Folha de S. Paulo


Desempregada usa galhos em fog�o a lenha improvisado

Nas casas do consumidor mais pobre, a lenha foi a sa�da para uma pol�tica de pre�os que provocou seis ajustes seguidos no g�s de cozinha.

Moradores de Parelheiros, na periferia do extremo sul de S�o Paulo, improvisaram fog�es a lenha no fundo de suas casas quando o botij�o de R$ 72 secou.

Germ�nia Pereira de Moraes, 54, busca galhos velhos no quintal da casa que ela mesma construiu no terreno invadido em uma �rea de mananciais com vista para a mata atl�ntica.

A desempregada precisa se agachar para preparar o jantar de dez pessoas que vivem em sua casa. O fog�o s�o dois blocos de cimento emparelhados e cobertos por um peda�o de gradil que serve de apoio para as panelas.

Antes de buscar na cozinha o pouco arroz que guarda em arm�rios vazios, Moraes usa folhas papel rasgadas para acelerar a combust�o.

Seus vizinhos preferem alimentar o fogo com peda�os de pl�stico enquanto a lenha n�o come�a a queimar. Quando a Folha chegou ao local, no fim da tarde de quarta-feira (7), perto da hora do jantar, era poss�vel sentir o cheiro qu�mico do pol�mero queimado, contrastando com a umidade do ar refrescado pela mata nativa.

"Aqui � assim. Se chove, tem que tampar as panelas", diz a moradora, que h� cerca de um m�s perdeu o marido pedreiro e vive da ajuda de vizinhos e parentes.

At� a semana passada, Sidney dos Santos, 22, usava uma estrutura parecida para preparar arroz, feij�o e "alguma mistura", que podia ser salsicha ou frango "se estiver em promo��o".

Gra�as a tr�s amigos que fizeram uma vaquinha para trocar seu botij�o, Santos n�o precisa mais usar seu arremedo de fog�o a lenha para cozinhar a refei��o dos dois filhos pelo pr�ximo m�s.

O ex-gar�om, desempregado desde o primeiro semestre, acaba de conseguir um bico como ajudante de pedreiro, o que lhe rende R$ 34 por dia. "Agora est� dando para pagar as contas, mas ainda fica pesado comprar o g�s porque tem que pagar a �gua e comprar um danone para as crian�as de vez em quando", diz Santos.

Caso semelhante ocorre no barraco de madeira onde Karen Daiane Faria, 29, mora com o marido e tr�s crian�as.

Quando sai em busca de ferro-velho, o marido recolhe peda�os de madeira que sobram nas obras para usar como combust�vel no preparo das refei��es.


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