Folha de S. Paulo


Literatura infantil tamb�m deve conter quest�es sociais, diz escritor

Bruno Santos-27.jul.2017/Folhapress
O escritor e professor Edimilson de Almeida Pereira participa de debate na Flip

Autores de literatura infantil deveriam deixar de menosprezar as crian�as e come�ar a produzir livros para elas que agreguem quest�es sociais, afirmou o escritor e professor Edimilson de Almeida Pereira, em debate na Flip (Festa Liter�ria Internacional de Paraty) neste s�bado (29).

Para o autor, a crian�a � um indiv�duo important�ssimo na estrutura social e, por isso, a produ��o liter�ria voltada a ela n�o deve ser tratada como nicho. "A crian�a n�o pode ser pensada em segmento isolado de uma ordem social complexa. Ela � um elemento importante da constitui��o da sociedade. Temas que est�o na chamada literatura para adulto devem reverberar na produ��o liter�ria infantil", disse.

A mesa "Ler o Mundo" fez parte da programa��o da Flipinha e tamb�m contou com a participa��o da escritora e professora Prisca Agustoni. Em um tom acad�mico, mas acess�vel, os autores discutiram as lacunas da literatura infantil e infantojuvenil brasileira e as possibilidades de ler o mundo a partir de outras linguagens, como a imag�tica e a oral.

A autora Prisca Agustoni ressaltou durante sua fala a import�ncia do trabalho do artista pl�stico na constru��o do livro infantil. Segundo ela, � a partir da imagem que a crian�a se fascina e faz sua primeira leitura do mundo, ainda antes da alfabetiza��o.

"A leitura � algo que vai muito al�m da leitura propriamente escrita. � muito importante ressaltar essa pot�ncia do artista para convidar a crian�a a um tipo de decifra��o do mundo que � anterior � alfabetiza��o", disse a escritora que, assim como Pereira, produz literatura tanto para crian�as quanto para adultos.

Os autores tamb�m discutiram um dos paradoxos de autores de literatura infantil: livros para crian�as e jovens devem divertir ou educar? Para Pereira, uma coisa n�o exclui a outra. "Divertir-se j� � um processo pedag�gico de aprendizagem. O modo que voc� organiza as coisas para ensinar algu�m a entender o mundo n�o tem que ser sisudo, ele pode ser divertido", diz o autor.

Outra dificuldade apontada na produ��o de literatura infantil � o fato de que existem muitas lacunas na pesquisa da realidade das crian�as. Na historiografia dos s�culos 16 a 20, segundo Pereira, a crian�a � tratada como um pequeno adulto, um indiv�duo secund�rio. Por conta disso, a maior parte da produ��o liter�ria infantil consistia em adapta��es e simplifica��es de livros adultos.

A partir do s�culo 20, come�ou-se a questionar e pesquisar a realidade de crian�as e jovens, mas ainda hoje, segundo o autor, a literatura infantil n�o se desprendeu completamente da adapta��o. "� preciso aprofundar um campo te�rico de estudo da literatura infantil. J� passou da hora de pararmos de adaptar textos de adultos para crian�as. N�s j� temos autores suficientes, bons autores, est� na hora de termos mais produ��o original", disse Pereira.


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