Folha de S. Paulo


De Joaquim a Henrique

S�O PAULO - Quando Joaquim Levy assumiu a chefia do Minist�rio da Fazenda, um ano e meio atr�s, parecia a pessoa certa para a miss�o. Sem nenhum compromisso com os erros cometidos pelos petistas no primeiro mandato de Dilma Rousseff, ele era respeitado na pra�a e sabia o que fazer para arrumar as contas p�blicas e criar condi��es para que o pa�s voltasse a crescer.

Deu errado, como se sabe. Levy segurou as despesas do governo e passou os dias esmurrando pontas de faca na tentativa de convencer a presidente e seus colaboradores da necessidade de apertar os cintos. Desajeitado na pol�tica, ele ficou sozinho em Bras�lia e perdeu credibilidade quando todo mundo percebeu que Dilma n�o tinha a convic��o necess�ria para seguir a sua cartilha.

Levy tamb�m subestimou o tamanho do problema. Com a economia em recess�o, as receitas do Tesouro ca�ram mais do que ele previra, e o rombo nas contas p�blicas cresceu. Mas seu erro crucial foi de natureza pol�tica. Ele achava que os petistas n�o tinham outra sa�da al�m da aposta no seu programa. Em novembro, antes de completar um ano no cargo, Levy estava fora do governo.

A chegada de Henrique Meirelles ao Minist�rio da Fazenda alimentou esperan�as parecidas. Ele montou uma equipe qualificada e logo anunciou provid�ncias para frear os gastos do governo. Meirelles conta com o respeito dos investidores e goza da confian�a do presidente interino, Michel Temer, que depende dele como Dilma dependia de Joaquim Levy.

N�o se sabe se Temer cumprir� suas promessas de austeridade, mas o mercado exibe boa vontade com ele, porque aposta na sua capacidade de articula��o pol�tica. Na semana passada, enquanto Meirelles brigava para estabelecer em 2017 uma meta fiscal mais rigorosa do que a deste ano, o principal articulador do presidente interino, o ministro Eliseu Padilha, puxava para outro lado. Ele se retraiu no fim, mas deixou claro que Meirelles n�o joga sozinho.


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