Folha de S. Paulo


PF indicia presidente do Bradesco em apura��o de fraude na Receita

Karime Xavier/Folhapress
OSASCO / S�O PAULO / BRASIL -06 /08/15 -11:00h - ( ENTREVISTA/LUIZ TRABUCO - PRESIDENTE DO BRADESCO / Foto: Karime Xavier / Folhapress). ***EXCLUSIVO***MERCADO
O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco

A Pol�cia Federal indiciou o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, e outras nove pessoas em inqu�rito da Opera��o Zelotes que apura se grandes contribuintes pagaram propina para reverter multas na Receita Federal.

O Minist�rio P�blico do Distrito Federal ainda avalia o caso e deve solicitar novas dilig�ncias antes de decidir se apresenta ou n�o den�ncia � Justi�a.

Quadrilhas atuavam no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), �rg�o ligado � Fazenda, prometendo reverter ou anular passivos tribut�rios.

A pol�cia indiciou Trabuco e outros dois executivos do banco -Luiz Carlos Angelotti, diretor-gerente e de Rela��es com Investidores, e Domingos Figueiredo Abreu, vice-presidente- em investiga��o de corrup��o.

Ligados ao Carf e a um escrit�rio de consultoria, os demais alvos da investiga��o foram indiciados por suspeita de corru��o, tr�fico de influ�ncia, organiza��o criminosa e lavagem de dinheiro.

Em relat�rio obtido pela Folha, a PF diz que a diretoria do Bradesco "teve contato" com lobistas e alvos do esquema de venda de senten�as em ao menos uma reuni�o na sede da institui��o financeira, em Osasco, em 9 de outubro de 2014.

Mas o banco, por meio de nota, negou a "contrata��o dos servi�os oferecidos pelo grupo investigado" e ressaltou que a institui��o financeira foi, ali�s, derrotada, por seis votos a zero, no julgamento do Carf que serviu de base � apura��o (leia texto nesta p�gina).

PASSIVO

O objetivo da contrata��o, de acordo com o que indica o relat�rio, seria resolver um passivo de R$ 3 bilh�es e recuperar cr�ditos tribut�rios de PIS e Cofins.

Para o Bradesco, h� muitas suposi��es e poucos fatos concretos. J� para a Pol�cia Federal, a diretoria do banco estava ciente da inten��o dos lobistas.

"N�o � cr�vel que a alta c�pula de uma das maiores institui��es do pa�s aceite receber qualquer tipo de aventureiro ou mercador que venham bater a sua porta vendendo solu��es milagrosas para dirimir d�bitos fiscais."

GRAMPOS

Uma pessoa investigada passa � condi��o de indiciada quando o inqu�rito policial aponta ind�cios de irregularidade. Caber�, agora, ao Minist�rio P�blico decidir o que far� com o caso.

A Pol�cia Federal usa uma intercepta��o feita no telefone de Eduardo Cerqueira Leite, um dos envolvidos no esquema, em 9 de outubro de 2014, para mostrar que ele se reuniu com a c�pula do Bradesco naquela data.

O banco n�o nega o encontro, mas refuta a participa��o de Trabuco. Diz apenas que ele passou para "cumprimentar" os presentes.

Em outra intercepta��o, dois dos lobistas tratam da comiss�o pela tal "consultoria" —R$ 30 milh�es.

A Pol�cia Federal, por�m, n�o cita nenhum pagamento deste ou de outro valor por parte dos diretores.

"Parece-nos que a diretoria do Bradesco desconfiava de que o grupo estaria agindo para que o julgamento fosse desfavor�vel ao banco e que essa a��o seria uma retalia��o", diz um dos trechos do relat�rio, mas n�o esclarece as raz�es para a suposta retalia��o.

OUTRO LADO

Em comunicado ao mercado, o Bradesco afirma que foi pego de surpresa pelo indiciamento de tr�s integrantes da dire��o do banco, inclusive o seu diretor-presidente.

Segundo ao banco, dois diretores foram ouvidos como testemunhas e o presidente da companhia nem sequer foi ouvido "e tampouco participou de qualquer reuni�o com representantes do escrit�rio de assessoria tribut�ria" que � objeto do inqu�rito.

"A companhia informa que jamais prometeu, ofereceu ou deu vantagem indevida a quaisquer pessoas, inclusive a funcion�rios p�blicos, para encaminhamento de assuntos fiscais ou de qualquer outra natureza", afirma.

Segundo o comunicado do banco, os dois diretores ouvidos pela PF em S�o Paulo "esclareceram que foram procurados por escrit�rio de assessoria tribut�ria que se ofereceu para advogar uma quest�o fiscal junto ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais".

"Desses contatos n�o se efetivou qualquer proposta, contrata��o ou pagamento, mesmo porque a pend�ncia fiscal j� se encontrava sob o patroc�nio de renomados tributaristas."

O Bradesco afirma ainda que o processo que � objeto da investiga��o foi julgado em desfavor do Bradesco por unanimidade –6 votos a 0.


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