Folha de S. Paulo


Tempo perdido

S�O PAULO - A presidente Dilma Rousseff desperdi�ou nos �ltimos dias todas as chances que teve para desanuviar o ambiente pol�tico e construir uma sa�da para a crise em que seu governo est� mergulhado.

Quando decidiu reduzir a meta fiscal deste ano, Dilma poderia ter aproveitado a ocasi�o para uma conversa franca com o pa�s, sobre os erros cometidos na condu��o da economia, as dificuldades atuais e o futuro. Em vez disso, mandou os ministros da �rea econ�mica explicarem a medida e deixou crescer a impress�o de que eles n�o se entendem muito bem, contribuindo para p�r em xeque a credibilidade de sua equipe.

Um dia depois, quando a Folha revelou que o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva buscara uma aproxima��o com seu antecessor, o tucano Fernando Henrique Cardoso, Dilma autorizou o ministro Edinho Silva a expressar entusiasmo pelo movimento e sugerir seu interesse em participar da conversa. Assim que petistas e tucanos bombardearam a iniciativa, Dilma achou melhor recuar e criticou a manifesta��o do ministro, como se nada tivesse com ela.

A presidente resolveu ent�o chamar os governadores dos Estados para um encontro em Bras�lia. Antes de definir com clareza a pauta e os objetivos da reuni�o, deixou que vers�es contradit�rias sobre suas inten��es proliferassem. Todo mundo entendeu o convite como uma tentativa de Dilma de encontrar s�cios para administrar a crise, pela qual nenhum deles se sente respons�vel.

Em seu discurso na abertura da reuni�o, a presidente afirmou que a economia voltar� a crescer antes do que os pessimistas imaginam, que o cr�dito voltar� a ser abundante, e que est� preparando o pa�s para um novo ciclo de expans�o do consumo.

Com um discurso t�o irrealista como esse, o mais prov�vel � que a encena��o promovida por Dilma sirva apenas para reduzir ainda mais sua credibilidade como interlocutora, uma das raz�es que t�m alimentado a crise que seu governo atravessa.


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