Folha de S. Paulo


Lula demonstrou preocupa��o com fam�lia de lobista preso, diz Delc�dio

Ueslei Marcelino/Reuters
O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva
O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva

Em um v�deo do depoimento prestado � Lava Jato, o senador Delc�dio do Amaral (ex-PT-MS) contou que o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva demonstrou preocupa��o com a fam�lia do lobista Mauro Marcondes, preso na Opera��o Zelotes, acusado de participar de um esquema de compra de medidas provis�rias de interesse da ind�stria automotiva.

De acordo com o parlamentar, Lula o chamou para uma conversa num hangar do aeroporto de Bras�lia. Fez ent�o um apelo para que, como l�der do governo, "tomasse provid�ncias" em rela��o a requerimentos que pediam a convoca��o de Marcondes e da mulher dele, Cristina Mautoni, para a CPI (Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito) do Carf.

A investiga��o foi aberta no Senado, em 2015, ap�s a deflagra��o da Zelotes.

Segundo relato de Delc�dio, Lula falou: "Eu queria lhe pedir para que voc� visse, como l�der do governo, a quest�o do Mauro Marcondes e da esposa, porque h� requerimentos na CPI do Carf convocando-os. A fam�lia est� sofrendo muito, est� muito preocupada com isso, e eu queria que voc� tomasse provid�ncias".

Conhecido de Lula desde a �poca em que o ex-presidente era l�der sindical no ABC paulista, Marcondes entrou na mira da Pol�cia Federal e do Minist�rio P�blico ap�s a consultoria dele, a Marcondes e Mautoni, repassar R$ 2,5 milh�es � LFT Marketing Esportivo, empresa que pertence a Lu�s Claudio Lula da Silva, filho do petista.

Os pagamentos foram feitos na mesma �poca em que Marcondes e outros lobistas foram remunerados por montadoras de autom�veis.

IRONIA

Ao relembrar a conversa com Lula para os investigadores, o ex-l�der do governo foi ir�nico quando detalhou como o ex-presidente costuma apresentar assuntos de seu interesse.

"Como ele sempre faz, ele estava preocupado com os outros, estava preocupado com o casal", afirmou o senador, durante um dos depoimentos que prestou em acordo de dela��o premiada.

O parlamentar disse que prometeu a Lula "mobilizar a tropa" e, depois de uma reuni�o com outros l�deres da base aliada, os requerimentos foram derrubados na comiss�o, entre eles um que determinava a convoca��o de um dos filhos do ex-presidente.

"Derrubamos todos. Todos!", disse Delc�dio, que classificou tais requerimentos como de "alta periculosidade".

Ele contou ainda que o l�der do PSD na ocasi�o, senador Otto Alencar, aceitou se empenhar na tarefa porque a ofensiva impediria tamb�m a ida � CPI do ministro do TCU, Aroldo Cedraz, que tamb�m era alvo de convoca��o, de acordo com Delc�dio.

Um dos investigadores perguntou a Delc�dio por que, ao ouvir o pedido, ele n�o sugeriu a Lula procurar a presidente Dilma Rousseff para que, s� ent�o, ela acionasse a lideran�a do governo. O senador admitiu que cometeu um erro.

"Doutor, era o mais correto, o mais l�gico, mas eu n�o fiz. Simplesmente, acatei, assumi a responsabilidade e fiz. Mas duvido que ele pediria para a presidente", justificou.

O investigador retrucou, questionando por que Lula n�o iria a Dilma. "Lula � muito sutil quando mexe nos cord�es. Ele procura se poupar quando age para atender o interesse particular dele. Eu era, assim, o instrumento mais f�cil", explicou o delator.

OUTRO LADO

O Instituto Lula afirmou que n�o comentar� "falat�rios". "Quem quiser levantar suspeitas em rela��o ao ex-presidente Lula que o fa�a diretamente ou apresente provas", afirmou em nota.

O senador Otto Alencar negou veemente que tenha tratado de qualquer assunto relativo � CPI do Carf com Delc�dio. Diz ainda que n�o tem v�nculos com Aroldo Cedraz.

"N�o tenho boa rela��o com Delc�dio, muito pelo contr�rio. Ele foi contra a libera��o de recursos para a Bahia, que eu pleiteava. Na v�spera de ele ser preso, eu tive um debate forte com ele. Ele nunca me pediu nada e nunca o vi na CPI do Carf", disse o parlamentar.


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