Folha de S. Paulo


Presidente do Bradesco era informado sobre a��es il�citas no Carf, diz PF

Karime Xavier - 6.ago.2015/Folhapress
Presidente do Bradesco, Luiz Trabuco, foi indiciado dentro da Opera��o Zelotes
Presidente do Bradesco, Luiz Trabuco, foi indiciado dentro da Opera��o Zelotes

A Pol�cia Federal afirma, no relat�rio de indiciamento contra executivos do Bradesco realizado na ter�a (31), que o presidente do banco, Luiz Trabuco, era informado por seus subordinados das a��es il�citas realizadas no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais).

O Carf � um �rg�o de recursos contra autua��es da Receita Federal. Casos de corrup��o nele s�o investigados pela Opera��o Zelotes, da qual o indiciamento foi um desdobramento.

Segundo a PF, a organiza��o criminosa integrada pelo ex-conselheiro do Carf Jorge Victor Rodrigues, o auditor aposentado Jeferson Salazar e os funcion�rios da Receita Federal Eduardo Cerqueira Leite e Lutero Fernandes se juntou aos empres�rios do ramo de consultoria e advogados Mario Pagnozzi Junior e Jos� Tamazato para negociar com o Bradesco a contrata��o para atuar em um processo do banco no Carf, que envolvia cobran�a de R$ 2,7 bilh�es.

Por meio de intercepta��es telef�nicas autorizadas pela Justi�a, a PF obteve detalhes das conversas do grupo j� denunciado sob acusa��o de corrup��o no Carf com intermedi�rios do banco Bradesco.

O indiciamento de Trabuco e de mais nove pessoas se baseia principalmente nessas intercepta��es, apesar de n�o terem sido grampeados os executivos do Bradesco. Tamb�m n�o h� indica��es de repasses financeiros do Bradesco ao grupo ou a funcion�rios do Carf.

Nas intercepta��es, a PF detectou que Eduardo Leite esteve em uma reuni�o no Bradesco em 9 de outubro de 2014 e, segundo o relat�rio, Trabuco participou rapidamente do encontro.

"Salazar chega a dizer a Jorge Victor que Eduardo foi bem em suas coloca��es na reuni�o l� com o 'Bra' (Bradesco), que estavam todos, os vices e o presidente do Bradesco, o 'Trabu' (Trabuco), esteve presente, cumprimentou a todos e saiu, e que o Eduardo acha que 'vai dar samba'", descreve o relat�rio da PF.

Em uma das conversas interceptadas, Mario Pagnozzi afirma a Eduardo Leite que esteve em uma reuni�o no Bradesco e encontrou Trabuco. Segundo Mario, Trabuco o cumprimentou e agradeceu o empenho em "ajudar" o banco.

"Mario disse que em princ�pio ficou um pouco confuso, mas de uma coisa ele tinha certeza, de que os vice-presidentes que estariam negociando com o grupo do Mario Pagnozzi estariam reportando todas as tratativas para o presidente Trabuco", escreveu o delegado da PF Marlon Cajado, em seu relat�rio.

E complementa: "Ali�s, isso j� tinha ficado constatado na esclarecedora liga��o acima detalhada (...), em que Angelotti [executivo do Bradesco] teria perguntado ao M�rio se eles poderiam fazer uma explana��o na nova solu��o ofertada para Trabuco".

Em depoimento � Pol�cia Federal, Angelotti confirmou que Eduardo Leite esteve na reuni�o em outubro e tamb�m em mais uma, no m�s de novembro. Afirmou, por�m, que Trabuco n�o participou dos encontros.

A PF relatou ainda que esteve no Bradesco para tentar acompanhar a entrada de Mario, Tamazato e Eduardo Leite na reuni�o de outubro de 2014 mas foi "convidada a se retirar do recinto"

No fim, por�m, n�o foi fechado contrato entre o grupo e o Bradesco, que acabou perdendo o processo no Carf. Tamb�m n�o h� intercepta��es telef�nicas dos executivos do banco que foram indiciados: al�m de Trabuco, Domingos Abreu e Luiz Angelotti, todos tr�s por corrup��o ativa.

Em meio �s negocia��es entre o grupo e o Bradesco, a PF aponta ainda que houve a��es junto ao Carf para adiar o julgamento do processo do banco, que inicialmente tiveram �xito. Depois, por�m, o Bradesco foi derrotado.

OUTRO LADO

Em comunicado na ter�a (31), o Bradesco informou que foi pego de surpresa pelo indiciamento e que seu presidente n�o participou de reuni�es com os demais acusados.

"A companhia informa que jamais prometeu, ofereceu ou deu vantagem indevida a quaisquer pessoas, inclusive a funcion�rios p�blicos, para encaminhamento de assuntos fiscais ou de qualquer outra natureza".

Segundo o comunicado, os dois diretores ouvidos pela PF em S�o Paulo "esclareceram que foram procurados por escrit�rio de assessoria tribut�ria que se ofereceu para advogar uma quest�o fiscal junto ao Carf", mas que desses contatos nunca se efetivou qualquer contrata��o ou pagamento.

A defesa de Eduardo Leite informa que ele nunca "vendeu solu��es" ou servi�os ao Bradesco ou qualquer outro ente privado e que vai aguardar o posicionamento do Minist�rio P�blico Federal sobre o indiciamento.

Em depoimento � PF, Lutero confirmou reuni�o para saber se o embasamento jur�dico do banco "era bom". Jorge Victor Rodrigues disse que jamais tentou cooptar conselheiros do Carf ou ofereceu possibilidades ao Bradesco.

� PF, Jeferson Salazar, Mario Pagnozzi e Tamazato exerceram o direito de ficarem calados e n�o prestaram depoimento.


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