Nome de maior destaque do Foco Su��o programado nesta 41� Mostra Internacional de S�o Paulo, Alain Tanner era mais conhecido do p�blico brasileiro no final dos anos 1980, quando causou certo buchicho com "Uma Chama no Meu Cora��o" (1987), que n�o ser� exibido no evento.
Esse filme bizarro e explosivo mostrou aos espectadores brasileiros da �poca o estilo do diretor: fragmenta��o narrativa, uma leve desdramatiza��o dos eventos, uma c�mera que flagra com leveza de movimentos personagens sem esperan�a.
Para as novas gera��es, contudo, � um diretor pouco conhecido, a despeito de ser provavelmente o maior dos diretores do cinema moderno su��o (t�tulo que costuma dividir com seu contempor�neo Claude Goretta).
Internacionalmente, Tanner fez grande barulho com "Jonas que Ter� 25 Anos no Ano 2000" (1976, com estreia no Brasil s� em 1981), belo drama sobre o ocaso das utopias dos anos 1960 que teve uma esp�cie de continua��o, o menos bem-sucedido "Jonas e Lila, At� Amanh�", de 1999. Ambos est�o presentes na sele��o.
S�o sete filmes ao todo. O mais antigo � o bel�ssimo "A Salamandra" (1971), sobre uma jovem doidinha (Bulle Ogier, ador�vel), suspeita de tentar matar seu tio, que se envolve com dois aventureiros –meio intelectuais, meio cineastas amadores. Uma "cr�nica filmada em cores pretas e brancas", conforme o enunciado dos cr�ditos.
Outros grandes filmes de Tanner s�o "Messidor" (1979), sobre duas jovens garotas que erram pela Su��a, sem dinheiro, pegando caronas e cometendo pequenos crimes, e "Na Cidade Branca" (1982), em que Bruno Ganz � um mec�nico que desembarca do navio cargueiro onde trabalha em Lisboa, e l� resolve ficar.
Entre os selecionados, vale ainda destacar "Amantes no Meio do Mundo" (1974), longa que discute a xenofobia su��a mostrando um romance extraconjugal entre um pol�tico de um partido de direita e uma gar�onete italiana.
Completando a homenagem a Tanner, "A Anos-Luz" (1981) mostra o encontro de um jovem desencantado chamado Jonas (Mick Ford) com Yoshka (Trevor Howard), um velho tido como louco. Apesar de alguns momentos fr�geis no enredo, � outro belo filme.
Alain Tanner n�o tem uma carreira t�o rica quanto a dos outros homenageados da Mostra, Agn�s Varda e Paul Vecchiali. Seus melhores filmes s�o os que mostram atores e atrizes em estado de gra�a: Bulle Ogier em "A Salamandra", Cl�mentine Amouroux e Catherine R�tor� em "Messidor", Bruno Ganz em "Na Cidade Branca".
Mas seu cinema tem um n�vel de estranheza que tende a deixar-nos intrigados. Seus filmes n�o nos abandonam, e isso � uma qualidade e tanto.