Folha de S. Paulo


A dor vir� depois

S�O PAULO - Dias depois de anunciar que preparava medidas dolorosas para reerguer a economia, o presidente interino, Michel Temer, deu a entender que far� devagar as mudan�as que considera necess�rias.

Ao definir a meta fiscal de 2017, o governo fixou um deficit de R$ 139 bilh�es. Ele � menor do que o previsto para este ano, mas ainda assim gigantesco. Ao fazer isso, Temer procurou reafirmar sua determina��o de arrumar as finan�as do pa�s, mas deixou claro que o Or�amento continuar� no vermelho por muito tempo.

� um sinal evidente das dificuldades que o presidente interino tem encontrado para viabilizar politicamente as medidas necess�rias para equilibrar as contas do governo.

J� caiu a ficha para todo mundo que ser� dif�cil chegar a algum lugar sem aumentar impostos. A aprova��o de medidas que podem frear a expans�o das despesas do governo deve demorar, e qualquer plano de reforma da Previd�ncia que vier a ser apresentado enfrentar� obst�culos.

Temer e seus aliados tamb�m j� perceberam que n�o t�m for�a para convencer o Congresso a aprovar aumentos de impostos agora. A aposta do governo � que ter� condi��es de fazer isso mais tarde, em agosto, depois que o processo de impeachment de Dilma Rousseff acabar e Temer puder pregar seu retrato na parede.

Mas trata-se de uma aposta, somente isso. Da disputa pelo controle da C�mara dos Deputados � ansiedade provocada pelos empreiteiros que decidiram a colaborar com a Opera��o Lava Jato, h� in�meros fatores que tumultuam o ambiente pol�tico e o tornam mais imprevis�vel.

O mais prov�vel � que isso tornar� o ajuste das contas do governo ainda mais custoso. Depois que Temer concedeu aumentos a funcion�rios p�blicos, socorreu governadores endividados e deu dinheiro para a Olimp�ada, a fila � sua porta s� aumentou. Para o pa�s, a principal consequ�ncia desse processo dever� ser uma recupera��o lenta e pouco vigorosa do crescimento econ�mico.


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