncia por ser, segundo ele, apresentada sem prova. Carvalho diz que estava em Roma na data em que seu nome aparece em uma agenda do lobista Alexandre Paes dos Santos com a refer�ncia "Caf�: Gilberto Carvalho".

"Como o Minist�rio P�blico denuncia uma pessoa sem qualquer outra prova?", reclama.

O ex-ministro alega que a edi��o do Medida Provis�ria nasceu da necessidade de gera��o de empregos fora do Sudeste.

"N�o houve outra inten��o. Se houve negocia��o esp�ria no Congresso ou se algum lobista tentou criar dificuldade para vender facilidade, n�o temos nada a ver com isso."

DEN�NCIA

Segundo a Procuradoria, Lula e o ex-ministro Gilberto Carvalho, ent�o chefe de gabinete da Presid�ncia, aceitaram promessa de vantagem indevida de R$ 6 milh�es para favorecer as montadoras MMC e Caoa na edi��o da medida provis�ria 471, de novembro de 2009.

Em troca, o dinheiro serviria para arrecada��o ilegal da campanha eleitoral do Partido dos Trabalhadores. O esquema era intermediado, segundo o Minist�rio P�blico, pelas empresas M&M e pelo lobista Alexandre Paes dos Santos.

Al�m de Carvalho, Lula, o PT e a Caoa negam ter cometido qualquer irregularidade. A MMC, que hoje se chama HPE, n�o se manifestou.

PALOCCI

Em Curitiba, � espera do depoimento de Lula ao juiz Sergio Moro na quarta (13), Carvalho disse que as falas do tamb�m ex-ministro Antonio Palocci a Moro foram mentirosas e que ele sofreu constrangimento p�blico.

"A dela��o � um instrumento previsto na lei brasileira. Agora, a mentira n�o est� prevista", disse ap�s a reuni�o na Secretaria da Seguran�a P�blica do Paran� que definiu um esquema de seguran�a mais enxuto para depoimento do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva nesta quarta-feira (13).

Na �ltima semana, Palocci afirmou em depoimento que Lula e a Odebrecht fizeram um "pacto de sangue" na transi��o do seu governo e o de Dilma Rousseff, no fim de 2010.

O "pacto" envolveria um terreno para o Instituto Lula, um s�tio em Atibaia (SP) para uso da fam�lia do petista e R$ 300 milh�es � disposi��o para campanhas.

O depoimento aconteceu no �mbito do processo em que o ex-presidente � acusado de ter recebido cerca de R$ 12 milh�es em propina da empreiteira na compra de um terreno para o Instituto Lula e que o levar� a Curitiba nesta semana.

Nesta a��o, o ex-presidente � acusado de corrup��o passiva e de lavagem de dinheiro em raz�o de contratos firmados entre a Petrobras e a Odebrecht.

Carvalho afirmou ainda que o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil sofreu constrangimento p�blico. "N�o acredito [em mudar a estrat�gia de defesa] porque n�s entendemos que o Palocci faz um depoimento depois de um ano de uma pris�o que o constrange, de uma pris�o que serve de alguma forma de tortura psicol�gica."

"Aquele Palocci que est� ali n�o � o Palocci com quem n�s convivemos. A dela��o � um instrumento previsto na lei brasileira. Agora, a mentira n�o est� prevista. Efetivamente o depoimento do Palocci n�o corresponde � verdade, estamos tranquilos, o ex-presidente Lula n�o tem o que se preocupar com esse depoimento."

Carvalho participou nesta segunda da reuni�o de defini��o do planejamento de seguran�a para o depoimento do ex-presidente.

De acordo com a Secretaria da Seguran�a P�blica do Paran�, 1.500 agentes de seguran�a, sendo 1.000 policiais militares, v�o fazer a seguran�a do ex-presidente e do pr�dio da Justi�a Federal. Em maio, foram 3.000 agentes.

A frente de apoio ao ex-presidente Lula, sob comando de Carvalho, vai se concentrar na pra�a Generoso Marques, em frente ao Pa�o da Liberdade, no centro de Curitiba, a partir das 15h, com carro de som. O evento est� sendo chamado de 2� Jornada de Lutas Pela Democracia.

Ap�s prestar depoimento, Lula participar� do ato na pra�a, segundo Carvalho.


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