Yossi Beilin, apelidado "arquiteto dos Acordos de Oslo", est� desgostoso. Em seu escrit�rio em Herzliya, norte de Tel Aviv, ele diz que nem em pesadelos imaginaria que os projetos de paz que ajudou a articular em 1993 n�o seriam realidade, 20 anos depois.
Diante de uma nova rodada de negocia��es, o pol�tico israelense -que hoje mant�m uma empresa de consultoria internacional- espera que as li��es do fracasso de Oslo sejam reaproveitadas.
Acordo de Oslo faz 20 anos sem obter paz entre Israel e palestinos
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Por exemplo, lembrar-se dos extremistas. "H� 20 anos, n�o levamos em conta a for�a das minorias, mas foram elas que tiveram o poder de se op�r ao plano de paz."
Caso as rodadas de negocia��o falhem, o pol�tico tem uma sugest�o: devolver as chaves do territ�rio palestino ao "ocupador". "Isso poria Israel em uma posi��o dif�cil, de ser o respons�vel por todos os setores, como educa��o e sa�de", afirma Beilin.
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Folha - Este � um anivers�rio para os Acordos de Oslo?
Yossi Beilin - N�o. Nem mesmo nos nossos piores pesadelos imagin�vamos que os acordos se arrastariam por 20 anos. Comemorar essa data seria como celebrar a gradua��o de um estudante que ainda est� na primeira s�rie. Mas Oslo �, hoje, um ponto de refer�ncia para pensarmos no futuro.
Em que sentido Oslo serve de modelo?
Serve para entendermos que a maioria em ambos os lados � importante, mas n�o o suficiente. H� 20 anos, n�s n�o levamos em conta a for�a das minorias, mas foram eles que tiveram o poder de ir �s ruas e de se op�r ao plano de paz.
A quem estamos nos referindo?
Ao Hamas, do lado palestino, e � extrema direita, em Israel. N�s, os israelenses, n�o est�vamos prontos para as manifesta��es e para o assassinato do premi� Yitzhak Rabin. Os palestinos tamb�m n�o estavam prontos para os homens-bomba do Hamas.
Como levar isso em conta, diante da renova��o das negocia��es de paz?
A primeira medida a ser tomada � admitir que h� extremistas. Estou cansado de ouvir que eles s�o minoria e que a maioria quer a paz. Uma pessoa sozinha pode impedir a vontade de todas as outras.
A sa�da � trazer Hamas e extremistas israelenses �s mesas de negocia��o?
N�o. Eles n�o podem se sentar para negociar. Eles s�o lun�ticos. Mas temos de saber o que eles est�o fazendo, por meio de Intelig�ncia.
O que foi concretizado em Oslo?
Era uma solu��o interina. Reconhecer a autoridade dos palestinos, por exemplo, mas tendo em vista uma solu��o definitiva em at� cinco anos. Isso era importante, mas n�o significava ter a paz. Tratar os Acordos de Oslo como um acordo de paz teve um grande impacto em Israel.
Onde estava o erro?
Foi um erro termos realizado a cerim�nia em Washington com [o ent�o presidente americano] Bill Clinton, por exemplo. Oslo deveria ter sido tratado pelo que era. A foto de Clinton com Rabin e Arafat foi o suficiente para o mundo crer que j� havia a paz, o que n�o era verdade. Mas as pessoas nunca leem os acordos.
Estabelecer um acordo tempor�rio foi tamb�m um equ�voco?
Sim. Pedi que Rabin nos deixasse conversar sobre as quest�es reais, mas ele me disse que era melhor come�armos por um acordo interino para depois chegarmos a um definitivo. Permitimos, assim, que extremistas fizessem o que queriam. Caso a paz fosse um "fait accompli", eles poderiam espernear, mas n�o mudariam nada.
Qual � a alternativa para essa situa��o?
Os palestinos deveriam declarar que Oslo acabou para eles. N�o pode ser uma desculpa para n�o seguir adiante. Que dissolvam a Autoridade Nacional Palestina e devolvam as chaves para os ocupadores. Isso poria Israel em uma posi��o dif�cil, de ser o respons�vel por todos os setores, como educa��o e sa�de.
� uma possibilidade real?
Eu j� disse isso a Mahmoud Abbas [presidente palestino]. Mas os palestinos n�o est�o dispostos a ceder o poder, ainda que seja pequeno. Agora, com a retomada das negocia��es, n�o acho que Oslo deva ser cancelado. Mas, se as conversas falharem, poderia ser uma solu��o.
Por que cancelar Oslo?
Quem apoia hoje os Acordos de Oslo s�o os mesmos que se opuseram no in�cio. Eles usam o acordo para proteger os assentamentos e para impedir as discuss�es a respeito das fronteiras. Os palestinos, por sua vez, se agarram ao fato de que t�m um presidente, um premi�, um Or�amento, ministros etc. Para que mudar?
Como o sr. avalia as negocia��es atuais?
Caso termine em uma coletiva de imprensa anunciando o fracasso das negocia��es, a situa��o ter� piorado. As rela��es v�o deteriorar.
O que fazer?
Os americanos t�m de fazer de tudo para prevenir esse fracasso. Caso percebam que os prospectos de paz s�o baixos, precisam fazer o que considero uma ideia ruim --um acordo interino.
Mas, dessa vez, estabelecendo um Estado palestino imediatamente, com fronteiras tempor�rias, e se comprometendo em chegar a um acordo permanente, com um cronograma definido. Assim, o interino n�o se tornar� permanente.