Folha de S. Paulo


Espet�culo 'Tr�gica.3' em SP revisita hist�ria de hero�nas gregas

Guilherme Leme buscou aproximar trag�dia grega e show de rock em "RockAntygona", espet�culo encenado por ele h� quatro anos. Sua nova incurs�o no universo tr�gico procura produzir energia similar na plateia servindo-se sobretudo da for�a do discurso po�tico de tr�s hero�nas da Gr�cia antiga.

Em "Tr�gica.3", cuja estreia nacional acontece no s�bado em S�o Paulo, o diretor leva ao palco uma nova leitura de "Ant�gona", cl�ssico de S�focles, realizada pelo dramaturgo Caio de Andrade.

Adiciona a esta pe�a uma encena��o de "Medeamaterial", do alem�o Heiner M�ller, e a vers�o que o autor Francisco Carlos d� ao mito de Electra.

Lenise Pinheiro/Folhapress
Let�cia Sabatella e Fernando Alves Pinto executam a trilha sonora da pe�a 'Tr�gica.3'
Let�cia Sabatella e Fernando Alves Pinto executam a trilha sonora da pe�a 'Tr�gica.3'

Leme chamou grandes atrizes (Denise Del Vecchio, Let�cia Sabatella, Miwa Yanagizawa) para apresentarem os fragmentos por meio de performances independentes, cadenciadas por uma trilha executada ao vivo por Fernando Alves Pinto, Marcello H e a pr�pria Sabatella.

"A palavra � levemente cantada, acompanhada por uma m�sica muito delicada", diz ela, que toca piano e surdo em cena.

A atriz d� vida a Ant�gona, mulher que desafia o poder vigente para pregar contra a intoler�ncia e reivindicar o direito de enterrar seu irm�o.

"Numa sociedade de verdades absolutas, tem sempre algu�m que se questiona sobre a ordem imposta e leva adiante sua desconfian�a. Ant�gona � essa pessoa", diz Sabatella.

Ao mesmo tempo em que sua fala sobre o palco resguarda a f�ria da indigna��o, � envolta pela delicadeza que � pr�pria da linguagem l�rica. Seu discurso surge carregado de imagens simb�licas.

"Quando a tempestade devasta bosques e florestas com sua respira��o possessa e vingativa, � comum encontrar grandes �rvores no ch�o, tombadas, v�timas de sua r�gida altivez. Arbustos, no entanto, sobrevivem", diz em cena Sabatella, que construiu uma atua��o distanciada da personagem.

Leme afirma que existe uma t�nue separa��o entre as atrizes e as hero�nas interpretadas. As personagens n�o s�o encarnadas pelas atrizes, apenas as atravessam. "Let�cia, por exemplo, n�o � propriamente Ant�gona, mas uma atriz falando por meio do poema de Ant�gona", explica.

O encenador v� as hero�nas tr�gicas como v�lvulas de escape da sociedade. Cada uma, a seu modo, usa a for�a desmedida que possui para lutar contra a tirania.

"Elas n�o nos servem apenas como exemplo de conduta repreens�vel. S�o tamb�m expurgo dos dist�rbios sociais de um mundo completamente sem destino, que se esgota nas suas convic��es e transforma��es", diz Leme.

Sabatella diz crer que sua hero�na ser� a personagem de "Tr�gica.3"que mais vai gerar identifica��o com a plateia.

"Embora ajam de forma justificada, as vingan�as de Medeia e Electra podem ser vistas como aberra��es do comportamento humano. Ant�gona � mais pr�xima de n�s e nos relembra que o sagrado deve ser preservado em nosso mundo coisificado."

TR�GICA.3
ONDE CCBB, r. �lvares Penteado, 112, tel. (11) 3113-3651
QUANDO s�b. e seg., �s 20h, e dom., �s 19h; de 26/4 a 7/7
QUANTO R$ 10
CLASSIFICA��O 12 anos


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