Elevados � condi��o de g�nios, cozinheiros viraram celebridades, s�o tratados pela afetada denomina��o de "chefs" e est�o em todo lugar, dos programas de TV ao cinema.
"Pegando Fogo" conta a hist�ria de Alan Jones (Bradley Cooper), que quer abrir simplesmente "o melhor restaurante do mundo" e conseguir as sonhadas tr�s estrelas do guia "Michelin".
Jones conquistou a segunda estrela em um restaurante parisiense. Mas o sucesso subiu-lhe � cabe�a, e ele se tornou irasc�vel com seus comandados e se afundou no �lcool e nas drogas. Anos depois, livre dos v�cios, tenta reconstruir sua reputa��o em Londres –algo pouco veross�mil na alta gastronomia.
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Bradley Cooper em cena de "Pegando Fogo" |
Na capital inglesa, ele monta uma equipe com jovens cozinheiros e come�a a busca pelo Santo Graal. Mas os fantasmas do passado n�o tardam a reaparecer: credores de Paris ressurgem para cobrar uma vultosa d�vida, e Jones mostra que continua arrogante e irritadi�o.
O filme, ali�s, d� muito mais espa�o ao temperamento neur�tico desse cozinheiro narcisista, arrogante e pretensioso do que �s supostas maravilhas gastron�micas que � capaz de produzir. Em suas frequentes explos�es de ira, Jones berra, xinga, quebra pratos, atira panelas e humilha quem estiver pela frente.
Esses surtos e a predile��o pela intimida��o lembram muito o brit�nico Gordon Ramsay –estrela de uma s�rie de programas de televis�o. N�o � coincid�ncia, j� que Bradley Cooper conversou bastante com Ramsay para compor o personagem.
O grande rival de Jones tamb�m se caracteriza pelos acessos de f�ria, destruindo mesas e cadeiras de seu pr�prio restaurante, cego de raiva e inveja do concorrente. � claro que a busca da excel�ncia pode ser estressante, mas o exagero � levado ao extremo.
A obsess�o pela perfei��o que o filme celebra � outro tolo excesso, pois ela se faz por meio da apologia da viol�ncia, da adrenalina. Obedece � motiva��o contempor�nea do sucesso a qualquer pre�o.
A cozinha � o principal cen�rio do filme e n�o se v� ningu�m tendo prazer em cozinhar. A elabora��o dos pratos, a discuss�o sobre ingredientes e outras especificidades da gastronomia, que seriam um aspecto importante em um filme com essa tem�tica, brilham pela aus�ncia.
Fren�ticas, fatiadas por uma montagem agitada, as cenas dos "chefs" em a��o n�o mostram nada al�m de tens�o e correria. Os alimentos aparecem em r�pidos primeiros planos, s�o meros figurantes e n�o um deleite para os olhos.
No meio dessa balb�rdia, a historinha de amor de Jones com Hel�ne (Sienna Miller), sua assistente, � mais uma gota num oceano de mediocridade. Redutor, cheio de clich�s e sem uma hist�ria para contar, o filme � intrag�vel.