O celular registra fotos deslumbrantes e conta com intelig�ncia artificial avan�ada. Sua tela se estende de borda a borda. E, vendido por quase US$ 1.000 (R$ 3.220 pela cota��o atual), est� no territ�rio dos pre�os estratosf�ricos.
Mas o Mate 10 Pro n�o � o mais recente smartphone de topo de linha da Samsung ou da Apple. Ele vem da China, um pa�s que, apesar de toda a sua crescente sofistica��o tecnol�gica, ainda n�o criou uma marca como Lexus, Canon ou Samsung, que consumidores de todo o mundo associem com qualidade elevada e pre�os idem.
A Huawei Technologies, criadora do smartphone, acredita que o mundo esteja preparado para pagar caro por um produto chin�s.
Ela vai lan�ar o Mate 10 Pro –e mais dois aparelhos irm�os, um mais barato e menos potente, e outro mais fino e ainda mais caro– na Europa, no Oriente M�dio e em outros pa�ses da �sia.
E est� negociando com a AT&T para oferecer os celulares nos Estados Unidos, de acordo com uma pessoa informada sobre o assunto que pediu que seu nome n�o fosse mencionado porque as discuss�es n�o s�o p�blicas.
Na tecnologia, a China deixou de ser a terra das c�pias e das vers�es simplificadas.
Os laborat�rios do pa�s est�o envolvidos na corrida da intelig�ncia artificial e da computa��o qu�ntica, e em outros campos de vanguarda. Suas empresas de internet lideram o mercado no desenvolvimento de modos de desordenar o varejo, finan�as, transportes e outros setores, usando a tecnologia m�vel.
O problema � fazer com que o mundo reconhe�a tudo isso. A China quer levar sua economia a subir de n�vel, vendendo ao mundo bens de valor mais alto, tais como carros, jatos de passageiros, produtos eletr�nicos avan�ados.
Marcas famosas podem ajudar a abrir novos mercados e a convencer os clientes mundiais de que os produtos chineses s�o t�o confi�veis quanto os norte-americanos, japoneses ou sul-coreanos.
A Huawei � bem conhecida em seu pa�s. Suas vendas de celulares s�o as mais altas da China, e o pa�s representa o maior mercado mundial de smartphones.
O grupo est� seguindo a Apple de perto, em busca da segunda posi��o entre os maiores fabricantes mundiais de celulares. De acordo com o grupo de pesquisa Canalys, a Huawei embarcou 39 milh�es de celulares no seu trimestre mais recente, ante 47 milh�es da Apple. Mas os aparelhos da Huawei em sua maioria eram modelos de pre�o baixo ou m�dio.
"Vemos bons sinais de que as pessoas em geral perceberam a mudan�a da marca e que agora a veem como 'inovadora e cheia de estilo'", disse Grace Cheung, vice-presidente de marketing da Huawei para bens de consumo dur�veis.
"Creio que isso seja um �timo sinal para n�s."
Ainda assim, disse Cheung, a Huawei prefere investir no desenvolvimento de recursos mais inteligentes e tecnologia melhor a investir em marketing, ainda que reconhe�a a import�ncia de criar um elo emocional com os usu�rios.
GRANDE DESAFIO
O desafio para a empresa � significativo, quanto a isso. Comparada a Apple ou Samsung, a Huawei tem muito a avan�ar antes de encontrar aquela qualidade intang�vel que vincula pessoas a uma marca.
Mesmo na China, muita gente ainda v� os aparelhos da Huawei como bons pelo pre�o que custam, e n�o muito mais.
Li Haoran, 24, contadora em Pequim, usa smartphones da Apple h� muito tempo. Ela consideraria trocar seu celular por um Huawei?
"N�o para mim", ela disse, "mas eu consideraria comprar celulares Huawei para minha fam�lia, porque s�o relativamente baratos."
Tradu��o de PAULO MIGLIACCI