Folha de S. Paulo


Raquel Rolnik: Desastres n�o s�o naturais

Resposta � pergunta: O governador Alckmin � culpado pela crise h�drica em S�o Paulo?

SIM

Pobre governador, como poderia prever uma seca t�o grave como a que vem ocorrendo na regi�o metropolitana de S�o Paulo e outras �reas do Sudeste h� pelo menos dois anos? De fato, este, como outros desastres ligados a fen�menos da natureza, como terremotos e inunda��es, n�o s�o control�veis, mas suas consequ�ncias e, sobretudo, seus efeitos sociais e econ�micos podem ser evitados ou, ao menos, minimizados.

No caso da atual crise h�drica, o governo do Estado de S�o Paulo � sem d�vida o maior respons�vel, n�o pela falta de chuva, mas pelos enormes danos que j� estamos sofrendo a partir desta. Por qu�?

O governo do Estado � respons�vel pela pol�tica de saneamento, recursos h�dricos e meio ambiente de S�o Paulo, al�m de ser ao mesmo tempo o regulador e maior acionista da Sabesp.

Ilustra��o/Bel Falleiros

Nas �ltimas d�cadas o governo fez muito pouco para ampliar a cobertura vegetal e assim garantir maior capacidade de recarga das nascentes e rios. Pelo contr�rio: quem convive com as regi�es onde se situam as maiores represas e seus formadores assiste a um processo cont�nuo e permanente de desmatamento e ocupa��o.

Se as possibilidades de recarga s�o cada vez mais limitadas, pior ainda � a situa��o do saneamento em S�o Paulo. Como � poss�vel que na metr�pole de maior PIB da Am�rica Latina os rios Tiet� e Pinheiros, al�m de v�rios de seus afluentes, ainda estejam polu�dos por esgoto dom�stico? Como uma das maiores empresas de saneamento do mundo –segundo o site da Sabesp–, que reverte quase 51% do seu lucro para o governo do Estado e que cobra n�o s� a �gua, mas tamb�m o tratamento de esgoto de um enorme mercado cativo de consumidores, n�o foi capaz de tratar o esgoto, comprometendo com isto a qualidade da �gua de represas (como a Billings), que poderiam representar hoje uma alternativa ao desabastecimento?

Finalmente, ao negar de forma eleitoreira a crise ao longo de 2014, o governo do Estado nos impediu de adotar medidas de economia com mais anteced�ncia, evitando assim o desastre anunciado.


Endere�o da p�gina: