Folha de S. Paulo


COB mapeia cem medalhistas e tenta tra�ar 'atleta ideal' para ir a p�dio

Editoria de Arte/Folhapress
Montagem de fotos
Montagem com fotos dos medalhistas ol�mpicos Isaquias Queiroz, Robert Scheidt, Arthur Zanetti, Cesar Cielo, Mayra Aguiar, Tiago Camilo, Martine Grael, Kahena Kunze, Leandro Guilheiro, Emanuel e Alison

Proativo, formal, afeito a riscos e determinado.

S�o essas as quatro primeiras constata��es de um estudo conduzido pelo COB (Comit� Ol�mpico do Brasil) que tenta tra�ar quais s�o as caracter�sticas de um medalhista em Jogos Ol�mpicos.

O mapeamento, que come�ou a ser feito em 2015 e foi acelerado a partir da Olimp�ada do Rio, tamb�m deve servir como refer�ncia para definir em quais atletas apostar nos pr�ximos ciclos ol�mpicos, diante de um cen�rio de contra��o econ�mica.

O COB, que operou um or�amento superior a R$ 700 milh�es no ciclo at� os Jogos do Rio, perdeu patrocinadores e teve de apertar o cinto.

"� preciso otimizar o recurso. Eu costumo falar que n�o adianta n�s acreditarmos no atleta, e ele n�o. Passaremos a ser muito criteriosos, nosso recurso � p�blico e � curto, n�o infinito", afirmou Sebastian Pereira, 41, gerente de identifica��o e desenvolvimento de talentos do comit�.

At� o momento, o comit� analisou mais de cem atletas que foram ao p�dio. Al�m da Rio-2016, participaram do levantamento vencedores de Londres-2012, Pequim-2008 e Atenas-2004.

A obten��o de dados se d� por meio de uma ferramenta de avalia��o comportamental muito usada para as �reas de psicologia e recursos humanos e, atualmente, j� incorporada ao esporte.

Os atletas recebem uma folha de papel separada por colunas. Cada divis�o tem t�picos de est�mulo –"como voc� �", "como voc� se v�", "como outros o veem"– e palavras que devem ser selecionadas para respond�-los.

As informa��es de cada esportista s�o, ent�o, inseridas em um software, que compila e processa os resultados.

Ele ainda mistura as constata��es obtidas ao banco de dados j� existente e da� tira a m�dia geral. Baseado nas mais de cem an�lises, o COB verificou que as marcas dos medalhistas s�o proatividade, formalidade, determina��o e tend�ncia a riscos.

Segundo Pereira, ele mesmo um ex-judoca, a ideia n�o � recriar conceitos ou revolucionar. Mas, sim, mesmo que por meio de m�todo sem comprova��o cient�fica, identificar par�metros de um atleta campe�o ou medalhista.

"Esse perfil n�o vai se tornar a nossa B�blia para definir em quem investir. Mas � pr�tico e pode nos dar respostas", afirmou Pereira, bronze no Mundial de 1999, em Birmingham, no Reino Unido.

Ele assinalou que as constata��es de que um competidor precisa de proatividade e determina��o para ser bem-sucedido s�o �bvias. No entanto, sistematizar o processo com uma metodologia ajudar� a definir projetos.

"A ferramenta traduz, de forma objetiva, o que vemos no dia a dia de forma subjetiva. Se um atleta se enquadrar nessas caracter�sticas n�o necessariamente quer dizer que ser� um medalhista, mas pode dar um indicativo. � mais uma informa��o que complementa", disse Pereira.

Alguns dos esportistas que se adaptam � discri��o foram destaques do pa�s nas �ltimas edi��es da Olimp�ada e se inserem no estere�tipo, como o nadador Cesar Cielo, o ginasta Arthur Zanetti e o velejador Robert Scheidt.

Todos eles se sagraram campe�es ol�mpicos entre os Jogos de 2004 e 2012.

INVESTIMENTO

O perfil comportamental deve adquirir uma import�ncia na hora de apoiar atletas.

O comit� tem investido h� alguns anos diretamente em atletas. Al�m disso, criou um programa chamado de "viv�ncia ol�mpica", no qual convoca jovens promissores para integrar a delega��o que vai � Olimp�ada.

Dos 16 talentos que foram a Londres, alguns ganharam medalhas na Rio-2016, como o cano�sta Isaquias Queiroz, o atirador Felipe Wu, a velejadora Martine Grael e o saltador Thiago Braz.

Pereira afirmou que o mapeamento vai servir de baliza para convoca��o de atletas para sele��es no futuro.

"Insisto na quest�o comportamental porque ela faz a diferen�a. N�s reclamamos dos americanos, dizemos que �s vezes s�o arrogantes, mas eles se colocam como os melhores. N�s precisamos cada vez mais de uma mentalidade vencedora", comentou.

O estudo ainda est� em andamento, ou seja, a expectativa � ampliar o leque de caracter�sticas e tamb�m auxiliar na identifica��o de talentos para as Olimp�adas de Paris-2024 e Los Angeles-2028.

Por isso, a �rea de Pereira vai submeter o mesmo question�rio aos 149 atletas brasileiros que disputar�o, a partir desta sexta-feira (29) os Jogos Sul-Americanos da Juventude, em Santiago, no Chile.

O evento � voltado para promessas entre 14 e 17 anos e serve de prepara��o para os Jogos Ol�mpicos da Juventude de Buenos Aires, em 2018.

"Para n�s, � rico porque, se identificarmos em jovens esse perfil, j� � um processo de identifica��o para o futuro", complementou Pereira.


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