Folha de S. Paulo


Eduardo Paes: Parab�ns, Rio

Faz 450 anos que Est�cio de S� fundou aos p�s do morro Cara de C�o a cidade de S�o Sebasti�o do Rio de Janeiro. Uma senhora acolhedora e de beleza irretoc�vel, que combina a energia vibrante de uma adolescente festeira e a experi�ncia de quem acumula quase meio mil�nio como uma das cidades mais importantes do hemisf�rio Sul.

� capaz de encantar em todos os seus cantos. Al�m do fasc�nio natural da mistura perfeita entre mar e montanha, o Rio seduz com outros atributos: a prosa f�cil nas cal�adas do sub�rbio, o batuque das rodas de samba de Oswaldo Cruz e Madureira, o futebol-arte dos cl�ssicos do Maracan� ou das peladas na favela, os encontros nos m�ltiplos botequins e esquinas, a alegria e irrever�ncia de um povo que faz qualquer um se sentir em casa. Na verdade, os cariocas, de origem ou cora��o, s�o o que a cidade melhor produz h� quatro s�culos e meio.

Desde 1565, o Rio j� foi muitos e se prepara para ser mais: capital da Col�nia, sede do reino portugu�s, capital do Imp�rio, capital da Rep�blica, cidade-Estado, Cidade Global, Cidade Ol�mpica, Cidade Maravilhosa. A transi��o entre os muitos pap�is nem sempre foi f�cil, chegando a gerar ressentimentos.

A transfer�ncia da capital federal para Bras�lia em 1960 levou o Rio a uma crise de identidade. Sem receber nada em troca, deixou de ser centro do poder e das decis�es pol�ticas no Brasil. Lamentando um passado que n�o voltaria, a cidade parou de seguir em frente e mergulhou num per�odo de degrada��o.

Nos �ltimos anos, por�m, as lam�rias deram lugar � transforma��o. E se, aos 450 anos, o Rio j� n�o � mais capital pol�tica do Brasil, passou a ser o centro dos principais eventos e debates do planeta.

Protagonista da Copa do Mundo, sede dos primeiros Jogos Ol�mpicos da Am�rica do Sul, patrim�nio da humanidade, refer�ncia internacional como "smart city", dona dos maiores graus de investimento do pa�s pelas ag�ncias de rating, l�der da C40, a rede de metr�poles na luta contra as mudan�as clim�ticas.

O ciclo virtuoso n�o veio por acaso. Foi preciso que o Rio encarasse seus problemas em vez de fugir de si mesmo. Al�m de se modernizar, foi necess�rio redescobrir o passado, recuperar a hist�ria, valorizar seus sub�rbios, suas �reas centrais.

A regi�o portu�ria, onde a cidade nasceu, passa por um processo de revitaliza��o. O porto, aquele peda�o esquecido que, muito antes do Cristo Redentor, abria os bra�os para receber os nossos primeiros visitantes, renasce.
A zona norte, onde se cunhou a identidade carioca, ganha mais infraestrutura e autoestima. A zona oeste conecta-se ao resto da cidade com transporte de alta capacidade e servi�os p�blicos. As favelas recebem urbaniza��o e as diferen�as entre morro e asfalto diminuem.

Os problemas ainda s�o muitos e exigem respostas cada vez mais eficazes. Os principais desafios, por�m, est�o endere�ados. Algumas solu��es n�o s�o imediatas, mas as pol�ticas p�blicas em andamento apontam para um futuro melhor.

Entre 2009 e 2016, o munic�pio ter� investido R$ 37 bilh�es em infraestrutura, mobilidade, sa�de, educa��o. Desde 2008, as for�as estaduais de pacifica��o t�m libertado comunidades do dom�nio de criminosos e, apesar das dificuldades, renovado a esperan�a de quem vive dentro e fora das favelas.

Mais integrada, menos desigual. Na festa de 450 anos, desejo para essa senhora irresist�vel, que j� foi tantas, que se torne uma s�. Um mesmo Rio para todos os cidad�os, cada vez menos dividido e mais misturado. A express�o m�xima da carioquice: um Rio de todos e para todos.

EDUARDO PAES, 45, � prefeito do Rio (PMDB)

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